quinta-feira, outubro 10, 2024

Perry Rhodan – Avanço para Árcon

 


O principal motor do primeiro ciclo da série Perry Rhodan é o encontro dos arcônidas Crest e Thora na Lua. E durante anos os dois insistiram para que Perry Rhodan os levasse de volta ao seu planeta natal, Árcon. Entretanto, sempre ocorria algo que atrasava esse retorno. Quando finalmente isso acontece, no número 38 da série, acaba se revelando uma decepção.

A importância desse volume é destacada até mesmo no texto: “Rhodan não quis arriscar-se que nesse momento importante, talvez o mais importante da história da humanidade, um dos homens perdesse os nervos”. Em, em outro trecho: “Rhodan sentia-se dominado por um certo nervosismo, que procurou ocultar aos outros. Ali se estendia diante dele o coração do Grande Império, a organização mais poderosa da história galáctica conservada na memória dos homens”.

Na história, Rhodan usa a Ganymed, uma nave tomada dos saltadores para ir até o Árcon. “Se resolvo fazer uma visita a um certo Mr. Thompson, que nunca vi, não usarei o terno que já foi dele, dizendo simplesmente que posso ficar com ele por tê-lo tirado de outra pessoa. Isso seria contrário às regras da diplomacia”, diz Rhodan, explicando porque não usaram a Stardust.

A capa original alemã. 


Mas, apesar dessa precaução, a recepção é fria, apesar do fato de Thora e Crest serem da família imperial. Árcon envia uma nave para rebocá-los a um dos planetas periféricos. “Quem imaginaria uma coisa destas! Esperávamos uma marcha triunfal e estamos sendo rebocados que nem um calhambeque”, reclama Bell.

A razão é que o imperador de Árcon fora substituído por cérebro eletrônico, de modo que todos da família imperial caíram em desgraça. 

Claro que isso é um artíficio narrativo. Se fossem recebidos como amigos em Árcon por um parente de Crest e Thora, a história da série praticamente sofreria uma paralisação, ou perderia o interesse. Ao colocar um computador frio e calculista no domínio do império, K.S. Scheer, o responsável pelo plot da série nesses primeiros ciclos, criou o gancho para dezenas de histórias, nas quais Rhodan luta contra o computador regente de Árcon. Aliás, nesse sentido, o volume é tão importante que, se os autores já tivessem naquela época, noção da longevilidade da série, esse volume seria o início de um ciclo.

Apesar de acontecer muito pouca coisa, essa edição específica vale principalmente pelos detalhes a respeito da cultura arcônida, destrinchada desde aspectos linguísticos até arquitetônicos. “Para indicar sua graduação, Novaal usou a palavra reekha, que na língua deles significa dirigente. No meu tempo esse título não existia. Quem realmente chefiava uma nave de guerra era um has´athor, isto é, um almirante, ou simplesmente o verc athor, que vem a ser comandante”, explica Crest à certa altura.

Também é explicado que os prédios arcônidas são construídos na forma de funil invertido, forma considerada ideal para manter a privacidade.

Algo muito curioso nesse volume é que os decandentes arcônidas são retratados como romanos. Uma dessas características em comum: os arcônidas passam a maior parte do tempo deitados, o que mostra a decadência e falta de ânimo dos mesmos. Na Roma antiga os patrícios faziam até refeições deitados.  Aliás, Árcom, tirando a letra C torna-se um anagrama de Roma. Coinscidência?

O volume é escrito por Kurt Mahr, o autor mais fraco dessa primeira fase, mas à essa altura ele já lapidara muito o seu texto, evitando, principalmente, as descrições confusas que constumavam dominar sua narrativa.

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