“Joe, eu tenho uma idéia para um novo personagem. Um ás da aviação, rabugento, que tem derrubado mais aviões inimigos que todos os os outros pilotos do seu grupo juntos”. Foi com essas palavras que o escritor Robert Kanigher apresentou o personagem Ás inimigo ao desenhista Joe Kubert.
As histórias desse anti-herói se passavam em plena I Guerra mundial, uma época em que os aviões eram feitos de lona, madeira e cabos e a batalhas aéreas eram focada principalmente nas estratégias. O personagem era um aviador alemão.
Ao receber o primeiro roteiro, Joe Kubert, empolgado, vasculhou bibliotecas e livrarias em busca de referências visuais: “Eu queria que os leitores aceitassem o Ás inimigo como algo realmente crível, assim como eu havia aceitado a premissa da história”.
O personagem era um solitário, que tinha como único amigo um lobo. |
A primeira HQ do personagem, publicada em Our Army At War 151 mostra que tanto Kubert quanto Kanigher conseguiram o objetivo.
A história inicia com um avião francês em queda livre, o motor expelindo fumaça, enquanto, no canto superior, o ás inimigo aparece em close. O texto diz: “Como um frágil pardal, o avião inimigo sucumbe sob a dupla artilharia de minha espandus... o francês foi um galante oponente. Está me saudando através da fumaça!”.
O objetivo da história nitidamente é apresentar o personagem, tanto que não é há um adversário claro.
Descobrimos, por exemplo, que até o serviçal considera o protagonista um assassino frio, capaz de dormir tranquilamente logo após matar diversos homens. Descobrimos que ele não se sente feliz nem nos braços de uma bela enfermeira, nem na companhia de outros pilotos e nem mesmo quando recebe mais uma condecoração: “Quando recebi a cruz de ouro também me senti sozinho!”.
A série era muito competente ao mostrar as estratégias usadas durante as batalhas aéreas. |
Aparentemente ele tem um único amigo, um lobo encontrado durante uma caçada. “Os outros animais o chamam de máquina assassina também?”, pergunta ele ao lobo.
Algo que chama atenção, além do traço belíssimo e da pesquisa minunciosa de Joe Kubert, é a forma como Kanigher consegue mostrar perfeitamente as estratégias usadas pelo protagonista para derrubar aviões inimigos. À certa altura, por exemplo, ele está escoltando um zepelin quando este é atacado por três aeronaves. Von Hammer derruba o primeiro e, enquanto o segundo o persegue em volta do zepelin, ele dá a volta e a pega o terceiro desprevenido.
Não por acaso, Ás inimigo é um dos trabalhos mais célebres da dupla Kanigher-Kubert.
No Brasil as histórias desse personagem foram reunidas em um álbum da Opera Graphica.
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