Sempre que leio a edição 50 de Swamp Thing, eu me lembro da música
Trem das Sete, de Raul seixas (“Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais”). A razão é
que Rauzito, da mesma forma que Alan Moore, usou a arte como metáfora para
discussões transcendentais e filosóficas. E, de certa forma, ambos contam a
mesma história. Assim, começo a resenha por essa dica de trilha sonora para a
história que talvez represente o ponto alto de toda a série do Monstro do Pântano.
Na edições anteriores, a sociedade secreta Brujeria forjara
uma pérola de medos e a enviara no bico de um corvo. O objetivo é acordar uma
antiga entidade capaz de destruir o paraíso. O que emergira do oceano
primordial era alto tão imenso que parecia uma enorme montanha. Como resultado,
dois exécitos se posicionam: de um lado os que defendem a criatura, do outro,
os que a combatem, incluindo demônios, como Etrigan (“Frente ao que se
aproxima, eles têm tanto a perder quanto nós. Mesmo o inferno tem uma situação
estabelecida”, explica o Monstro do Pântano).
A ameaça que se aproxima é incomensurável grande.
Na terra, magos reunidos por John Constantine tentam
canalizar suas energias para os combatentes, tendo Mento como guia (“Será que vocês
não entendem? Não podemos enfrentar aquilo! É maior do que conseguimos
imaginar, nos deixa insignificantes!”, descreve ele).
A criatura percebe que está sendo vigiada e reage. Um a um,
os magos reunidos por John Constantine começam a morrer queimados, mas eles
continuam agindo (o encanto exige que não se quebre a corrente, de modo que os
que estão do lado dos que morreram precisam continuar segurando sua mão).
Os magos são mortos um a um. Quem será o próximo?
Desse modo, Moore une duas tramas paralelas: os exércitos na
periferia do inferno e os magos, cada um com seu nível de suspense e drama, de
modo que é quase impossível parar de ler... até porque a ameaça literalmente
cresce a cada minuto. Os magos só conseguem ter uma visão melhor da criatura
quando Espectro cresce a um tamanho inimaginável e consegue agarrá-la. “Agora
ele enxerga a criatura inteira. É como uma... uma lesma em carapaça de besouro.
Um capuz de osso, do tamanho de um continente, protege a cabeça preta e cega”,
descreve Mento.
Espectro é o único que consegue ter noção do tamanho da criatura.
Um a um os heróis são absorvidos pela criatura: Etrigan,
Espectro, Senhor Destino... a cada um ela faz uma pergunta, e todos eles são
simplesmente cuspidos para fora. O único que entra espontaneamente é o Monstro
do Pântano, e para sua surpresa, o conselho do Parlamento das Árvores, que ele
até então achara inútil, é o que resolve tudo.
Não vou dar spoilers, mas posso dar uma dica sobre o final:
ouça a música de Raul Seixas.
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