Algumas histórias de Ken Parker poderiam facilmente serem adaptadas para o cinema – e com certeza dariam bons filmes.
O episódio Os pioneiros, número 53 da série, é um exemplo. A história tinha toda a estrutura para se transformar num bom filme.
A trama começa com Ken Parker salvando um fazendeiro no meio de uma tempestade areia. O homem havia tentando ir para a cidade chamar um médico para o filho, que arde em febre. Pioneiro da região, ele viu o rio secar e toda a sua fazenda se transformar num verdadeiro deserto.
Trevisan dominava perfeitamente a narrativa visual. |
Essa história tem um enredo muito parecido com o de um filme famoso, Os brutos também amam: um desconhecido chega a uma fazenda com sérios problemas, passa a ser idolatrado pelo filho do casal e desperta a paixão da esposa do fazendeiro.
Mas Giancarlo Berardi traz questões e dilemas que vão muito além de Os brutos também amam. Uma das mais interessantes é caracterizar o fazendeiro como um pacifista, que jogou fora a única arma que tinha em casa. A trama toda gira em torno desse dilema: pode alguém pacifista continuar íntegro no meio de um ambiente bruto como o velho oeste?
A sequência em que Parker ensina o garoto a caçar é memorável. |
A edição traz momentos memoráveis: Ken Parker ensinando o menino a caçar; a esposa enlouquecida com a morte do filho mais novo; a própria tempestade de areia. Essas sequências são destacadas pelo ótimo desenho de Trevisan, com traços soltos e rápidos e ótima narrativa visual.
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