quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Blueberry – O cavalo de ferro

 


O sétimo álbum da série Blueberry, o Cavalo de ferro, inaugura um novo ciclo nas histórias do personagem.

A história se refere a um fato real da história dos EUA: a construção de uma ferrovia que iria cortar o país de leste a oeste. O governo havia contratado duas empresas: a Union Pacific e a Central Pacific. Cada empresa é livre para seguir em sua empreitada até encontrar a concorrente. Além do próprio pagamento pelo trabalho, a empresa se torna também dona das terras que ladeiam a ferrovia, o que faz com que surja uma concorrência enorme entre as duas instituições, cada uma interessada em abocanhar uma parte maior da ferrovia.

A história se passa durante a construção da ferrovia que corta os EUA de costa a costa.


Charlier aproveita esse mote para criar uma trama envolvente, em que os os donos da Central contratam pessoas para sabotarem a empresa concorrente, inclusive provocando uma guerra com os indígenas que paralisaria o trabalho da Union por meses.

Para negociar com os índios, o dono da Union, o general Dodge, manda chamar Blueberry, o que coloca o anti-herói no centro dos acontecimentos.

Se a dupla Chalier – Giraud parecia boa antes, aqui parece extremamente afinada.

A história já começa eletrizante, com o estouro da manada de bisões. 


A história é empolgante do início até o fim, a começar pela sequência em que Blueberry e o homem que fora buscá-lo acabam sendo surpreendidos por uma estouro de manada de bisões.

Logo depois eles descobrem que alguém jogou uma bomba no meio da manada apenas para matar os animais e provocar a revolta dos indígenas. É de se admirar a genialidade do roteirista Charlier, que poderia ter simplesmente introduzido um perigo qualquer para gerar suspense, mas ele cria um perigo que tem função fundamental na trama. 

O vilão usa uma mão de ferro. 


Esse álbum traz, também, a primeira aparição de Jethro Stellfingers, o vilão que irá antagonizar com Blueberry durante todo esse ciclo. E é um tremendo vilão, a começar pela sua caracterização, com uma mão de aço.

Aqui Charlier retorna um tema que já tinha sido explorado em O homem da estrela de prata, a do homem sozinho contra uma multidão em um saloon: Blueberry vai até o local avisar sobre as novas diretrizes a respeito da caça de bisões. Explica-se: para alimentar os trabalhadores, a companhia contrata caçadores de bisões, mas eles começam uma a disputar quem mata mais animais, muitas vezes deixando sua carcaça inteira apodrecendo ou coletando apenas parte dela, o que provoca a ira dos índios, cujo principal alimento são os bisões. Blueberry pretende proibir a prática.

Blueberry encurralado em um saloon. 


A situação coloca Blueberry contra dezenas de homens armados, tendo como apoio apenas o beberrão Jimmy McLure.

Se a ideia já tinha funcionado bem no álbum anterior, aqui ela é explorada à perfeição.

Quando essa história foi publicada pela primeira vez no Brasil, a Abril optou por imprimir em preto e branco, em papel jornal. O papel jornal, claro, não ajuda, mas para quem tem os exemplares da Abril, vale a pena folhear e comparar o traço de Giraud, valorizado pelo PB em todos os seus detalhes.

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