HISTÓRIA DOS QUADRINHOS 14
Batman
O surgimento do Super-homem foi um fenômeno de vendas sem precedentes. Logo todo editor estava pedindo a seus artistas que fizesse cópias daquele heróis. Uma dessas cópias surgiu um ano mais tarde, em 1939 e ficaria tão famoso quanto o Homem de aço: o Batman.
Bob Kane, assim como os criadores de Super-homem, era um garoto judeu que sonhava se tornar uma estrela com os quadrinhos. Seu pai era gráfico do New York Daily e conhecia um pouco do negócio (o que faria grande diferença na hora de negociar os direitos autorais).
Bob queria criar um super-herói que fizesse tanto sucesso quanto o super-homem. Acontece que ele não era exatamente um intelectual, e não conseguia escrever a histórias. Quando ele conheceu o jovem escritor Bill Finger, foi um casamento perfeito. Embora Finger pretendesse se tornar um escritor sério, ele também era apaixonado pelos pulp fiction e estava disposto a produzir qualquer coisa que lhe rendesse dinheiro.
Procurando inspiração para sua criação, Bob Kane vasculhou sua coleção de Flash Gordon e se deparou com os homens-pássaros desenhados por Alex Raymond. Ele então apresentou para Finger um herói vestido de vermelho, com asas mecânicas, chamado Homem-pássaro.
Finger achou que não era uma boa idéia. Como o personagem ia estrelar uma revista chamada Detetive Comics, ele pensava que deveria ter um ar mais soturno, uma criatura noturna, furtiva, envolta em uma capa preta. Que tal se fosse inspirado num morcego? Eles bolaram então um personagem vestido de cinza, com uma capa preta recortada, um capuz com orelhas e olhos que pareciam apenas frestas, dando um ar assustador ao conjunto. Para completar o conjunto, colocaram um morcego no peito do herói (para imitar o S do Super-homem) e lhe deram um cinto de utilidades com mil e uma bugigangas.
Os editores da National acharam o personagem perfeito para a Detetive Comics, mas Kane se negou a vender os direitos totais do personagem. Seu pai consultou um advogado e conseguiram um bom contrato que garantia muitos direitos para o desenhista. Posteriormente, quando Jerry Siegel e Joe Shuster tentaram conseguir na justiça os direitos do Super-homem, estes procuraram Bob para que ele entrasse com eles no processo. Ao invés de fazer isso, ele procurou a editora e negociou um contrato ainda melhor para ele.
Batman estreou no número 27 da revista Detetive Comics, em maio de 1939 e foi um sucesso imediato. Como Bill Finger não conseguia dar conta de todos os roteiros, Kane pediu à editora um segundo roteirista e apareceu Gardner Fox, que, na primeira história, mostrou o personagem levando um tiro. Isso definiu algo que ficaria claro nos anos seguintes: o personagem era o oposto do Super-homem. Enquanto um era a luz, o outro era as trevas. Enquanto o Super-homem vivia na ensolarada e otimista Metrópolis, Batman se esgueirava pelos becos escuros da corrompida Gothan City. Se o Super-homem era invencível e gostava de ricochetear balas em seu peito, o Batman era falível, um humano normal, que só ganhava graças à sua astúcia e ao cinto de utilidades.
Por muito tempo os leitores achavam que Bob Kane fazia todos os desenhos (a sua assinatura constava em todas as histórias), mas logo surgiram vários desenhistas fantasmas. Entre eles, Jerry Robinson, Jim Mooney e Sheldon Moldoff. Na época, Kane ficou famoso e costumava levar garotas em seus carrões para ver sua mansão adornada por uma série de quadros de palhaços pintados por ele. Dizia-se que até esses quadros haviam sido feitos por um desenhista fantasma.
Com o tempo, a descoberta de que muitas crianças liam a história fez com que fosse introduzido um parceiro mirim, o Robin. A partir de então, todo herói que se prezava tinha que ter um parceiro infantil. Geralmente eram eles que vendiam lancheiras para crianças.
1 comentário:
Oi Gian.
Vc já leu a revista Batman/Planetary? Acabou de sair pela Pixel. Depois de ler esse seu post sobre o Homem-Morcego, acho que vc vai achar esse "crossover" muito divertido. Depois me conte suas impressões.
E quanto aos parceiros mirins, é engraçado, mas lembro de ter lido algo em que Jules Feiffer falava que os parceiros mirins tinham sido criados para servir de identificação com o leitor infantil, mas as crianças (Feiffer entre elas) se identificavam apenas com o herói adulto e odiavam os sidekicks. Na verdade, esse assunto dos sidekicks valia um post tb, né?
Grande abraço!
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