Sasha Grey era uma garota meio nerd que queria ser atriz pornô, apesar de não se encaixar no gênero gostosona. Conseguiu, depois aposentou-se e tornou-se atriz e escritora.
Juliette Society é seu primeiro livro e mostra que existe sim, vida inteligente no mundo pornô.
O livro é bem escrito, com uma prosa leve, mas nem de longe pobre.
O Julliete Society do título é uma organização secreta da qual participam os homens que mandam no mundo.
O nome é uma referência a um dos romances mais famosos do Marquês de Sade, Justine. Julliete é a irmã devassa da pudica Justine. Na obra de Sade, enquanto Justine é castigada pelo destino, sua inocência sendo constantemente punida, Julliete é brindada com o sucesso quanto menos inocente e mais sexualizada se mostra.
O capítulo que explica o título mostra bem que se trata de um livro diferente da maioria dos eróticos. Sasha Grey (cujo pseudônimo é uma homenagem ao romance O retrato de Dorian Gray) discorre sobre história, filosofia, literatura. E cinema. A protagonista é uma estudante de cinema, o que leva a diversas citações e referências a obras famosas da sétima arte, como A bela da tarde, de Buñuel.
Na verdade, o livro funciona pouco do ponto de vista do erotismo. É mais um triller usando como fundo o conhecimento da autora sobre o meio pornô recheado de filosofia, cinema e literatura.
A parte menos interessante é o final, mal-amarrado, em que o livro, que até então ia em pleno realismo, flerta com o fantástico.
Ainda assim, vale a leitura.
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