domingo, março 31, 2024

Fundo do baú - O bem-amado

 


Nenhuma série  de televisão conseguiu sintetizar tão bem a política brasileira quanto O bem-amado, de Dias Gomes. Exibida de 1980 a 1984, era baseada numa novela do próprio Dias, de 1973 e, por sua vez, era baseada numa peça de teatro da década de 60. Dias Gomes usava o humor para criticar, de maneira genial, a ditadura militar e a classe política brasileira.

Na história, Odorico Paraguaçu (interpretado por Paulo Gracindo) era um típico coronel do interior da Bahia que domina completamente a política da região.  Sua obsessão é inaugurar o novo cemitério da cidade, mas há um problema: ninguém morre em Sucupira. Na história original, Odorico é morto pelo seu jagunço Zeca Diabo (Lima Duarte), sendo, ironicamente, o cadáver que inaugura o cemitério.

Na década de 80, Dias Gomes ressuscitou a história, mudando o contexto e ampliando muito a trama (os personagens chegam a viajar para Nova York) e usando o pano de fundo para criticar tudo que ocorria na política nacional.

Odorico era famoso pelas frases de efeito e pelos neologismos, como “Vamos botar de lado os entretantos e partir logo pros finalmentes”, “Pra cada problemática tem uma solucionática”, “mormente”, “apenasmente” e “bastantemente”.

Além de Odorico e Zeca Diabo, o seriado contava com outros personagens marcantes, como as irmãs Cajazeiras, que idolatravam Odorico e o defendiam mesmo quando fazia as piores barbaridades, e o tímido e gago secretário Dirceu Borboleta, seu puxa-saco oficial.

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