Um dos temas prediletos
do diretor Billy Wilder é o de uma pessoa se fazendo passar por outra. Exemplos
disso são Quanto mais quente melhor (em que dois músicos se disfarçam de
mulheres para fugir de mafiosos) e Cinco Covas do Egito (em que um soldado
inglês se faz passar por um garçom egípcio para espionar os nazistas). Outro ótimo
exemplo é A incrível Suzana, em que uma mulher se faz passsar por uma garotinha
para pagar meia passagem no trem e voltar para casa após se decepcionar com
Nova York.
A questão da dupla
identidade constantemente foge do controle dos protagonistas e leva a cenas
constantemente equívocas, que podem e devem ser lidas de maneira dúbia.
Em Quanto mais quente
melhor, uma das melhores cenas é aquela em que Tony Curtis se faz passar por
tímido para conquistar Marilyn Monroe, que acredita estar conquisantando um
homem traumatizado por um relacionamento ruim. Cada gesto, cada palavra traz em
si dois sentidos diferentes. Em determinado momento, o herói finge fugir do
beijo da garota, quando na verdade, está
extasiado com o mesmo.
Em A incrível Suzana, ao ser descoberta, Suzana
(Ginger Rogers) entra na cabine do major Philip Kirby (Ray Milland), que
acredita que ela é uma criança (ou finge acreditar) e a trata como se fosse uma
sobrinha. A cena em que ela acorda com um raio e ele a conforta é repleta de
conteúdo sexual implícito e uma aula de como trabalhar o duplo sentido no
cinema.
Claro que isso só era
possível graças ao incrível talento de artistas como Ginger Rogers, Ray Milland, Marilyn Monroe e
Tony Curtis.
Em uma época em que o
cinema podia mostrar muito pouco, mestres como Billy Wilder brilhavam com a genialidade de diálogos
equívocos. Assim, uma premissa tola transformava-se em um grande filme.
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