No número 55 da série Perry Rhodan, o telepata Fellmer Lloyd
descobrira que dois mutantes terranos haviam se rebelado contra o império solar
e se aliado a saltadores. Se revelassem a posição da Terra, o perigo seria
extremo. Para piorar, os dois traidores ainda sequestram Thora.
No número 56, Rhodan vai pessoalmente ao planeta Volat
acompanhado de Gucky para resolver o problema.
Um outro resenhista já destacou um dos problemas do volume:
Thora, até então uma personagem forte e dominante, torna-se nesse volume apenas
a donzela a ser salva. O pior, nesse caso, é que o sequestro de Thora não
influencia em nada na trama, só acrescenta uma missão romântica para o herói,
que, com isso, deve não apenas salvar a humanidade, mas também sua amada.
A capa original alemã. |
O volume tem outros problemas, algumas coinscidências
oportunas que se aproximam de verdadeiros deus ex machinas. E isso acontece
tanto no sentido de ajudar Rhodan (incrível como o que era tão difícil antes
dele chegar se torna tão fácil depois), como outras que jogam contra o
personagem. À certa altura, do nada, um saltador do passado, abre uma porta e vê
Rhodan e o identifica, o que fará com que o computador regente de Árcon seja
avisado que a Terra e seu representante não estão mortos (daí o título do
volume, Os mortos vivem). É coincidência demais, num universo tão vasto, com
milhares de estrelas povoadas, uma das poucas pessoas que conhecem Rhodan abrir
uma porta por engano e descobri-lo. É algo conveniente demais para o roteiro,
já que o planejamento indicava que a partir do número 56 o computador já
deveria saber da existência da Terra.
Por seus problemas, esse seria um livro menor, não fosse ele
escrito por Clark Darlton, um dos melhores autores da série. Seu estilo sóbrio,
com frases curtas e alguns toques de humor, fazem toda a diferença.
À certa altura, por exemplo, o administrador de Volat descobre
que uma frota está vindo de Árcon para supostamente sufocar uma rebelião no
planeta – rebelião que ele não tem a menor ideia de qual seja. O texto:
“A tela apagou-se.
Subitamente Mansrin viu-se só.
Nunca estiver tão só em toda a sua vida”
Em outro trecho, o texto descreve um homem isolado no alto
de uma montanha sem poder escapar. Com poucas frases, Darlton consegue
expressar todo o seu sentimento de solidão: “Quando olhava para o céu, tinha a
impressão de estar sozinho no mundo. Em torno havia apenas o nada e o sopro
morno do vento”.
São trechos como esse que fazem esse livro uma ótima
leitura.
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