No último episódio exibido na série clássica de Jornada nas Estrelas, a Entreprise responde a um pedido de socorro de uma expedição arqueológica cujos membros estão contaminados por radiação. Entre as pessoas que estão entre a vida e a morte encontra-se a Dra. Janice Lester, que na juventude teve um relacionamento com James T. Kirk.
Quando os dois são deixados sozinhos, Janice prende Kirk em um equipamento que faz com que seu espírito troque de corpo com o capitão.
Uma vez na Enterprise, o Capitão, agora transformado na cientista, precisa provar sua identidade e evitar que a antiga namorada tome o controle da nave.
Parece confuso e é. Mas ótimas obras de ficção científica têm enredos igualmente inverossímeis. Mesmo Jornada tem episódios cujo enredo em um primeiro momento são difíceis de acreditar.
Acontece que na trama há diversos problemas, a começar pela cena em que os dois trocam de corpo. O roteiro exigia que fossem deixados sozinhos então, do nada, Spock afirma que encontrou uma forma de vida e todos saem em busca da mesma. Não faz o menor sentido, já que não há nenhuma busca por seres extraterrestres. Como depois a saída do grupo não é explicada, fica óbvio que era apenas um roteirismo: uma situação criada para que a trama se desenvolvesse.
Na mesma cena há outro problema de roteiro. À certa altura, Kirk para de conversar com a ex-namorada e resolve olhar o equipamento alienígena, sem razão nenhuma, o que dá a ela a oportunidade de colocar seu plano em prática. Não há nenhuma motivação real para ele fazer isso além da necessidade do roteiro.
O outro ponto é a motivação de Janice de se tornar uma capitã de nave estelar. É possível que o objetivo fosse denunciar machismo, mas como foi feito acaba sendo apenas sexista: Janice teve as mesmas oportunidades que Kirk e só não conseguiu por falta de méritos. Talvez o episódio funcionasse melhor com um personagem homem, até porque a relação entre Kirk e Janice é muito mal explorada e explicada.
Além disso, a atuação de Shatner é outro complicador. Embora o ator consiga imprimir uma característica diferente ao personagem, ele não tem nada de feminino. Aliás, algumas cenas em que o processo falha beiram o humor involuntário graças aos exageros de Shatner (eu particularmente gosto desses exageros em alguns episódios, mas não nesse).
O episódio inteiro acaba valendo pelas cenas do julgamento de Spock, uma vez que Janice, no corpo do Capitão, decide submetê-lo a uma corte marcial.
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