A região norte tem uma rica mitologia, geralmente desconhecida pela maior parte da população. Essa mitologia é o assunto principal de Sete cores da Amazônia, um livro infantil na forma de quadrinhos com roteiro e cores de Ademar Vieira e desenhos de Tieê Santos.
O livro conta a história de Sarah, uma menina da periferia de Manaus que vai visitar a avó doente no interior. O primeiro ato é uma boa caracterização da periferia da capital do Amazonas, com suas casas de palafita sobre a água e o cotidiano de seus moradores. Destaque para a cena em que a menina brinca com um amigo percorrendo o lago repleto de lixo dentro da carcaça de uma geladeira.
Mas a história se torna realmente interessante quando a menina e sua mãe viajam para o interior. A peregrinação das duas, de barco, ônibus, carona em um caminhão em uma estrada repleta de lama, tudo é mostrado em detalhes de quem conhece a região e sabe retratá-la. No interior, a menina descobre um outro mundo, muito além deste, povoado por cobras grandes, curupiras e mapinguaris.
O livro segue em aventuras com tom poético até o final surpresa, mas absolutamente coerente.
Há de se destacar a arte e as cores em aquarela, que representam bem o olhar infantil da história. Outro aspecto que merece destaque é a fonte criada pelos autores para ser usado na capa do livro, que remete às pinturas indígenas.
O problema fica por capa, que enrola com o tempo. Uma gramatura maior tornaria o papel mais firme e evitaria esse problema.
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