O faroeste foi durante décadas um gênero caracterizado pelo maniqueísmo. De um lado, mocinhos ilibados, totalmente bons, e do outro, foras-da-lei que eram punidos por suas maldades ao final da história. Jonah Hex colocou essas princípios de cabeça para baixo, mostrando uma visão crua do velho oeste, como podemos ver na história A enforcadora, publicada em Weird Western Tales 17.
A história começa com um bando de ladrões, liderados por Delvin Dinamite, assaltando um banco. Como o próprio nome sugere, eles usam dinamite para explodir o prédio e até mesmo o xerife.
"Matanças e roubos não perturbam sua refeição?" |
Enquanto isso, Hex está jantando num sallon. “Matanças e roubos não perturbam sua refeição?”, pergunta o dono do local. “Não! Agora cala a boca e me dá mais café!”.
Essa sequência, com o protagonista frio, jantando calmamente enquanto um assalto acontece, por si só já quebra muito dos paradigmas do gênero.
Mas Hex acaba se envolvendo quando uma velha rica o contrata para caçar os assaltantes. A mulher é a Juiza Hatchet, também chamada de enforcadora. Todos os crimes locais são julgados por ela e a punição invariavelemente é uma só: a forca.
A juiza Hatchet é conhecida como "A enforcadora". |
Hex, claro, consegue alcançar os assaltantes, que acabam mortos na troca de tiros. Só um sobrevive para ser enforcado pela juíza Hatchet.
Até então, apesar da crueza do roteiro, temos algo próximo dos padrões do faroeste. A segunda parte da história, na qual Hex descobre o lado sombrio da juíza, traz uma reviravolta. Ela manda queimar as casas dos fazendeiros que se negam a vender sua produção para ela.
Os bandidos não têm nenhuma chance contra Hex. |
Essa inversão vai num crescendo até o final, com uma tremenda ironia do destino: a enforcadora morre enforcada.
O roteiro cru e revolucionário de José Albano ganha ainda mais impacto e se torna ainda mais revolucionário com os desenhos do filipino Tony DeZuniga, cujo traço repleto de ângulos estranhos causa uma estranheza desde a primeira olhada.
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