Se há um filme do qual não se poderia esperar nada é Emoji, de Tony Leondis (2017). Afinal, os emojis são um símbolo da superficialidade e banalidade das redes sociais. Um filme sobre eles só poderia refletir essa banalidade.
Mas Emoji – o filme, surpreende, por levantar discussões profundas sobre essas mesmas redes sociais e sobre um mundo em que tudo é aparência. Mais ainda: é uma ótima reflexão sobre os papeis sociais assumidos pela pessoa em sociedade.
O protagonista é Gene, um emoji que deveria representar o “Eh”, a indiferença diante dos fatos. Mas Gene, ao contrário de outros emojis, é capaz de demonstrar diversas emoções. O envio de uma mensagem com Gene cria um desastre que poderá fazer com que o rapaz dono do celular resolva resetá-lo, o que provocaria a morte de todos os emojis.
Gene passa a ser caçado por robôs anti-vírus enviados pela vilã Sorridedente. No processo conhece a mãozinha do “Toca Aqui” e uma hacker chamada Rebelde, que pode “consertar” seu defeito, mas para isso eles precisam sobreviver aos ataques do robôs e chegar ao Dropbox.
Essa trama é usada para discutir como as pessoas se alinham aos papéis sociais mesmo que isso vá contra sua essência, algo que foi feito pelo pai de Gene. A sociedade espera que o protagonista seja indiferente, mas ele transborta emoções. Em sua jornada ele descobrirá como construir sua identidade fugindo do papel que a sociedade lhe impôs.
A saga de Gene é uma metáfora que reflete sobre as próprias redes sociais em que as pessoas criam personas para seus seguidores e muitas vezes guiam sua vida a partir dessa personas e do que se espera delas. A metáfora não é escancarada, mas tem várias pistas. À certa altura, por exemplo, Gene e Toca Aqui entram no Facebook e Gente comenta que o dono do celular tem muitos amigos, ao que a mãozinha responde que ele nem mesmo conhece essas pessoas: “o importante não é ter muitos amigos, mas ter muitas curtidas”.
Além disso, outra personagem importante, a Hacker Rebelde, também é alguém que está fugindo do papel social que lhe foi destinado.
Emoji consegue balancear essas reflexões com uma narrativa que agrada tanto adultos quanto crianças (meu neto adorou).
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