quarta-feira, abril 23, 2025

Super-Homem – Os poderes transferidos

 

Na era de prata, os quadrinhos tinham que seguir os rígidos limites do Comics Code, o que, por exemplo, criava um problema para cenas de ação, já que as tramas não podiam ser muito violentas. Imagine o problema que isso representava para os roteiristas, ainda mais para um personagem poderoso como o Homem de aço. A solução era abusar da criatividade e do inesperado, como na história apresentada em Action Comics 274, escrita por Jerry Siegel e desenhada por Kurt Schaffenberger.

Na trama, o Super leva Lois Lane para a fortaleza da solidão, para que ela presencie uma experiência cujo objetivo é descobrir um antídodo para a kriptonita.

Para funcionar, a experiência precisa de pensamento positivo. 


A sequência hoje parece risível: o herói coloca um capacete nele e em Lois e pede que a repórter visualize mentalmente o experimento sendo bem sucedido. Isso que eu chamo de ciência freestyle!

Mas algo dá errado e o laboratório explode. O Super fica preso embaixo dos escombros e é Lois que o ajuda a se libertar. O que aconteceu é que os poderes foram transferidos para Lois Lane, que passa a atuar como uma super-heroina com uniforme verde. Enquanto ela realiza proezas, o super continua andando por aí, vestido com o uniforme, mas numa atitude derrotada, os ombros baixos.

Lois Lane começa a atuar como heroina usando um uniforme vermelho. 


O curioso é que a situação cria um drama para a jornalista: Ela continuaria amando o Super-homem mesmo depois dele ter perdido seus poderes?. Pior: agora que ela era super-poderosa, poderia amar um homem fraco?

Para tirar a prova, ela as encontra com vários homens atraentes: um astro de cinema, um príncipe estrangeiro etc.

Lois ainda ama o Superman? Para tirar a prova ela se encontra com homens bonitos. 


Outro drama é representado no pensamento de Lois, logo depois dela salvar a cidade de um maremoto: “Pobre Superman! Seu orgulho está ferido!”.

Além de ser uma história divertida, a HQ revela muito sobre os papéis de homens e mulheres na sociedade da década de 1960. Pouco tempo depois essa estrutura social seria abalada pela geração hippie, o que faria com que o personagem se tornasse anacrônico.

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