domingo, setembro 29, 2024

Monstro do Pântano – Toda carne é erva

 

 
Um dos diferenciais da passagem de Alan Moore pelo Monstro do Pântano são as ideias radicais e revolucionárias experimentadas por ele no título. A mais radical de todas talvez tenha sido a publicada no número 61 da revista.

Nos números anteriores, o personagem está vagando entre planetas, tentando voltar para a Terra, cujo campo bioelétrico não permite sua presença. Ele ouve falar de um planeta, J586, que pode ajudá-lo e se encaminha para lá.

A história começa com um casal de vegetais apaixonados. 


O que ele não sabe é que o planeta é todo composto por uma flora consciente e racional. Ao adentrar no planeta, ele se transforma num monstro enorme composto por milhares de seres. A cacofonia de vozes faz com que ele perca o controle, destruindo a cidade.

A chegada do Monstro é antecipada de várias sequências que mostram algumas das pessoas que serão aglutinadas no seu corpo. Há um casal enamorado sendo mostrado em fertilização (“Na lindamente mobiliada cavidade que alugam no nono andar, Locuss e Disma se acasalam. Fazem isso entre biombos de pele pintada para não constranger o quarto”); um pastor que perdeu a fé (“Fito o olho de meu semelhante e O está lá... Imrel não acredita mais nisso”) e uma artista que trabalha com animais geneticamente modificados, como um grupo de peixes unidos pela boca.

Ao encorporar, o Monstro acaba aglutinando em si vários indivíduos. 


São esses personagem que irão protagonizar a jornada do terror, cada um tendo sua vida modificada de alguma maneira pela experiência.

Enquanto isso, o Monstro resultante arrasa a cidade e se aproxima do viveiro das crianças. Não há como detê-lo sem destruir as pessoas que o compõe. Quem acaba resolveno da situação é Medphyl, o Lanterna Verde do planeta, que acabou de perder seu mestre e sente dúvidas sobre suas capacidades. O encontro com o Monstro do Pântano irá se tornar para ele uma jornada de auto-conhecimento e uma forma de lidar com a morte.

Moore consegue construir muito mais do que uma história de ficção científica. Sua trama é repleta de camadas e ensaios sobre uma cultura diferente da nossa, à exemplo do seguinte trecho: “Medphyl se deleita imerso na presença do mentor, lembrando-se de seu humor e sua bondade. Jothra comia apenas animais, nunca a carne de vegetais inferiores”.

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