Uma agradável surpresa na Netflix é o filme mexicano O
Jeremias.
A obra acompanha a trajetória de um garoto de oito anos (o
Jeremias do título) que se descobre superdotado e precisa lidar com esssa
situação.
O filme é narrado pelo próprio Jeremias, uma estratégia do
diretor Anwar Safa que faz com que o expectador já simpatize com o protagonista
desde a primeira cena.
A família está assistindo a uma novela mexicana e, no meio
de uma sequência de um velório, o garoto pergunta: “Já repararam que ninguém
fala mal de um morto?”, ao que é repreendido pelos que querem assistir à atração.
“Desde que tenho memória, tive mais perguntas do que respostas”, diz em ele, em
off. Segue-se uma deliciosa sequências de flash backs do personagem nas quais
ele questionava o mundo ao seu redor (uma delas, por exemplo, mostra o garoto
chorando enquanto é acalantado pela mãe, que canta nana neném “Por que achavam
que cantar sobre um monstro que come crianças me faria dormir?”).
Essa sequência inicial serve tanto para apresentar o
personagem quanto para demarcar a diferença dele para o resto da família, todos
com baixo QI. É uma perfeita demonstração de como apresentar os personagens,
ambientar e ao mesmo tempo estabelecer o tema de uma obra, tudo de maneira
divertida e natural.
A diferença de Jeremias não é apenas com relação à família. Na
escola ele é escarnecido pelas outras crianças e alvo de irritação da
professora, já que ele questiona tudo. Sua salvação acontece quando ele,
correndo de garotos que o perseguiam, vai parar ao lado de dois homens que
jogavam xadrez na calçada de uma livraria. Os dois apresentam não só proteção,
mas também compreensão. quando Jeremias se revela um gênio do xadrez, o que
leva o dono da livraria a pagar para ele um teste de QI. É curioso que isso é
feito às escondidas, uma vez que o pai se recusa a acreditar que seu filho seja
um gênio.
Embora a vida de Jeremias pudesse ser um drama, afinal ele é
um gênio incompreendido, sua forma de ver o mundo faz com que o filme seja
suave e divertido. Afinal, é o olhar de uma criança.
Vale destacar a atuação incrível do garoto Martín Castro,
que consegue dar vida ao protagonista e, ao mesmo tempo, entregar uma atuação
que encaixa perfeitamente no clima da obra.
Em tempo: como logo percebemos no filme, Jeremias é um gênio
exatamente por ser alguém que sempre pergunta e não vergonha de dizer que
ignora algo. Exemplo disso é quando a professora pergunta algo a ele que não
foi ensinado. “Você não é um gênio? Deveria saber?. “Eu sou um gênio, não um adivinho”,
retruca ele.
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