O número 73 da série Perry Rhodan apresenta uma inovação narrativa interessante: cada capítulo é iniciado por uma notícia jornalística, a começar por um veículo do Ministério das Informações, mas também incluindo um jornal de oposição.
A trama gira em torno de três traidores que roubam uma nave
terrana com o objetivo de vender para os arcônidas a localização da Terra, o
que poderia levar a uma guerra entre o computador regente e Rhodan.
Escrito por Kurt Mahr, o volume pode ser incluído no ciclo
do Fera Cinzenta, já que os três traidores eram do grupo dos filósofos da
natureza, que já havia tentado implementar uma ditadura no planeta de colonos.
Outro personagem ligado à fera cinzeta é o primeiro-tenente Chellich, que havia
sido envido para o planeta para acompanhar os colonos. Na trama, os três
sequestram a nave e obrigam Chellich a pilotá-las até um planeta longícuo, mas
nas proximidades da frota arcônida.
Os arcônidas estavam no sistema isolado pois pensam que ali
é a localização da terra – e para explicar isso Mahr é obrigado a resumir o
plano de Perry Rhodan (estabelecido no número 71 da série): um cargueiro
fizeram um salto errado, mas no seu computador fora adicionada uma falsa
localização da Terra, no sistema Latin-Oor. Isso levaria o computador-regente a
enviar suas naves para lá afim de destruir o planeta.
Resumido por Mahr o plano parece ainda mais idiota. Afinal,
o gasto fora monstruoso, o plano mirabolante e no final, tudo ques se iriam
conseguir era enganar os arcônidas por alguns dias, pois assim que chegassem a
Latin-Oor eles perceberiam que não haveria nenhum planeta com vida ali.
Embora seja consequência de uma linha narrativa tola, Os
três desertores é um livro empolgante. Mérito de Kurt Mahr, que apresentou uma
evolução impressionante ao longo da série e aqui consegue costurar uma trama de
puro suspense, focada em Chellich. Acompanhamos passo a passo suas tentativas
de avisar Rhodan sobre o plano dos desertores e indicar a localização da
gazela.
O final, apoteótico, mostra o tenente no planeta, após
sofrer um ataque físico e um tiro, tentando a todo custo impedir os traidores
de emitirem a localização do nosso planeta: “Não enxergava dois metros à frente
dos olhos. Sempre que mordia os dentes, ouvia um rangido. Mas pouco lhe
importava que sentisse um ardor ou ouvisse um rangido. Uma coisa era tão ruim
quanto a outra. Seguiu cambaleando. Perdeu a noção do tempo. O cérebro foi
transmitindo automaticamente os comandos às pernas: esquerda... puxar a
direita. Gunter Chellich se parecia com uma máquina que só continuava a
caminhar porque alguém se esquecera de desligá-la”.
Numa fase em que a série parecia perder sua importância em
meio a tramas de pouco impacto, esse volume faz com que voltemos a nos
empolgar.
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