Uma das características da passagem de Alan Moore pelo Monstro do Pântano foi usar as histórias como metáforas sociais. E o momento mais marcante disso é quando Abbe Cable é presa por seu envolvimento com o Monstro do Pântano. Ela é a acusada de crime contra a natureza. A situação, obviamente, é usada para se referir a todas as formas de relacionamento que foram ou são consideradas crime em algum local, a exemplo da homossexualidade, que até 1967 era considerada crime na Inglaterra. De forma mais ampla, a metáfora pode servir para qualquer outro tipo de relacionamento não convencional.
Essa situação dá origem a uma trama que tem início em Swamp Thing 51.
Abbe é presa por "crime contra a natureza". |
Nessa história, Abbe está presa e passa pela audiência de instrução. A fala do juiz é mais um daqueles momentos de Moore deixa clara sua metáfora: “A polícia me diz ter provas de que a senhora teve relações íntimas com um ser não-humano. Inacreditável. Mas como a senhora parece se recusar a negar que as tenha tido, não tenho escolha a não ser interpretar esse sórdido caso apenas pelo que ele aparenta. Preciso também levar em conta que a senhora trabalha com crianças...”. O episódio é uma clara alusão às tentativas, feitas por conservadores, de relacionar a homossexualidade à pedofilia.
Após ser solta, ela foge da cidade. |
Desperada, vítima de assédio, Abbe resolve fugir. Acaba escolhendo um ônibus logo para Gothan City.
Paralelo a isso, o Monstro do Pântano volta à terra (depois da batalha na periferia do inferno) e descobre que sua amada desapareceu.
Essa é uma edição morna, de preparação, mas mesmo assim consegue ser atrativa principalmente graças ao texto primoroso de Moore. Uma curiosidade é que essa HQ é a primeira desenhada por Rich Veidt, um cara vindo do underground, e arte-finalizada pelo filipino Alfredo Alcala.
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