Eu tentei ler Cem anos de solidão, o clássico
de Gabriel Garcia Marques, duas vezes. Nas duas vezes me roubaram o livro (deve
ser o livro mais roubável de todos os tempos). Depois dessas duas vezes, eu
desisti. Agora, muitos anos depois, resolvi dar uma chance à história,
assistindo a série da Netflix. E me arrependi de não ter tentando ler o livro
pela terceira vez.
A história gira em torno da cidade da Macondo
e da família fundadora, os Buendía, formada inicialmente pelo casal José
Arcádio e Ursula.
Cem anos de solidão é um clássico do realismo
mágico e isso fica muito claro desde o início, com sequências que parecem
sonho. Aliás, é graças a um fato sobrenatural que o casal resolve fundar uma
nova cidade: o espírito de um homem morto por José Arcádio os persegue a todos
os lugares e eles resolvem ir o mais longe possível, levando consigo vários
jovens da aldeia.
A história vai se desenvolvendo, sempre
misturando fatos históricos, como rebeliões de fato ocorridas na Colômbia, e
fatos mágicos, como uma epidemia que teria acometido os habitantes do vilarejo,
fazendo que eles não conseguissem mais dormir, o que tinha como efeito
colateral o esquecimento a ponto de eles precisarem deixar recados de placas
para se lembrar do que eram coisas simples, como uma mesa.
Eu não poderia deixar de ler pelo menos uma
parte da obra antes de escrever essa resenha, e o que percebi é que a
narrativa, na literatura, é extremamente complexa, com idas e voltas e fatos
narrados de forma não cronológica. Os roteiristas acetaram ao tornar a
narrativa mais cronológica, facilitando o entendimento do expectador.
O livro se estende por sete gerações da
família Buendía, de forma que foi um acerto o formato de série, que permite um melhor
desenvolvimento. Para se ter uma ideia, a primeira temporada é focada basicamente
na primeira e na segunda geração.
Para ceder os direitos, os herdeiros de Gabriel
Garcia marques exigiram que a série fosse gravada na colômbia, um dos muitos
acertos da atração. A equipe, incluindo direção e roteiro, também é composta
por colombianos ou latino-americanos. Assim, evitou-se o que seria o maior pecado
nessa adaptação: a América Latina mostrada de um ponto de vista colonial e não
de seu povo.
Se posso dar um conselho, é este: assista. No
final, você estará tão envolvido com os dramas da família Buendía que estará
ansioso pela segunda temporada.
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