A mulher da Janela, filme de Joe Wright baseado no livro homônimo de A.J. Finn conta a história de uma psicóloga com agorafobia (medo de lugares abertos) que fica trancada dentro de casa, bebendo vinho e assistindo filmes antigos.
Sua rotina é quebrada quando uma nova família muda para a casa em frente. O filho a visita, depois a mãe e fica óbvio desde o início de que há algo errado ali. A trama vai num suspense até que a protagonista vê a mulher sendo aparentemente assassinada pelo marido.
Mas à medida em que a trama se desenrola, tudo que a protagonista viu parece ser uma alucinação. A esposa aparece viva (mas é outra pessoa), o rapaz que a visitou diz que ela nunca conheceu sua mãe. Como está tomando remédios controlados e misturando com álcool, tudo pode ser imaginação. Ou não? Esse é o desafio que o filme apresenta ao expectador.
A coisa mais óbvia para mim quando assisti foi esse filme é a semelhança absurda com a trama de Janela indiscreta, filme de 1954, de Alfred Alfred Hitchcock. Nesse filme, um fotógrafo quebra uma perna e, enquanto se convalece, usa seu equipamento para espionar os vizinhos – até que isso o leva a presenciar o um suposto assassinato. A semelhança entre os dois filmes é enorme: protagonistas presos em suas casas observando vizinhos e presenciando o que parece ser um assassinato. Fiquei inclusive aguardando os créditos, esperando alguma referência ao filme de Hitchcock, que não veio.
Plágio ou referência? Pós-modernidade?
Discussões à parte, a mulher da janela apresenta uma direção competente, que explora muito bem o suspense, deixando o tempo todo a dúvida sobre se o que está acontecendo é ou não real e traz algumas opções narrativas muito interessantes. À certa altura, por exemplo, a protagonista revive o acidente que provocou o trauma responsável pela agorafobia. E o carro aparece no meio de sua sala, com neve caindo em volta.
Mas aí chegamos ao final. A virada é realmente interessante e poderia tornar esse um dos filmes mais célebres de psicopatas assassinos. Mas exatamente nesse ponto percebemos que diretor e roteirista gastaram muito tempo trabalhando a heroína e esqueceram de dar motivações reais ou mesmo profundidade ao assassino ou de plantar pistas do que realmente estava acontecendo. A revelação final cai assim como um deus ex machina.
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