Quando o personagem Jonah Hex surgiu, no número 10 da revista All-Star Western, em março de 1972, foi uma revolução nos quadrinhos de faroeste.
Até então, a maioria dos quadrinhos mostrava mocinhos bonitos, cujo cabelo nunca despenteava e que atiravam na arma dos inimigos para desarmá-los.
A primeira imagem da história, uma splash page do filipino Tony DeZuniga, já quebrava totalmente com o estereótipo dos heróis quadrinínsticos, como Roy Rogers. O desenho mostrava Jonah montado em seu cavalo, arrastando pelos pés os cadáveres de dois bandidos que ele havia liquidado a serviço dos endinheirados da cidade.
A primeira página já mostrava o quanto a série era revolucionária. |
O texto, de John Albano, dizia: “Matador a sangue frio, degenerado, demônio impiedoso, sem sentimentos ou consciência... um homem consumido pelo ódio... esse era Jonah Hex!”.
Nas páginas seguintes, quando vemos o personagem de perto, percebemos que a diferença dele para os heróis clássicos é ainda maior do que aparecia na página inicial. Ele tem um lado do rosto completamente deformado, os dentes à mostra, os olhos esbugalhados. Ao contrário dos mocinhos da década de 1950, Hex era sujo, feio e mal-educado. Em outras palavras, era o cowboy ideal para uma nova época, em que o faroeste americano perdia cada vez mais espaço para os bang bang italianos, repletos de anti-heróis, como o personagem sem nome de Clint Eastwood na trilogia de Sérgio Leone ou Django, de Sergio Corbucci.
O personagem era muito diferente dos cowboys convencionais dos quadrinhos. |
Na história, Hex persegue uma gangue de malfeitores e, quando consegue eliminar todos e pega o pagamento, decide ficar na cidade, para horror dos cidadãos de bem, que conseguem convencê-lo a ir embora. "Ufa!”, diz um dos endinheirados. “Um selvagem como ele morando entre pessoas civilizadas como nós? Jamais!”.
A história termina com ele visitando uma família que ele havia ajudado e sendo escorraçado pela mulher: “Atirei no seu chapéu para mostrar que não é bem-vindo por aqui!!.
O personagem é um anti-herói, rejeitado pela sociedade. |
Ao final, ele passa pela placa “Bem-vindo a Paradise Corners” e a destrói com um murro.
Era um final perfeito para um personagem que se tornaria tão popular a ponto de ganhar revista própria com quase uma centena de números.
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