sábado, setembro 28, 2024

O Fantasma – a série que mudou o personagem

 


No ano de 1989 a editora Globo lançou uma minissérie em quatro partes do Fantasma que se tornou célebre por uma série de razões. A primeira delas é que a partir daí o herói começou a ser publicado no Brasil na sua cor original, azul. Quando o personagem chegou aqui não havia referências de cor e os editores usaram vermelho, que dava menos problemas de impressão. Durante anos o Fantasma foi vermelho. Só a partir de 89 ele começou a usar as cores originais.

Mas as razões iam muito além disso. O roteiro ficou por conta do competente Peter David e os desenhos ficaram a cargo do veterano Joe Orlando e ecoava diretamente a revolucionária série Watchmen. Primeiro porque a história girava inteiramente ao redor de piratas. E Watchmen tinha um gibi dentro da história chamado Contos do Cargueiro Negro que, segundo os textos de Alan Moore, era desenhado por... Joe Orlando! Para aumentar ainda mais a conexão entre as obras, as ótimas capas de Orlando eram arte-finalizadas por Dave Gibbons, desenhista de Watchmen.

Joe Orlando, o desenhista da série, era também o desenhista da imaginária série sobre piratas em Watchmen. 


A narrativa também era revolucionária. Nela,o garoto Rex está lendo, escondido, os diários dos fantasmas, e se depara com as anotações do 14º Fantasma contando como seu pai, o 13º Fantasma, morreu. Enquanto isso, o fantasma que conhecemos, o 21º, enfrenta um grupo de piratas que são descentes daqueles que provocaram a morte de seu antepassado. A narrativa flui de maneira paralela, uma trama refletindo a outra. Era perfeito porque, embora a narrativa refletisse todas as experimentações narrativas da década de 1980, unia isso ao saudosismo.

A história gira em torno de duas tramas paralelas. 


O único problema dessa edição é que as legendas, que reproduzem as crônicas do Fantasma, foram produzidas em letras cursivas. No formatinho, ficou praticamente impossível de ler. É surpreendente que, com tantas republicações, nenhuma editora tenha pensado em publicar esse material no formato original.

A série unia saudosismo com iovações narrativas. 


Em tempo: eu tive o gibi na época, mas acabei perdendo numa das muitas mudanças. Só consegui novamente graças ao amigo Alan Yango, da Banca Planeta, em Belém.

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