Até o ano de 1983 o time da Índia só havia ganhado uma única partida no campeonato mundial de críquete. Mas, naquele ano, indo contra todas as expectativas, a Índia não só ganhou partidas como se tornou campeã mundial com um time de desconhecidos.
É a história desse milagre esportivo que o diretor Kabir Khan conta em 1983 – Os campeões do mundo de críquete, filme disponível na Netflix.
O críquete é um esporte muito estranho, especialmente para nós brasileiros. É uma espécie de baseball no qual os jogadores usam calça e camisa social. Além disso, o placar não é a pontuação de um time versos a pontuação de outro time, o que, para quem não está acotumado, dificulta perceber quem está ganhando.
Esses aspectos podem afastar muitos expectadores, mas quem persistir encontrará uma obra divertida e emocionante ao mesmo tempo.
Acompanhamos o time comandado pelo esforçado capitão desde a saída da Índia, quando são escarnecidos pelos próprios indianos, a chegada na Inglaterra, onde são ridicularizados pelos ingleses, até as primerias vitórias. A direção e o roteiro transformam todas essas dificuldades em humor, dando leveza ao filme. Outras oportunidades de humor surgem a partir das diferenças culturais entre ingleses e indianos – em especial os vegetarianos.
O filme tem outro mérito: ele mostra como o esporte pode ser um elemento de integração nacional e promoção da paz.
Na época a Índia vivia um violento conflito interno entre indus e mulçumanos, no que estava se transformando praticamente numa guerra civil. Quando a seleção de críquete avança para a semi-final, os conflitos cessam.
Uma sequência é representativa disso. Um velhinho e seus filhos sofrem para conseguir consertar a antena e ver o jogo, evitando uma patrulha de inimigos que passa na rua. No meio do jogo, os soldados batem na porta. O medo na expressão dos moradores é visível. Mas os soldados só querem saber qual era a pontuação da Índia. No final, todos estão ali, juntos, assistindo ao jogo.
1983 é uma grata surpresa.
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