Em 30 de janeiro de 1869 o ítalo-brasileiro Angelo Agostini, um dos precursores das Histórias em Quadrinhos, começou a publicar na Vida Fluminense a HQ "As Aventuras de Nhô Quim" ou "Impressões de uma Viagem à Corte" com um personagem fixo. É uma das primeiras histórias em quadrinhos do mundo. Quando se pensou em eleger o dia do quadrinho nacional, 30 de janeiro foi a data escolhida em homenagem a esse pioneiro. Ângelo Agostini é também o nome do principal prêmio dos quadrinhos nacionais, premiando desenhistas, roteiristas e editores. Eu ganhei o meu em 2000.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
Leia, no Neorama dos quadrinhos, ótima resenha sobre a série Promethea, de Alan Moore. Promethea é, provavelmente, o trabalho mais denso da linha ABC, criada por Morre e que inclui, entre outros, Tom Strong. Parece um curso intensivo de psicologia junguiana, misturada com tarô, pulp fiction e muito mais.
terça-feira, janeiro 29, 2008
Editora portuguesa dá calote em quadrinistas
A editora e loja de quadrinhos Nono Império, sediada em Setúbal, está sendo acusada de dar um calote em vários desenhistas e roteiristas de quadrinhos do Brasil e de Portugal. A editora iria lançar uma revista mix, com persongens fixos e para isso pediu projetos de roteiristas. No caso do roteirista brasileiro Gian Danton, foi pedido que desenvolvesse um projeto na linha manga. O projeto incluía fichas de personagens, de ambientação, de referências visuas, além dos roteiros em si. Além disso, para receber o pagamento, os artistas deveriam assinar um contrato cedendo os direitos autorais dos personagens para a editora. O pagamento das três primeiras histórias só seria efetuado depois de escritas quatro histórias e de assinado o contrato.
Agora, depois de um longo silêncio, a editora está comunicando que não vai publicar mais nada e nem pagar. Como única compensação, eles estão cogitando a possibilidade de devolver aos artistas os direitos dos personagens. Nem mesmo os gastos com correio serão reembolsados.
No caso da série desenvolvida por Gian Danton, os desenhistas já haviam terminado duas histórias e estavam na metade de outra. Eles também levaram o calote.
Agora, depois de um longo silêncio, a editora está comunicando que não vai publicar mais nada e nem pagar. Como única compensação, eles estão cogitando a possibilidade de devolver aos artistas os direitos dos personagens. Nem mesmo os gastos com correio serão reembolsados.
No caso da série desenvolvida por Gian Danton, os desenhistas já haviam terminado duas histórias e estavam na metade de outra. Eles também levaram o calote.
O Jean Okada está publicando em seu site a série Exploradores do Desconhecido, com roteiro meu e desenho dele. Sou suspeito para falar porque sou fã incondicional do trabalho do Okada. Se o Brasil fosse um país decente, ele seria disputado pelas editoras de quadrinhos.
Vá lá no site e acompanhe essa aventura, como diz o texto de apresentação do Okada, ¨Arrumem seus lugares a bordo da Pioneer, ao lado de Garry Roland e sua equipe, e vamos juntos com eles explorar o universo. A última Grande Aventura Humana está começando!¨
Nova entrevista com o Dr. Edgar Franco (Posthuman Tantra) no site ZINE BRASIL
http://zinebrasil2.googlepages.com/zb_entrevista_edgar_franco
Na entrevista o artista fala da relação entre a criação musical e quadrinhística, as perspectivas humanas diante da aceleração tecnocientífica, a cena brasileira de quadrinhos, entre outros assuntos.
O Zine Brasil: A Vitrine das Hq's Nacionais é um site especializado na publicação e divulgação dos Quadrinhos Brasileiros, seus Artistas, Heróis e Universo Independente. Criado e editado por Michelle Ramos.
Na entrevista o artista fala da relação entre a criação musical e quadrinhística, as perspectivas humanas diante da aceleração tecnocientífica, a cena brasileira de quadrinhos, entre outros assuntos.
O Zine Brasil: A Vitrine das Hq's Nacionais é um site especializado na publicação e divulgação dos Quadrinhos Brasileiros, seus Artistas, Heróis e Universo Independente. Criado e editado por Michelle Ramos.
segunda-feira, janeiro 28, 2008
Recebi o livro de Volta ao mundo da ficção científica (UFMS), a primeira coletânea de artigos teóricos sobre o assunto de que tenho notícia. O livro é muito bom. Ainda não tive tempo de ler todo (assim que o fizer, publico uma resenha aqui), mas dei uma olhada geral, comecei a ler e achei realmente um nível muito bom. Para minha surpresa, no artigo ¨Níveis de recepção da ficção cyberpunk no Brasil: um estudo de casos exemplares¨, de Rodolfo Londero, li o seguinte:
Outro exemplo de recepção direta (do cibyerpunk) é O anjo da morte, conto de Gian Danton que aborda um tema recorrente na ficção cyberpunk, o ciberspaço, porém através de uma perspectiva filosófica, assemelhando-se mais a Matrix (1999), filme que também demonstra contatos, principalmente com a obra fundamental do gênero, NEUROMANCER. Na verdade, o próprio termo ciberpunk é grafado em O anjo da morte. Entretanto, na obra, o termo não se refere ao subgênero da ficção científica, mas à cultura em geral, pois ¨a cultura cyberpunk não é somente uma corrente da ficção-científica, mas um fato sociológico irrefutável, uma mistura de esoterismo, programação de computador, pirataria e ficção-científica, influenciada pela contracultura americana e pelos humores dos anos 80¨
Quem estiver interessado no livro pode mandar um e-mail para Rodolfo Londero (rodolfolondero@bol.com.br) ou para a editora (editora@nin.ufms.br). O livro custa R$ 20.
domingo, janeiro 27, 2008
história dos quadrinhos 22
Os fumetti
Apesar da forte concorrência dos quadrinhos americanos e dos mangás, os quadrinhos italianos ainda sobrevivem e fazem sucesso em vários países principalmente na forma de gibis grossos, com histórias em preto e branco, muitas vezes tratando do velho oeste americano. São os fumetti, cujo melhor exemplo é Tex.
Após a II Guerra Mundial, a Itália parecia buscar uma identididade cultural e ela, em muitos sentidos, foi conseguida através do fumettis. O primeiro personagem a fazer sucesso no pós-guerrra foi L´Asso di Piche, com roteiro de Alberto Ongaro e desenhos de Mario Faustinelli e Hugo Pratt. O personagem era uma mistura de Fantasma, Batman e Spirit e fez pouco sucesso de público, mas garantiu contratos para que seus autores fossem atuar na Argentina.
Na década de 1950 os editores italianos viram as vendas dos comics americanos decaírem e resolveram investir em produtos nacionais.
Tex Willer, surgido em 1948 foi o personagem que fez mais sucesso. Ele é um ranger, casado com a filha de um chefe índio, com quem tem um filho, Kit. Até então, a maioria dos faroestes mostravam os índios apenas como selvagens a serem mortos. Tex revolucionou ao mostrá-los com simpatia. Mas, segundo a História de Los Comics, a razão do sucesso estava principalmente no desenho realista e ágil de aurélio Galleppini e nos roteiros de Gian Luigi Bonelli, sempre muito exatos nas informações históricas e geográficas. ¨Sempre tenho tentado recriar a verdadeira atmosfera do velho oeste, em que homens justos se viam obrigados a usar a lei do colt para reprimir os abusos e violências de homens sem escrúpulos. Por isso, tenho usado uma linguagem forte e roteiros violentos¨, declarou Bonelli.
A editora Bonelli praticamente padronizou os quadrinhos populares italinos, publicando gibis auto-contidos, com histórias longas em preto e branco.
Depois de Tex, outro grande sucesso foi Zagor, criado por Guido Nolitta (pseudônimo de Sergio Bonelli, filho do criador de Tex) e idealizado graficamente por Gallieno Ferri , uma mistura de faroeste com fantasia. Também Akin, uma espécie de Tarzan que fala com os animais e Diabolik fizeram grande sucesso. Diabolik, criado pelas irmãs Ângela e Luciana Giussani, causou grande polêmica por ter como protagonista um vilão, que constantemente derrota a polícia.
A editora criada por Bonelli torna-se a casa dos principais criadores italianos. Seu filho Sérgio iria substitui-lo não só na administração, mas também nos roteiros e acabaria se revelando um ótimo redator.
Aos poucos, a editora diversifica sua linha de gibis, com personagens como Mister No (um aventureiro), Nick Raider (um policial em Nova York), e terror (com Dylan Dog).
Mas a maior obra-prima publicada pela editora foi sem dúvida Ken Parker, o mais humano dos cowboys, criação de Ivo Milazzo (desenhos) e Berardi (roteiros).
Um diferencial dos fumetti é o fato de que, ao contrário do que aconteceu nos EUA, o desenho não se sobrepôs ao roteiro. O objetivo de qualquer revista publicada pela Bonelli ou por suas concorrentes mais diretas, é contar uma boa história, e um bom desenho é colocado sempre a serviço da história, e não o contrário.
Uma curiosidade: Tex foi, durante muitos anos, a revista predileta dos vigias noturnos.
Os fumetti
Apesar da forte concorrência dos quadrinhos americanos e dos mangás, os quadrinhos italianos ainda sobrevivem e fazem sucesso em vários países principalmente na forma de gibis grossos, com histórias em preto e branco, muitas vezes tratando do velho oeste americano. São os fumetti, cujo melhor exemplo é Tex.
Após a II Guerra Mundial, a Itália parecia buscar uma identididade cultural e ela, em muitos sentidos, foi conseguida através do fumettis. O primeiro personagem a fazer sucesso no pós-guerrra foi L´Asso di Piche, com roteiro de Alberto Ongaro e desenhos de Mario Faustinelli e Hugo Pratt. O personagem era uma mistura de Fantasma, Batman e Spirit e fez pouco sucesso de público, mas garantiu contratos para que seus autores fossem atuar na Argentina.
Na década de 1950 os editores italianos viram as vendas dos comics americanos decaírem e resolveram investir em produtos nacionais.
Tex Willer, surgido em 1948 foi o personagem que fez mais sucesso. Ele é um ranger, casado com a filha de um chefe índio, com quem tem um filho, Kit. Até então, a maioria dos faroestes mostravam os índios apenas como selvagens a serem mortos. Tex revolucionou ao mostrá-los com simpatia. Mas, segundo a História de Los Comics, a razão do sucesso estava principalmente no desenho realista e ágil de aurélio Galleppini e nos roteiros de Gian Luigi Bonelli, sempre muito exatos nas informações históricas e geográficas. ¨Sempre tenho tentado recriar a verdadeira atmosfera do velho oeste, em que homens justos se viam obrigados a usar a lei do colt para reprimir os abusos e violências de homens sem escrúpulos. Por isso, tenho usado uma linguagem forte e roteiros violentos¨, declarou Bonelli.
A editora Bonelli praticamente padronizou os quadrinhos populares italinos, publicando gibis auto-contidos, com histórias longas em preto e branco.
Depois de Tex, outro grande sucesso foi Zagor, criado por Guido Nolitta (pseudônimo de Sergio Bonelli, filho do criador de Tex) e idealizado graficamente por Gallieno Ferri , uma mistura de faroeste com fantasia. Também Akin, uma espécie de Tarzan que fala com os animais e Diabolik fizeram grande sucesso. Diabolik, criado pelas irmãs Ângela e Luciana Giussani, causou grande polêmica por ter como protagonista um vilão, que constantemente derrota a polícia.
A editora criada por Bonelli torna-se a casa dos principais criadores italianos. Seu filho Sérgio iria substitui-lo não só na administração, mas também nos roteiros e acabaria se revelando um ótimo redator.
Aos poucos, a editora diversifica sua linha de gibis, com personagens como Mister No (um aventureiro), Nick Raider (um policial em Nova York), e terror (com Dylan Dog).
Mas a maior obra-prima publicada pela editora foi sem dúvida Ken Parker, o mais humano dos cowboys, criação de Ivo Milazzo (desenhos) e Berardi (roteiros).
Um diferencial dos fumetti é o fato de que, ao contrário do que aconteceu nos EUA, o desenho não se sobrepôs ao roteiro. O objetivo de qualquer revista publicada pela Bonelli ou por suas concorrentes mais diretas, é contar uma boa história, e um bom desenho é colocado sempre a serviço da história, e não o contrário.
Uma curiosidade: Tex foi, durante muitos anos, a revista predileta dos vigias noturnos.
sexta-feira, janeiro 25, 2008
Nota de falecimento
Faleceu ontem à noite Benedito cardoso dos santos, o Bena, vítima de um acidente de trânsito. Bena era conhecido de todos que estudam ou trabalham no CEAP. Era alguém no qual se podia confiar sempre, que sempre dava um jeito de ajudar quando se precisava de um equipamento, de uma sala... sempre com um sorriso no rosto.
Simpático e prestativo, era amigo de todos, do faxineiro ao professor-doutor. Bena era tão querido que foi homenageado pela maioria das turmas que se formaram pelo Centro de Ensino Superior do Amapá. Vai deixar saudades.
O velório está acontecendo hoje, na av. Raimundo Nunes da cruz, 134, bairro Novo Horizonte, Santana. O enterro acontece às 17 horas.
Simpático e prestativo, era amigo de todos, do faxineiro ao professor-doutor. Bena era tão querido que foi homenageado pela maioria das turmas que se formaram pelo Centro de Ensino Superior do Amapá. Vai deixar saudades.
O velório está acontecendo hoje, na av. Raimundo Nunes da cruz, 134, bairro Novo Horizonte, Santana. O enterro acontece às 17 horas.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
Jovem, se você completou dezoito anos, aliste-se! Quem não se lembra dessa pérola da propaganda nacional. Pérola no sentido negativo. Onde já se viu uma propaganda imperativa? Só deu certo porque estava vendendo algo que todos os jovens eram obrigados a fazerem: alistar-se no serviço militar. Essa peça era tão ruim que virou piada. De lá para cá, as propagandas das forças armadas não melhoraram muito. Entretanto, essa propaganda da marinha de Singapura mostra que é possível sim ter boas idéias para convencer os jovens a se alistarem.
Os cinco plots mais idiotas do Homem-Aranha
One More Day, a saga que deu um reset na vida do Homem-Aranha, provocou todo tipo de reação por parte dos leitores e da crítica especializada. E por mais que Brand New Day, inicialmente, esteja sendo timidamente bem recebida, a resolução mágica dos problemas matrimoniais e de identidade secreta do herói não será esquecida tão cedo.John Marcotte, do blog norte-americano Badmouth, aproveitou o rebuliço causado por One More Day para relembrar alguns dos plots mais estúpidos utilizados em histórias do Cabeça-de-Teia. É coisa para fazer Mefisto se contorcer de inveja. Leia mais no Universo HQ
Os cinco momentos mais estúpidos, sebundo o Badmouth, são: 5. A Saga dos Seis Braços, por Stan Lee e Gil Kane; 4. O Aranhamóvel, por Gerry Conway e Ross Andru; 3. Doutor Octopus casa com a Tia May, por Gerry Conway e Ross Andru; 2. Pecados Pretéritos, por J. Michael Straczynski e Mike DeodatoE o segundo lugar fica para um arco publicado nos anos 2000, cortesia do criador da série de TV Babylon 5 (Straczynski levou Gwen Stacy à Europa e a fez ter um tórrido romance com Norman Osborne, o Duende Verde. E não parou por aí: ela teve um casal de gêmeos, alterados geneticamente e criados para acabar com a raça do Homem-Aranha quando crescessem (ou seja, dois ou três anos depois de terem nascido). ; 1. A Saga do Clone, por Howard Mackie e vários outros artistas
Ps: Há de se separar o joio do trigo. O aranha de seis braços, o aranha-móvel e o casamento da Tia May são da fase camp do personagem, em que os próprios artistas não o levavam muito a sério. Os vilões eram ridículos, as tramas eram ridículas, mas tudo tinha um ar dadaista que agradava os fãs e antecipava os trabalhos de Grant Morrison no Homem-animal. Já a saga do duende era só uma enrolação para vender revistas e confundir a mente dos leitores.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Meu livro Watchmen e a teoria do caos já provocou polêmica. Embora a maioria tenha gostado, alguns não entenderam que o objetivo da obra era analisar o discurso científico de Alan Moore e, portanto, não poderia entrar em outros dos muitos aspectos interessantes da obra. De todas as resenhas, a melhor, parece-me, foi a escrita pelo filósofo Edgar Indalecio Smaniotto para o jornal Graphic, que reproduzo abaixo.
WATCHMEN: Caos e Informação
Edgar Indalecio Smaniotto
Watchmen e a Teoria do Caos (Editora Marca de Fantasia, 2005), de Gian Danton, é uma analise da famosa mini série que revelou o talentoso roterista Alan Moore para os Estados Unidos e o mundo: WATCHMEN.
Como nos lembra Gian Danton, antes da publicação de Watchmen, Alan Moore já fazia história no mundo dos quadrinhos, tendo escrito Miracleman e O Mostro do Pântano. Com Miracleman Moore pretende responder a seguinte pergunta, que parte de “uma idéia simples: como séria o mundo se um super-herói realmente existisse? Como ele se comportaria de verdade?” (p. 12). Já em o Mostro do Pântano temas polémicos e por vezes de difícil assimilação tornam-se o foco do roteiro: ecológica, política, metafísica e ciência.
Em Watchmen os elementos presentes em Miracleman e no Mostro do Pântano são novamente introduzidos, mas agora com uma intensidade narrativa capaz de levar o leitor a um êxtase estético comparado aos melhores clássicos da literatura. Para além das qualidades estéticas da obra (de arte, com certeza), Moore arrasta o leitor em um mergulho por conceitos e teorias científicas: teoria do caos e da informação, efeito borboleta, teoria da complexidade e etc.
É justamente o uso que Alan Moore faz destas diferentes ciências no decorrer da narrativa de Watchmen que interessa ao pesquisador Gian Danton, neste pequeno livro, fruto de sua dissertação de mestrado (mas não se preocupe, o texto de Danton é fluente, sendo prazeroso mesmo para quem não esta habituado a livros com notas de rodapés e citações).
O primeiro capítulo “Os autores”, é um ensaio biográfico a respeito de Alan Moore (roterista) e Dave Gibbons (desenhista) de Watchmen, até o momento da criação da referida mini série, com alguns comentários sobre suas carreiras após o sucesso alcançado com Watchmen.
O segundo capítulo “A obra”, é uma análise geral e consistente de Watchmen, a partir do principio da teoria do caos conhecido como efeito borboleta, usado pelo escritor de ficção científica Ray Bradbury no famoso conto “Um Som de Trovão”, já adaptado para o cinema. Numa caçada ao Tiranossauro Rex, cuja expedição de caça é transportada à pré-história por uma máquina do tempo, um dos caçadores sai da trilha rigorosamente determinada, pisa em uma borboleta, matando-a, e provoca sérias mudanças em sua época.
Em Watchmen, segundo Danton, a borboleta séria o Dr. Manhattan primeiro e único super-herói com super-poderes de verdade (os outros personagens não tem super poderes, são pessoas comuns como o são Batman e o Fantasma). A existência deste super-herói muda completamente a história e as relações humanas.
A fim de buscar uma compreensão dos princípios originários da teoria do caos utilizados por Moore, Gian Danton recorre as obras de Edgar Morin, Hilton Japiassu, James Gleick e Isaac Epstein. Apoiado nestes autores Danton desvela toda a complexidade por traz de Watchmen, revelando ao leitor que esta obra é na verdade um recado de Moore aos cientistas que “ensimesmados em seu mundo determinista, repleto de gráficos e estatísticas, eles se esqueceram do aspecto humano, da não linearidade, do acaso, da incerteza...” (p. 39).
No terceiro capitulo “Uma Imagem do Caos”, Danton recorre ao conceito matemático de fractal (criado por Mandelbrot), que lhe permite analisar e entender alguns elementos de Watchmen: O Castelo do Dr. Manhattan em Marte, a história dentro da história que é o gibi “Contos do Cargueiro Negro”, a reunião patrocinada pelo Capitão Metrópolis, que iria ter influência decisiva para todos os personagens, inclusive Ozimandias, e seu plano para salvar a humanidade de um ataque nuclear. Neste capítulo o autor também busca uma aproximação entre a teoria do caos e a teoria da informação, estando as duas presentes em Watchmen.
O quarto e último capítulo, “Complexidades em Escala”, é uma “análise da primeira parte do quinto volume da edição brasileira de Watchmen”, análise por sinal bastante minuciosa, que além de desvelar para o leitor as informações contidas nesta pequena parte da obra é também uma aula de leitura de histórias em quadrinhos.
Claro que o objetivo principal de uma HQ é sempre o lazer, mas este não precisa ser pobre, pode sim aliar sabedoria e prazer, este parece ser o caso de Watchmen. Já a obra de Gian Danton, Watchmen e a Teoria do Caos, é um livro que merece nossa atenção, bem escrito, fruto de uma análise competente de um clássico incontestável das HQs, é também porta de entrada para que deseja conhecer a teoria do caos. Danton consegue demonstrar que as histórias em quadrinhos são uma arte tão séria e passível de análise científica quanto qualquer arte mais “nobre”. Boa Leitura!
________________________________
Edgar Indalecio Smaniotto é filósofo, mestre em Ciências Sociais e autor do livro: A FANTÁSTICA VIAGEM IMAGINÁRIA DE AUGUSTO EMÍLIO ZALUAR: ensaio sobre a representação do outro na antropologia e na ficção científica brasileira. Rio de Janeiro: Editora Corifeu, 2007. Contato: edgarsmaniotto@gmail.com
Edgar Indalecio Smaniotto
Watchmen e a Teoria do Caos (Editora Marca de Fantasia, 2005), de Gian Danton, é uma analise da famosa mini série que revelou o talentoso roterista Alan Moore para os Estados Unidos e o mundo: WATCHMEN.
Como nos lembra Gian Danton, antes da publicação de Watchmen, Alan Moore já fazia história no mundo dos quadrinhos, tendo escrito Miracleman e O Mostro do Pântano. Com Miracleman Moore pretende responder a seguinte pergunta, que parte de “uma idéia simples: como séria o mundo se um super-herói realmente existisse? Como ele se comportaria de verdade?” (p. 12). Já em o Mostro do Pântano temas polémicos e por vezes de difícil assimilação tornam-se o foco do roteiro: ecológica, política, metafísica e ciência.
Em Watchmen os elementos presentes em Miracleman e no Mostro do Pântano são novamente introduzidos, mas agora com uma intensidade narrativa capaz de levar o leitor a um êxtase estético comparado aos melhores clássicos da literatura. Para além das qualidades estéticas da obra (de arte, com certeza), Moore arrasta o leitor em um mergulho por conceitos e teorias científicas: teoria do caos e da informação, efeito borboleta, teoria da complexidade e etc.
É justamente o uso que Alan Moore faz destas diferentes ciências no decorrer da narrativa de Watchmen que interessa ao pesquisador Gian Danton, neste pequeno livro, fruto de sua dissertação de mestrado (mas não se preocupe, o texto de Danton é fluente, sendo prazeroso mesmo para quem não esta habituado a livros com notas de rodapés e citações).
O primeiro capítulo “Os autores”, é um ensaio biográfico a respeito de Alan Moore (roterista) e Dave Gibbons (desenhista) de Watchmen, até o momento da criação da referida mini série, com alguns comentários sobre suas carreiras após o sucesso alcançado com Watchmen.
O segundo capítulo “A obra”, é uma análise geral e consistente de Watchmen, a partir do principio da teoria do caos conhecido como efeito borboleta, usado pelo escritor de ficção científica Ray Bradbury no famoso conto “Um Som de Trovão”, já adaptado para o cinema. Numa caçada ao Tiranossauro Rex, cuja expedição de caça é transportada à pré-história por uma máquina do tempo, um dos caçadores sai da trilha rigorosamente determinada, pisa em uma borboleta, matando-a, e provoca sérias mudanças em sua época.
Em Watchmen, segundo Danton, a borboleta séria o Dr. Manhattan primeiro e único super-herói com super-poderes de verdade (os outros personagens não tem super poderes, são pessoas comuns como o são Batman e o Fantasma). A existência deste super-herói muda completamente a história e as relações humanas.
A fim de buscar uma compreensão dos princípios originários da teoria do caos utilizados por Moore, Gian Danton recorre as obras de Edgar Morin, Hilton Japiassu, James Gleick e Isaac Epstein. Apoiado nestes autores Danton desvela toda a complexidade por traz de Watchmen, revelando ao leitor que esta obra é na verdade um recado de Moore aos cientistas que “ensimesmados em seu mundo determinista, repleto de gráficos e estatísticas, eles se esqueceram do aspecto humano, da não linearidade, do acaso, da incerteza...” (p. 39).
No terceiro capitulo “Uma Imagem do Caos”, Danton recorre ao conceito matemático de fractal (criado por Mandelbrot), que lhe permite analisar e entender alguns elementos de Watchmen: O Castelo do Dr. Manhattan em Marte, a história dentro da história que é o gibi “Contos do Cargueiro Negro”, a reunião patrocinada pelo Capitão Metrópolis, que iria ter influência decisiva para todos os personagens, inclusive Ozimandias, e seu plano para salvar a humanidade de um ataque nuclear. Neste capítulo o autor também busca uma aproximação entre a teoria do caos e a teoria da informação, estando as duas presentes em Watchmen.
O quarto e último capítulo, “Complexidades em Escala”, é uma “análise da primeira parte do quinto volume da edição brasileira de Watchmen”, análise por sinal bastante minuciosa, que além de desvelar para o leitor as informações contidas nesta pequena parte da obra é também uma aula de leitura de histórias em quadrinhos.
Claro que o objetivo principal de uma HQ é sempre o lazer, mas este não precisa ser pobre, pode sim aliar sabedoria e prazer, este parece ser o caso de Watchmen. Já a obra de Gian Danton, Watchmen e a Teoria do Caos, é um livro que merece nossa atenção, bem escrito, fruto de uma análise competente de um clássico incontestável das HQs, é também porta de entrada para que deseja conhecer a teoria do caos. Danton consegue demonstrar que as histórias em quadrinhos são uma arte tão séria e passível de análise científica quanto qualquer arte mais “nobre”. Boa Leitura!
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Edgar Indalecio Smaniotto é filósofo, mestre em Ciências Sociais e autor do livro: A FANTÁSTICA VIAGEM IMAGINÁRIA DE AUGUSTO EMÍLIO ZALUAR: ensaio sobre a representação do outro na antropologia e na ficção científica brasileira. Rio de Janeiro: Editora Corifeu, 2007. Contato: edgarsmaniotto@gmail.com
terça-feira, janeiro 22, 2008
Nono império, nono picareta
Nesses mais de vinte anos de quadrinhos sempre me deparei com situações e pessoas inusitadas. De todas as figuras, as mais terríveis são os editores pilantras. Um bom exemplo disso é a editora portuguesa Nono Império.
Eles fizeram um concurso para roteiristas e eu fiquei em primeiro lugar. 4
Eles, incialmente, iam lançar uma revista mix e me encomendaram uma personagem de mangá. Pagavam pouco, mas diziam que pagavam. O cotrato era draconiano, inclusive prevendo que os direitos da personagem criada seria deles. As exigências eram máximas, como se estivessem realmente pagando uma fortuna. Eles pediam modificações nos roteiros. Diziam que o pagamento só seria feito depois de quatro histórias aprovadas. Pediam fichas de personagens, fichas de ambientação, de trama. Chegaram ao ponto de pedir que, para cada história, eu enviasse referências visuais de personagens, ambientes e objetos para o desenhista. Ou seja, de roteirista, eu já estava fazendo trabalho de editor.
Algum tempo depois, eles me escreveram, dizendo que o desenhista estava enrolando para fazer as páginas e pedindo para que eu escrevesse a ele, adulando-o. Boa, além de roteirista e editor, queriam que eu fosse também babá de desenhista. Escrevi a eles sugerindo que eles trocassem de desenhista. A resposta foi: ou sai com esse desenhista, ou não sai. Parece que o tal desenhista era parente de um dos sócios da editora...
Nesse meio tempo, tive gastos com correio internacional, pois tinha que assinar cópias e mais cópias do contrato, e mais de uma vez havia alguma coisa errada. O contrato chegando corretamente lá, eles diziam, eu receberia o pagamento pelas três primeiras histórias.
Passou-se um longo silêncio. Eles não respondiam meus e-mails. Quando finalmente consegui contato, eles me disseram que não iam mais publicar a história porque o desenhista tinha desistido de ilustrar... e que eu não receberia um tostão. Disseram que talvez pagassem os gastos que tive com correio. Talvez. E não pagaram.
Ou seja, a Nono Império é o pior tipo: o editor pilantra que toma ares de bom pagador. Fazem mil exigências, cobram muito, mas no final não pagam nada. Fica o alerta. Quem engana um, engana vários.
Ladrão confunde pão com dinheiro e acerta cúmplice nas nádegas
Dois ladrões foram condenados à prisão após uma tentativa de assalto frustrada em que confundiram um saco de pão com uma sacola de dinheiro. Ao tentarem fugir, um deles terminou com tiro nas nádegas, disparado pelo cúmplice.
Benjamin Jorgensen, de 38 anos e Donna Hayes, de 36, vão pegar sete e oito anos de prisão, respectivamente, pela tentativa de roubo armado em um restaurante em Melbourne, na Austrália.
De acordo com o jornal australiano The Sydney Morning Herald, durante a ação, Jorgensen pegou um saco em que acreditava conter dinheiro, mas ao tentar fugir acabou descobrindo que a sacola estava cheia de pães.
Ao tentar escapar, o ladrão ainda disparou sua arma acidentalmente, atingindo as nádegas de Donna, que ficou hospitalizada durante um mês por causa dos ferimentos.
O juiz Roland William descreveu a dupla, que pretendia roubar uma carga equivalente a R$ 47 mil como um “par de idiotas”. Fonte: BBC
Benjamin Jorgensen, de 38 anos e Donna Hayes, de 36, vão pegar sete e oito anos de prisão, respectivamente, pela tentativa de roubo armado em um restaurante em Melbourne, na Austrália.
De acordo com o jornal australiano The Sydney Morning Herald, durante a ação, Jorgensen pegou um saco em que acreditava conter dinheiro, mas ao tentar fugir acabou descobrindo que a sacola estava cheia de pães.
Ao tentar escapar, o ladrão ainda disparou sua arma acidentalmente, atingindo as nádegas de Donna, que ficou hospitalizada durante um mês por causa dos ferimentos.
O juiz Roland William descreveu a dupla, que pretendia roubar uma carga equivalente a R$ 47 mil como um “par de idiotas”. Fonte: BBC
Devir lança A Força da Vida, de Will Eisner
Por Marcelo Naranjo (22/01/08)A Devir Editora lançará a A Força da Vida (formato 19,4 x 25,5 cm, 148 páginas, R$ 38,00), do mestre Will Eisner. Nesta obra, o autor examina as vidas e os sonhos, as esperanças e os temores de personagens comuns que perseveram e sobrevivem à Grande Depressão econômica dos anos 30. Leia mais
Ps: Will Eisner foi o quadrinista completo. Ótimo roteirista e desenhista, ele inventou um gênero, a graphic novel, com o Contrato, e, enquanto vivo, flertou com a literatura, o cinema e o jornalismo. Seu álbum O Complô é jornalismo puro. Esse novo lançamento já está na minha lista de compras.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Fomos assistir Eu sou a lenda, filme baseado na obra de Richard Matheson, que já ganhou duas versões no passado: "Mortos que Matam" (The Last Man on Earth, 1964) e "A Última Esperança Sobre a Terra" (The Omega Man, 1971). Confesso que não assisti as versões anteriores, mas essa, dirigida por Francis Lawrence é muito boa. Surpreendeu positivamente. Ao contrário do que aconteceu com A Ilha, em que uma história muito boa foi transformada em pura correria e tiros, Eu sou a lenda soube mesclar suspense, ação, terror e intimismo. Chega a ser um filme filosófico, em muitos sentidos. É um filme sobre a solidão e sobre esperança. Num mundo devastado por um vírus semelhante ao da raiva, o personagem de Will Smith é uma das poucas pessoas imunes e investiga uma cura. Dos que ficaram doentes, o que não morreram, viraram caçadores da noite, caçando carne humana. Sua única companhia é sua cadela. Como um Robison Crusoe do apocalipse, acompanhamos a tragetória desse homem solitário em busca de comida, de uma cura e, principalmente, de esperança. Um belo filme.
história dos quadrinhos 21
O homem dos patos
No final da década de 1920, Walt Disney estava inconsolado. Ele havia acabado de perder os direitos sobre seu personagem Osvald, o coelho para Charles Mintz. Para compensar, ele criou outro personagem inspirando-se num camundongo que costumava visitar seu escritório. Assim nascia o divertido Mickey, com sua cabeça grande, pernas finas e sapatos grandes, como um menino que tivesse vestido os sapatos do pai. Inicialmente, o camundongo deveria se chamar Mortiner, mas Disney acabou mudando de idéia (alguns autores creditam a mudança à esposa do desenhista). Em 1928 estreou o primeiro curta-metragem do personagem, e também o primeiro desenho animado sonoro da história, tornando-se logo um sucesso.
Não tardou para que o personagem migrasse para as tiras. Floyd Gottfredson foi escolhido para fazer a adaptação.
Outro personagem surgido nas animações também logo ganharia sua versão em quadrinhos: o Pato Donald. O desenhista Al Taliaferro adaptou o filme A galinha sábia para as tiras e depois o resultado foi copilado em um gibi com grande sucesso.
Mas o personagem realmente só se tornaria célebre após a entrada de Carl Barks no título. Barks foi um fracasso em diversas profissões, de cowboy a carpinteiro, passando por condutor de mulas e impressor. Não conseguindo sucesso em nada, ele decidiu investir no sonho de ser desenhista. Seu primeiro trabalho foi numa revista humorística, mas um dia ele viu um anúncio da Disney, procurando animadores e se candidatou. Foi colocado no setor de roteiros e ajudou a criar gags visuais para mais de 40 curta-metragens.
Certa vez ele foi escolhido para participar de um longa do Pato Donald intitulado O Ouro do Pirata. O projeto não saiu do papel, mas mesmo assim Disney resolveu transformar o material em uma revista em quadrinhos e convidou Barks para fazer a adaptação. Foi um sucesso tão grande que a editora Dell-Western lhe ofereceu um emprego como quadrinista.
Barks estava, enfim, no seu elemento. Em 1947 ele criou o Tio Patinhas, baseado no personagem sovina do Conto de Natal, de Dickens. Criado para uma única história, ele agradou tanto que logo ganharia revista própria. Barks continou desenvolvendo a mitologia dos patos com a criação de outros personagens, como o inventor Professor Pardal e o sortudo Gastão.
Tio Patinha logo se tornou um personagem extremamente popular, graças quase que exclusivamente às histórias de Barks.
Segundo a enciclopédia Históira de los Comics, o que fazia de Barks um gênio não era sua criatividade ou seus desenhos, embora ambos fossem ótimos. O que o transformou em gênio foi a autenticidade dos mundos que criou. Essa autenticidade surgia tanto da experiência de vida quanto das pesquisas minuciosas que fazia para suas histórias.
Um exemplo de mundo criado é a vila quadrada, um local perdido nos Andes em que tudo era quadrado (até os ovos!) e as formas arredondadas eram proibidas.
As histórias de Barks embalaram a infância de milhões de crianças em todo o mundo. Quando ele parou de produzir, foi como se fosse criado um vácuo nos quadrinhos Disney. Hoje esses quadrinhos estão sendo cancelados em todo o mundo. No Brasil, a única revista que ainda vende bem é a luxuosa Clássicos Disney, que republica as histórias de Barks, e tem como públicos os adultos saudosistas de boas HQs.
Atualmente, o quadrinista Disney mais famoso é Don Rosa, um fã tão inveterado de Carl Barks que faz de todas suas HQs homenagens ao homem dos patos.
O homem dos patos
No final da década de 1920, Walt Disney estava inconsolado. Ele havia acabado de perder os direitos sobre seu personagem Osvald, o coelho para Charles Mintz. Para compensar, ele criou outro personagem inspirando-se num camundongo que costumava visitar seu escritório. Assim nascia o divertido Mickey, com sua cabeça grande, pernas finas e sapatos grandes, como um menino que tivesse vestido os sapatos do pai. Inicialmente, o camundongo deveria se chamar Mortiner, mas Disney acabou mudando de idéia (alguns autores creditam a mudança à esposa do desenhista). Em 1928 estreou o primeiro curta-metragem do personagem, e também o primeiro desenho animado sonoro da história, tornando-se logo um sucesso.
Não tardou para que o personagem migrasse para as tiras. Floyd Gottfredson foi escolhido para fazer a adaptação.
Outro personagem surgido nas animações também logo ganharia sua versão em quadrinhos: o Pato Donald. O desenhista Al Taliaferro adaptou o filme A galinha sábia para as tiras e depois o resultado foi copilado em um gibi com grande sucesso.
Mas o personagem realmente só se tornaria célebre após a entrada de Carl Barks no título. Barks foi um fracasso em diversas profissões, de cowboy a carpinteiro, passando por condutor de mulas e impressor. Não conseguindo sucesso em nada, ele decidiu investir no sonho de ser desenhista. Seu primeiro trabalho foi numa revista humorística, mas um dia ele viu um anúncio da Disney, procurando animadores e se candidatou. Foi colocado no setor de roteiros e ajudou a criar gags visuais para mais de 40 curta-metragens.
Certa vez ele foi escolhido para participar de um longa do Pato Donald intitulado O Ouro do Pirata. O projeto não saiu do papel, mas mesmo assim Disney resolveu transformar o material em uma revista em quadrinhos e convidou Barks para fazer a adaptação. Foi um sucesso tão grande que a editora Dell-Western lhe ofereceu um emprego como quadrinista.
Barks estava, enfim, no seu elemento. Em 1947 ele criou o Tio Patinhas, baseado no personagem sovina do Conto de Natal, de Dickens. Criado para uma única história, ele agradou tanto que logo ganharia revista própria. Barks continou desenvolvendo a mitologia dos patos com a criação de outros personagens, como o inventor Professor Pardal e o sortudo Gastão.
Tio Patinha logo se tornou um personagem extremamente popular, graças quase que exclusivamente às histórias de Barks.
Segundo a enciclopédia Históira de los Comics, o que fazia de Barks um gênio não era sua criatividade ou seus desenhos, embora ambos fossem ótimos. O que o transformou em gênio foi a autenticidade dos mundos que criou. Essa autenticidade surgia tanto da experiência de vida quanto das pesquisas minuciosas que fazia para suas histórias.
Um exemplo de mundo criado é a vila quadrada, um local perdido nos Andes em que tudo era quadrado (até os ovos!) e as formas arredondadas eram proibidas.
As histórias de Barks embalaram a infância de milhões de crianças em todo o mundo. Quando ele parou de produzir, foi como se fosse criado um vácuo nos quadrinhos Disney. Hoje esses quadrinhos estão sendo cancelados em todo o mundo. No Brasil, a única revista que ainda vende bem é a luxuosa Clássicos Disney, que republica as histórias de Barks, e tem como públicos os adultos saudosistas de boas HQs.
Atualmente, o quadrinista Disney mais famoso é Don Rosa, um fã tão inveterado de Carl Barks que faz de todas suas HQs homenagens ao homem dos patos.
Super-humanos de verdade em documentário do Discovery Channel
Por Marcus Ramone (21/01/08)Superpoder não é privilégio apenas de personagens dos quadrinhos. Na vida real, também há pessoas com habilidades sobre-humanas espantosas que desafiam a ciência.Isso é o que o Discovery Channel irá mostrar no documentário Os Super-humanos, no qual serão apresentadas histórias verídicas de pessoas que têm algum tipo de "superpoder" que as difere dos seres humanos comuns e são estudadas por cientistas em busca de explicações para esses dons. Leia mais
sexta-feira, janeiro 18, 2008
O ano para salvar o planeta
2008, acredita-se, vai ser o ano da grande virada, o ano em que a humanidade vai se unir em torno da idéia de salvar o planeta do aquecimento global. Até a China está planejando criar cidades ecológicas. E os EUA vão investir pesado no etanol, um combustível não poluente. Surpreendentemente, Macapá, uma cidade encravada no meio da Amazônia, e que deveria ser a primeira a aderir a esse movimento global, está indo na contramão da história. Abaixo coloco alguns dos conselhos dos especialistas para ajudar a salvar o planeta, e os comentários sobre a situação disso em Macapá.
Ande de bicicleta
Andar de bicicleta faz bem para o corpo e para o planeta. A pessoa se exercita e, ao mesmo tempo, não polui a camada de ozônio. No jornal em que trabalhei em Curitiba tinha um fotógrafo que ia para o trabalho de bicicleta. Aqui em Macapá isso é, senão impossível, perigoso. Existem pouquíssimas ciclovias e as poucas que existem são totalmente desrespeitadas. A ciclovia do bairro do Congós tem servido de estacionamento para carros, para ambulantes colocarem seus carrinhos... para tudo, em suma, menos para o tráfego de biciletas. Aliás, os próprios ciclistas nem sempre andam na ciclovia, talvez por causa dos muitos obstáculos do caminho.
Ande de ônibus
Em grandes metrópoles, pode-se andar pela cidade inteira pagando uma só passagem e em pouco tempo. Ecologistas dizem que o transporte coletivo é a melhor saída para evitar o aquecimento global. Aqui em Macapá a passagem é cara e o serviço péssimo. Uma aluna uma vez me mostrou um texto no qual ela comparava sua ida à faculdade de ônibus com um estupro. Se não é, é quase. Os usuários passam horas na parada, debaixo de sol escaldante e, quando vem um ônibus está caindo aos pedaços. A situação é tão precária que levou ao surgimento dos mototaxistas, um meio de transporte perigoso e poluente.
Plante uma árvore
Fala-se que cada pessoa que tem um carro deveria plantar duas árvores por ano. Uma recente pesquisa mostrou que plantar árvores e plantas no teto dos edifícios pode diminuir em até 10 graus a temperatura de uma metrópole. Em Macapá poucas pessoas têm o costume de plantar árvores no quintal ou na frente da casa... e os governantes seguem o exemplo. Recentemente a prefeitura urbanizou o bairro do Congós e não plantou uma única árvore. Urbanizar é colocar asfalto e concreto.
Não desperdice água
A água vai faltar em várias partes do planeta até o ano de 2020. A Amazônia tem um terço da água doce do planeta. A água, portanto, é nosso bem mais precioso. Mas o que se vê é as pessoas sujando esse bem precioso. Em dia de festa, muitas pessoas divertem-se jogando lixo nos rios. Se tiver uma lixeira do lado, a pessoa anda um pouquinho só para ter o prazer de jogar lixo na água.
Outro problema é a falta de água tratada. Dia desses o nosso poço artesiano ficou com cheiro ruim e resolvi instalar água da Caesa. Não chegava nas torneiras. Fizeram o teste e descobriram que a pressão da água era de menos de um metro. Para limpar o poço artesiano a receita é simples: passar várias horas jogando água fora. Um desperdício que não existiria se houvesse água tratada.
Em algumas cidades até a água do esgoto é tratada e reaproveitada. Aqui em Macapá, esgoto é como disco voador: dizem que existe, mas eu nunca vi.
Desse jeito, o que resta é torcer para que o resto do mundo faça sua parte para evitar o aquecimento global.
Ande de bicicleta
Andar de bicicleta faz bem para o corpo e para o planeta. A pessoa se exercita e, ao mesmo tempo, não polui a camada de ozônio. No jornal em que trabalhei em Curitiba tinha um fotógrafo que ia para o trabalho de bicicleta. Aqui em Macapá isso é, senão impossível, perigoso. Existem pouquíssimas ciclovias e as poucas que existem são totalmente desrespeitadas. A ciclovia do bairro do Congós tem servido de estacionamento para carros, para ambulantes colocarem seus carrinhos... para tudo, em suma, menos para o tráfego de biciletas. Aliás, os próprios ciclistas nem sempre andam na ciclovia, talvez por causa dos muitos obstáculos do caminho.
Ande de ônibus
Em grandes metrópoles, pode-se andar pela cidade inteira pagando uma só passagem e em pouco tempo. Ecologistas dizem que o transporte coletivo é a melhor saída para evitar o aquecimento global. Aqui em Macapá a passagem é cara e o serviço péssimo. Uma aluna uma vez me mostrou um texto no qual ela comparava sua ida à faculdade de ônibus com um estupro. Se não é, é quase. Os usuários passam horas na parada, debaixo de sol escaldante e, quando vem um ônibus está caindo aos pedaços. A situação é tão precária que levou ao surgimento dos mototaxistas, um meio de transporte perigoso e poluente.
Plante uma árvore
Fala-se que cada pessoa que tem um carro deveria plantar duas árvores por ano. Uma recente pesquisa mostrou que plantar árvores e plantas no teto dos edifícios pode diminuir em até 10 graus a temperatura de uma metrópole. Em Macapá poucas pessoas têm o costume de plantar árvores no quintal ou na frente da casa... e os governantes seguem o exemplo. Recentemente a prefeitura urbanizou o bairro do Congós e não plantou uma única árvore. Urbanizar é colocar asfalto e concreto.
Não desperdice água
A água vai faltar em várias partes do planeta até o ano de 2020. A Amazônia tem um terço da água doce do planeta. A água, portanto, é nosso bem mais precioso. Mas o que se vê é as pessoas sujando esse bem precioso. Em dia de festa, muitas pessoas divertem-se jogando lixo nos rios. Se tiver uma lixeira do lado, a pessoa anda um pouquinho só para ter o prazer de jogar lixo na água.
Outro problema é a falta de água tratada. Dia desses o nosso poço artesiano ficou com cheiro ruim e resolvi instalar água da Caesa. Não chegava nas torneiras. Fizeram o teste e descobriram que a pressão da água era de menos de um metro. Para limpar o poço artesiano a receita é simples: passar várias horas jogando água fora. Um desperdício que não existiria se houvesse água tratada.
Em algumas cidades até a água do esgoto é tratada e reaproveitada. Aqui em Macapá, esgoto é como disco voador: dizem que existe, mas eu nunca vi.
Desse jeito, o que resta é torcer para que o resto do mundo faça sua parte para evitar o aquecimento global.
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Pixel Preview chega às bancas com novidades da editora
Por Marcelo Naranjo (17/01/08) O segundo número da revista Pixel Preview, que chega ainda esta semana às bancas, traz algumas novidades da Pixel Media para o ano de 2008. Em fevereiro, chega o primeiro especial com o mago inglês John Constantine, da série Hellblazer. Na edição, o leitor encontra as últimas seis histórias inéditas no Brasil escritas por Garth Ennis. Leia mais
Ps: Um detalhe interessante de tudo isso é o destaque ao nome do roteirista, Garth Ennis. Nem a capa, nem o release sequer mencionam o desenhista. Quando eu comecei a escrever quadrinhos, na década de 1980, a relação era inversa: geralmente o nome que não aparecia na capa era do roteirista e o destaque era dado, todo, ao desenhista. A revista A Hora do Crepúsculo, lançada pela Nova Sampa, embora lançasse três histórias minhas em parceria com o Bené Nascimento, trazia na capa a chamada ¨Texto e desenhos de Bené Nascimento¨. Tempos ingratos aqueles.
Quem mudou isso foram os roteiristas britânicos, em especial Alan Moore (Monstro do Pântano) e Neil Gaiman (Sandman). De repente os editores norte-americanos perceberam o óbvio: é o desenho que faz alguém comprar uma revista em quadrinhos pela primeira vez, mas é o roteiro que faz com que ele continue comprando.
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Quem não tem curiosidade de saber como é um outro país? Se você não tem a oportunidade de viajar até lá, existe sempre a possibilidade de assistir programas televisivos de turismo. Mas esses pecam por só mostrarem os pontos turísticos, e não o cotidiano daquele país. O desenhista José Aguiar inverte o ângulo no seu blog REISETAGEBUCH- Uma viagem ilustrada pela Alemanha. Vale lembrar que José Aguiar recentemente fez em Curitiba uma exposição com desenhos que fez na Alemanha. No seu blog, ele compartilha conosco o seu cotidiano e sua mania de fotografar curiosidades (provavelmente para tranformá-las em desenhos). Existem fotos de placas de banheiro, de ursos de chocolate, de pessoas no metrô... e cada foto é acompanhada de um texto muito bem escrito. Existem imagens muito interessantescomo de uma placa em um banheiro público, ensinando o que fazer com um escovão, e um tijolo na rua em homenagem à Olga Benário. Existem mais de 7.500 desses tijolos em homenagem aos judeus que foram mortos pelos nazistas (um número pequeno, se comparado com o um milhão de pessoas mortas em campos de concentração).
Ps: o blogger não está permitindo que eu coloque imagens, então você vai ter que conferir as ilustrações no blog do Zé...
terça-feira, janeiro 15, 2008
Ângelo Agostini
Abaixo a relação dos artistas premiados com o Ângelo Agostini, o mais importante prêmio do quadrinho nacional:
* Melhor Desenhista de 2007: Laudo Ferreira Junior
*Melhor Roteirista de 2007: Anita Costa Prado
*Melhor Cartunista de 2007: Marcio Baraldi
*Melhor Lançamento de 2007: Menino Caranguejo (Splinter Comics)
*Melhor Fanzine de 2007: Justiça Eterna (Sergio Chaves)
*Troféu Jayme Cortez: Eloyr Pacheco
*Mestres do Quadrinho Nacional: Aníbal Barros Cassal, Antônio Luiz Cagnin, Diamantino da Silva, Fernando Dias da Silva, Ofeliano de Almeida e Salatiel de Holanda
* Melhor Desenhista de 2007: Laudo Ferreira Junior
*Melhor Roteirista de 2007: Anita Costa Prado
*Melhor Cartunista de 2007: Marcio Baraldi
*Melhor Lançamento de 2007: Menino Caranguejo (Splinter Comics)
*Melhor Fanzine de 2007: Justiça Eterna (Sergio Chaves)
*Troféu Jayme Cortez: Eloyr Pacheco
*Mestres do Quadrinho Nacional: Aníbal Barros Cassal, Antônio Luiz Cagnin, Diamantino da Silva, Fernando Dias da Silva, Ofeliano de Almeida e Salatiel de Holanda
Pixel lança edição especial com Tom Strong
Por Marcelo Naranjo, sobre o press release (14/01/08)Tom Strong - A Invasão das Formigas Gigantes (formato americano, 128 páginas, R$ 32,90) traz de volta Tom Strong, o maior herói científico de todos os tempos. Ele foi criado por Alan Moore em 1999 para a linha America's Best Comics, e é uma homenagem aos quadrinhos e pulps antigos, com vilões incríveis, mulheres intrigantes, viagens fantásticas e muito mais. Leia mais
domingo, janeiro 13, 2008
Infelizmente ainda existe na net muitos blogs e site revisionistas, que negam a existência do holocausto efetuado pelos nazistas contra judeus, ciganos, homossexuais e qualquer um que discordasse de Hitler. A única forma de combater a mentira, é divulgando a verdade. Assim, coloco abaixo link para dois bons blogs sobre o assunto:
O Holocausto
O holocausto - shoah
O Holocausto
O holocausto - shoah
Uma amiga estava me contando uma lenda da ilha de Santana (em Santana, Amapá). Um dia algumas pessoas acordaram e descobriram que quase todos os habitantes da ilha tinham desaparecido, sem qualquer explicação.
Além de um ótimo roteiro para o seriado Lost, a história nos remete às situações em que tudo parece mudar muito rápido. Quando despertamos para aquilo, já aconteceu.
Exemplo disso foi o que aconteceu com a música. Eu ainda me lembro de mim mesmo comprado fitas cassetes (a primeira que comprei foi o Sgt. Peppers, dos Beatles). Depois vieram os CDs e agora parece que os CDs convencionais são dinossauros. Quase ninguém os ouve. Eu transformei todos os meus CDs em mp3, fiz uma seleção, e ouço apenas no notebook ou no mp3.
Se a mídia digital acabou com os CDs, o mesmo parece não ter acontecido com os livros. Tenho um monte de livros virtuais, publicados na Virtual Books, mas mesmo assim, acho insuperável a experiência sensorial de ler um livro de papel, sentir seu cheiro, sua textura.
Ainda assim, claro, há aqueles casos em que a melhor opção é o e-book. É o caso de um livro que não foi lançado em versão física, ou que é raro, ou que tem algum impedimento. Li, por exemplo, a biografia do Roberto Carlos baixada da net, depois que o rei proibiu sua venda (depois consegui comprar em uma livraria que estava fechando suas portas, em Belém, mas não diga isso para ninguém). Também já baixei quadrinhos e livros que nunca foram lançados no Brasil.
Um bom local para achar esses livros é o Projeto de Democratização da leitura. Uma boa dica é a coleção de livros de ficção-científica de Perry Rhodan. São mais de 600 volumes, lançados principalmente na década de 1980, pela Ediouro, e difícieis de encontrar.
Falando em Perry Rhodan, o mais mais famoso fanfic brasileiro do personagem é o meu Portal das Probabilidades. Ele pode ser baixado em versão PDF no site da Virtual Books ou ser lido aqui:
Além de um ótimo roteiro para o seriado Lost, a história nos remete às situações em que tudo parece mudar muito rápido. Quando despertamos para aquilo, já aconteceu.
Exemplo disso foi o que aconteceu com a música. Eu ainda me lembro de mim mesmo comprado fitas cassetes (a primeira que comprei foi o Sgt. Peppers, dos Beatles). Depois vieram os CDs e agora parece que os CDs convencionais são dinossauros. Quase ninguém os ouve. Eu transformei todos os meus CDs em mp3, fiz uma seleção, e ouço apenas no notebook ou no mp3.
Se a mídia digital acabou com os CDs, o mesmo parece não ter acontecido com os livros. Tenho um monte de livros virtuais, publicados na Virtual Books, mas mesmo assim, acho insuperável a experiência sensorial de ler um livro de papel, sentir seu cheiro, sua textura.
Ainda assim, claro, há aqueles casos em que a melhor opção é o e-book. É o caso de um livro que não foi lançado em versão física, ou que é raro, ou que tem algum impedimento. Li, por exemplo, a biografia do Roberto Carlos baixada da net, depois que o rei proibiu sua venda (depois consegui comprar em uma livraria que estava fechando suas portas, em Belém, mas não diga isso para ninguém). Também já baixei quadrinhos e livros que nunca foram lançados no Brasil.
Um bom local para achar esses livros é o Projeto de Democratização da leitura. Uma boa dica é a coleção de livros de ficção-científica de Perry Rhodan. São mais de 600 volumes, lançados principalmente na década de 1980, pela Ediouro, e difícieis de encontrar.
Falando em Perry Rhodan, o mais mais famoso fanfic brasileiro do personagem é o meu Portal das Probabilidades. Ele pode ser baixado em versão PDF no site da Virtual Books ou ser lido aqui:
história dos quadrinhos 20
Nick Holmes
Se tivesse apenas criado Flash Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9, Alex Raymond já seria um dos nomes mais importantes dos quadrinhos. Mas ele ainda reservava uma surpresa para os fãs. Em 1946 ele criou Rip Kirby (no Brasil Nick Holmes), elevando sua arte e seu roteiro a um novo patamar. Se em Flash Gordon deslumbrava pela fantasia descontrolada, em Nick Holmes, espantava pelo realismo fotográfico dos personagens. Se em Flash Gordon era a ação desenfreada, sem tempo para fôlego, em Nick Holmes viria a análise psicológica dos personagens, como trama complexas e bem elaboradas.
Em 1944, Raymond foi convocado pela Marinha Norte-americana e embarcou para o Pacífico Sul, abandonando seus trabalhos em Flash Gordon e Jim das Selvas. A bordo do porta-aviões USS Gilbert Island, ele participou de várias batalhas.
Quando voltou da guerra, estava cheio de idéias. Pensava em fazer uma história policial diferente do que se fazia até então nos quadrinhos. Seu personagem principal seria Nick Holmes, um herói da II Guerra, que se dedicava a resolver crimes envolvendo a alta sociedade norte-americana. Diferente dos detetives anteriores dos quadrinhos (como X 9 e Dick Tracy), ele não é um valentão que resolve as coisas com a força bruta. Ao contrário, é um intelectual sofisticado, que resolvia crimes de maneira calma, fumando seu inseparável cachimbo. Para isso, ele contava com a ajuda do mordomo Desmond.
Nick Holmes refletia a euforia americana no pós-guerra, período em que os EUA se firmava como a grande potência mundial.
Ao lado de lindas mulheres (que Raymond desenhava com perfeição) e o luxo, havia os mais misteriosos crimes. Mas não se trata de uma HQ maniqueista. Constantemente os bandidos entram para o mundo do crime em decorrência de um sistema social excludente. Muitos desses bandidos se regeneram, embora essa regeneração tenha como princípio aceitar o “american way of life”.Por outro lado, mesmo aqueles que se beneficiam da prosperidade americana também cometem crimes.
Raymond desenhava usando modelos e pesquisava as ambientações das histórias, de modo que acabou fazendo um retrato muito fiel da América naquele período. Raymond parecia se sentir finalmente realizado, chegando a declarar: "Estou sinceramente convencido de que a arte dos quadrinhos é uma forma de arte autônoma. Reflete a sua época e a vida em geral com maior realismo, e, graças à sua natureza essencialmente criativa, é artisticamente mais válida do que a mera ilustração. O ilustrador trabalha com máquina fotográfica e modelos; o artista dos quadrinhos começa com uma folha de papel em branco e inventa sozinho uma história inteira - é escritor, diretor de cinema, editor e desenhista ao mesmo tempo".
Em 1952 ele começou a contar com a colaboração do argumentista e ex-repórter policial Fredd Dickenson, deixando os roteiros ainda mais elaborados.
A fase de Raymond no personagem terminaria de forma trágica. Em 06 de setembro de 1956, ele morreu em um acidente de carro. A tira continuou a ser desenhada por John Prentice, que copiou rigorosamente o estilo do mestre, embora nunca tenha alcançado sua qualidade técnica. Ainda assim, Nick Holmes continuou a freqüentar jornais no mundo todo o mundo, muitas vezes tendo suas tiras reunidas em coletâneas.
Nick Holmes
Se tivesse apenas criado Flash Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9, Alex Raymond já seria um dos nomes mais importantes dos quadrinhos. Mas ele ainda reservava uma surpresa para os fãs. Em 1946 ele criou Rip Kirby (no Brasil Nick Holmes), elevando sua arte e seu roteiro a um novo patamar. Se em Flash Gordon deslumbrava pela fantasia descontrolada, em Nick Holmes, espantava pelo realismo fotográfico dos personagens. Se em Flash Gordon era a ação desenfreada, sem tempo para fôlego, em Nick Holmes viria a análise psicológica dos personagens, como trama complexas e bem elaboradas.
Em 1944, Raymond foi convocado pela Marinha Norte-americana e embarcou para o Pacífico Sul, abandonando seus trabalhos em Flash Gordon e Jim das Selvas. A bordo do porta-aviões USS Gilbert Island, ele participou de várias batalhas.
Quando voltou da guerra, estava cheio de idéias. Pensava em fazer uma história policial diferente do que se fazia até então nos quadrinhos. Seu personagem principal seria Nick Holmes, um herói da II Guerra, que se dedicava a resolver crimes envolvendo a alta sociedade norte-americana. Diferente dos detetives anteriores dos quadrinhos (como X 9 e Dick Tracy), ele não é um valentão que resolve as coisas com a força bruta. Ao contrário, é um intelectual sofisticado, que resolvia crimes de maneira calma, fumando seu inseparável cachimbo. Para isso, ele contava com a ajuda do mordomo Desmond.
Nick Holmes refletia a euforia americana no pós-guerra, período em que os EUA se firmava como a grande potência mundial.
Ao lado de lindas mulheres (que Raymond desenhava com perfeição) e o luxo, havia os mais misteriosos crimes. Mas não se trata de uma HQ maniqueista. Constantemente os bandidos entram para o mundo do crime em decorrência de um sistema social excludente. Muitos desses bandidos se regeneram, embora essa regeneração tenha como princípio aceitar o “american way of life”.Por outro lado, mesmo aqueles que se beneficiam da prosperidade americana também cometem crimes.
Raymond desenhava usando modelos e pesquisava as ambientações das histórias, de modo que acabou fazendo um retrato muito fiel da América naquele período. Raymond parecia se sentir finalmente realizado, chegando a declarar: "Estou sinceramente convencido de que a arte dos quadrinhos é uma forma de arte autônoma. Reflete a sua época e a vida em geral com maior realismo, e, graças à sua natureza essencialmente criativa, é artisticamente mais válida do que a mera ilustração. O ilustrador trabalha com máquina fotográfica e modelos; o artista dos quadrinhos começa com uma folha de papel em branco e inventa sozinho uma história inteira - é escritor, diretor de cinema, editor e desenhista ao mesmo tempo".
Em 1952 ele começou a contar com a colaboração do argumentista e ex-repórter policial Fredd Dickenson, deixando os roteiros ainda mais elaborados.
A fase de Raymond no personagem terminaria de forma trágica. Em 06 de setembro de 1956, ele morreu em um acidente de carro. A tira continuou a ser desenhada por John Prentice, que copiou rigorosamente o estilo do mestre, embora nunca tenha alcançado sua qualidade técnica. Ainda assim, Nick Holmes continuou a freqüentar jornais no mundo todo o mundo, muitas vezes tendo suas tiras reunidas em coletâneas.
quinta-feira, janeiro 10, 2008
Do meu livro 200 perguntas sobre nazismo:
É verdade que Hitler entrou no partido nazista como espião?
Sim. Com o fim da guerra, o cabo Hitler foi colocado para vigiar as muitas agremiações que surgiam na época. Nesse período a Alemanha viu surgir muitos partidos e todos tinham espiões, que anotavam qualquer coisa que parecesse ameaçadora.
O ódio de Hitler pelos socialistas fez com que os superiores o escolhessem como espião político em Munique.
Em 12 de setembro de 1912, Adolf foi enviado para investigar as reuniões de um grupo que se auto-denominava Partido dos Trabalhadores Alemães.
Apesar do nome, não se tratava de uma agremiação comunista. Ao contrário, eles achavam que os alemães eram uma raça destinada a dirigir o mundo, que os judeus e comunistas ameaçavam a pureza dessa raça e que alguém deveria fazer alguma coisa. O nome trabalhadores referia-se ao fato de que eles pretendiam libertar os trabalhadores da influência do comunismo.
Eles achavam que alguém deveria fazer alguma coisa com relação à situação da Alemanha, mas não sabiam quem, nem o que. O partido não tinha programa e ninguém os levava a sério.
Hitler acompanhou a reunião como ouvinte, mas quando um dos presentes defendeu a independência da Bavária, ele se levantou e fez um discurso emocionado sobre a unidade do povo ariano.
Falou tão bem que impressionou Drexler, membro do comitê do partido. Este cumprimentou-o e convidou-o a participar de outras reuniões. Ele percebera que um orador hipnótico como aquele poderia ser importante para um grupo pequeno como o que estava se formando.
Dessa forma, Hitler passou de espião a orador e, mais tarde, líder do partido.
Sim. Com o fim da guerra, o cabo Hitler foi colocado para vigiar as muitas agremiações que surgiam na época. Nesse período a Alemanha viu surgir muitos partidos e todos tinham espiões, que anotavam qualquer coisa que parecesse ameaçadora.
O ódio de Hitler pelos socialistas fez com que os superiores o escolhessem como espião político em Munique.
Em 12 de setembro de 1912, Adolf foi enviado para investigar as reuniões de um grupo que se auto-denominava Partido dos Trabalhadores Alemães.
Apesar do nome, não se tratava de uma agremiação comunista. Ao contrário, eles achavam que os alemães eram uma raça destinada a dirigir o mundo, que os judeus e comunistas ameaçavam a pureza dessa raça e que alguém deveria fazer alguma coisa. O nome trabalhadores referia-se ao fato de que eles pretendiam libertar os trabalhadores da influência do comunismo.
Eles achavam que alguém deveria fazer alguma coisa com relação à situação da Alemanha, mas não sabiam quem, nem o que. O partido não tinha programa e ninguém os levava a sério.
Hitler acompanhou a reunião como ouvinte, mas quando um dos presentes defendeu a independência da Bavária, ele se levantou e fez um discurso emocionado sobre a unidade do povo ariano.
Falou tão bem que impressionou Drexler, membro do comitê do partido. Este cumprimentou-o e convidou-o a participar de outras reuniões. Ele percebera que um orador hipnótico como aquele poderia ser importante para um grupo pequeno como o que estava se formando.
Dessa forma, Hitler passou de espião a orador e, mais tarde, líder do partido.
Morreu um dos melhores desenhistas históricos do Brasil: Ivan Wasth Rodrigues. Um de seus principais trabalhos foi a adaptação para quadrinhos da obra Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. Essa adaptação, publicada originalmente pela Ebal, teve um relançamento e foi resenhada neste blog. Reproduzo aqui a resenha:
Casa grande & senzala em quadrinhos
A editora Global está relançando a versão em quadrinhos do livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freire. A adaptação é de Estevão Pinto e as ilustrações do ótimo Ivan Wash Rodrigues. Essa obra foi publicada originalmente pela Editora Brasil América, a famosa Ebal, e era um sonho de seu dono Adolfo Aizen. Vale lembrar que Gilberto Freire era fã de quadrinhos e sempre os defendeu contra seus detratores. É uma obra obrigatória em qualquer biblioteca, seja pela importância da obra de Freire, seja pela ótima adaptação de Estevão Pinto, seja pelos belos desenhos de Ivan Rodrigues, seja pelo ótimo trabalho gráfico da editora, que publicou com formato e qualidade de álbum europeu.
terça-feira, janeiro 08, 2008
O que sabemos?
A grande maioria das pessoas tem a noção de que existe um mundo real, exterior a todos nós, compartilhado por todos. Uma cadeira é uma cadeira, em qualquer situação, para qualquer pessoal. É isso que nos diz o senso comum.
No entanto, os avanços da ciência têm demonstrado que o processo de percepção tem menos a ver com o objeto observado do que com as interações internas que fazemos na hora de ver algo.
O cientista chileno Humberto Maturana realizou algumas pesquisas interessantes com salamandras que ajudaram a desvendar essa área do conhecimento. A salamandra tem grande capacidade de regeneração. Você corta uma perna dela e nasce outra. Da mesma forma, se retirarmos seu olho e colocarmos de volta, ele se regenera. O que o Maturana fez foi retirar o olho e, na hora de colocá-lo de novo, inverteu a posição. A salamandra, na hora de caçar, joga sua língua sobre o inseto e é certeira: a língua sempre acerta seu alvo. Mas quando seu olho é invertido, ela joga a língua para o lado oposto ao inseto.
A conclusão é de que, na hora de ver, valem mais as conexões internas do que os objetos em si. Alguns cientistas, inclusive, afirmam que vemos com o cérebro, não com o olho. Experiências demonstram, por exemplo, que ao lembrarmos de um objeto acionamos as mesmas áreas do cérebro que usamos quando vemos esse objeto. Ou seja, para nosso cérebro não existe diferença entre ver algo e lembrar de algo.
Assim, não existe uma realidade externa, exterior ao observador, que possa ser captada. Toda percepção é um processo de reelaboração. Nós olhamos para algo e vemos não o que de fato é o objeto, mas aquilo que nosso cérebro, baseado inclusive nos nossos modelos de mundo, nos diz que ele é.
Só reconhecemos uma cadeira porque temos um modelo de como deve ser uma cadeira. E só nos sentamos nela porque temos expectativas a respeito de sua funcionalidade.
O filósofo T.S. Kuhn demonstrou no livro A estrutura das revoluções científicas diz que os cientistas se tornam cegos para fatos que não se encaixam em seus paradigmas. Em uma pesquisa citada por Kuhn, foram mostradas diversas cartas para várias pessoas. Algumas dessas cartas eram anômalas, como um quatro de copas preto, mas os sujeitos adequavam essas cartas às suas expectativas sobre o baralho, fazendo com que o quatro de copas preto fosse tomado com um quatro de espadas. Da mesma forma, o cientista, ao ver um fato anômalo, tem a tendência ou de ignorá-lo inconscientemente ou de adequá-lo a uma situação normal.
Cotidianamente podemos perceber essa diferença de percepção. Uma moça que é indiferente para um rapaz pode ser apaixonante para outro. Um local agradável para uns pode ser desagradável para outros.
Quando alguém acha o ser amado bonito, a beleza está muito mais nele mesmo e nas suas lembranças dos bons momentos que passaram juntos do que na realidade exterior. A idéia de que existe um mundo pronto e acabado, fixo, está, quase sempre relacionada a regimes totalitários. Para muitas pessoas o mundo é como elas o vêm e, percebendo que as outras pessoas têm percepções diferentes, acreditam que sua visão é a mais correta e querem impor essa visão aos outros. Esses costumam ser os grandes ditadores.
No entanto, os avanços da ciência têm demonstrado que o processo de percepção tem menos a ver com o objeto observado do que com as interações internas que fazemos na hora de ver algo.
O cientista chileno Humberto Maturana realizou algumas pesquisas interessantes com salamandras que ajudaram a desvendar essa área do conhecimento. A salamandra tem grande capacidade de regeneração. Você corta uma perna dela e nasce outra. Da mesma forma, se retirarmos seu olho e colocarmos de volta, ele se regenera. O que o Maturana fez foi retirar o olho e, na hora de colocá-lo de novo, inverteu a posição. A salamandra, na hora de caçar, joga sua língua sobre o inseto e é certeira: a língua sempre acerta seu alvo. Mas quando seu olho é invertido, ela joga a língua para o lado oposto ao inseto.
A conclusão é de que, na hora de ver, valem mais as conexões internas do que os objetos em si. Alguns cientistas, inclusive, afirmam que vemos com o cérebro, não com o olho. Experiências demonstram, por exemplo, que ao lembrarmos de um objeto acionamos as mesmas áreas do cérebro que usamos quando vemos esse objeto. Ou seja, para nosso cérebro não existe diferença entre ver algo e lembrar de algo.
Assim, não existe uma realidade externa, exterior ao observador, que possa ser captada. Toda percepção é um processo de reelaboração. Nós olhamos para algo e vemos não o que de fato é o objeto, mas aquilo que nosso cérebro, baseado inclusive nos nossos modelos de mundo, nos diz que ele é.
Só reconhecemos uma cadeira porque temos um modelo de como deve ser uma cadeira. E só nos sentamos nela porque temos expectativas a respeito de sua funcionalidade.
O filósofo T.S. Kuhn demonstrou no livro A estrutura das revoluções científicas diz que os cientistas se tornam cegos para fatos que não se encaixam em seus paradigmas. Em uma pesquisa citada por Kuhn, foram mostradas diversas cartas para várias pessoas. Algumas dessas cartas eram anômalas, como um quatro de copas preto, mas os sujeitos adequavam essas cartas às suas expectativas sobre o baralho, fazendo com que o quatro de copas preto fosse tomado com um quatro de espadas. Da mesma forma, o cientista, ao ver um fato anômalo, tem a tendência ou de ignorá-lo inconscientemente ou de adequá-lo a uma situação normal.
Cotidianamente podemos perceber essa diferença de percepção. Uma moça que é indiferente para um rapaz pode ser apaixonante para outro. Um local agradável para uns pode ser desagradável para outros.
Quando alguém acha o ser amado bonito, a beleza está muito mais nele mesmo e nas suas lembranças dos bons momentos que passaram juntos do que na realidade exterior. A idéia de que existe um mundo pronto e acabado, fixo, está, quase sempre relacionada a regimes totalitários. Para muitas pessoas o mundo é como elas o vêm e, percebendo que as outras pessoas têm percepções diferentes, acreditam que sua visão é a mais correta e querem impor essa visão aos outros. Esses costumam ser os grandes ditadores.
O Fantástico mostrou, na volta dos intervalos comerciais, desenhos do brasileiros Ivan Reis, considerado o melhor desenhista de super-heróis pela revista norte-americana Wizard. Parece que finalmente os ilustradores brasileiros, que já fazem sucesso há tempos nos EUA, começam a ser reconhecidos em nosso país. O compadre Bené Nascimento (Joe Bennett) recemente teve direito a uma grande exposição no solar do Barão, em Curitiba. Acostumado a ser um ilustre desconhecido em Belém, onde mora, ele se espantou ao ser recebido pelo secretário de cultura, uma banda e uma multidão de repórteres (uma das matéria saiu no Jornal Hoje). Curiosamente, a imprensa do Pará não deu uma única nota sobre o assunto. Parece que o reconhecimento da Nona Arte só não chegou ainda na região norte...
Desenho do compadre Bené Nascimento
domingo, janeiro 06, 2008
“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meianoite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar por que está chovendo...
ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro...
ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde...
ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria...
ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar...
ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com as tarefas da casa...
Ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos...
ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei,
posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim.”(Charles Chaplin)
Existe uma acusação comum de que os quadrinhos nacionais pecam por falta de bons roteiros. F.D.P., um lançamento da Un Hombre estúdio e produções, é um exemplo de como isso não é verdade. Embora os desenhos de J. Henrique e Téo Pinheiro sejam competentes, a estrela da revista é mesmo o roteirista Leo Santana.
Fernando Drummond Pessoa é um jornalista cínico, malandro e nada correto que se envolve com situações não-convencionais. Nesse número 1, um grupo de homens está assaltando um banco quando chega a polícia e eles pedem um jornalista para fazer a negociação. Fernando (ou FDP, para os mais íntimos) acaba entrando de laranja na história.
Lendo FDP, fiquei imaginando como Leo Santana se sairia escrevendo um personagem famoso, como John Constantine. Provevelmente bem. Todo bom roteirista leva em média 5 números para se acostumar com os personagens e fazer uma obra consistente (os Novos Titãs, de Marv Wolfman e George Peres foram um fracasso nos primeiros números; a série XIII, de W. Vance e J. Van Hamme parece um pastiche nos primeiros números), mas Leo Santana já mostra intimidade com o personagem desde esse primeiro número. Se tiver oportunidade, F.D.P. pode virar o John Constantine brasileiro.
A revista, com ótima impressão gráfica, pode ser comprada no site da Bodega ao preço de R$ 5,00.
história dos quadrinhos 19
¨O Super-homem é judeu!¨
Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, dizia que "Super-Homem é judeu", rebatendo a propaganda aliada feita pelos quadrinhos norte-americanos da época. Referia-se também ao fato de que os dois criadores do personagens, o roteirista Jerry Siegel e o desenhista Joe Shuster, eram judeus. Mas será que o herói é realmente judeu?
Uma leitura literal de sua história não permite esse tipo de interpretação. Afinal, o personagem é um alienígena, enviado à Terra ainda bebê e que, no trajeto, torna-se super-poderoso, vindo a ser o grande defensor da humanidade.
Entretanto, alguns pesquisadores têm destacado as semelhanças do mito super-heroiesco com o mito do messias judaico.
Os historiadores dizem que seria natural para dois judeus, num período turbulento, em que todo o povo de Israel era perseguido, criar um personagem que representasse o Messias. Para os judeus, o Messias é o enviado divino, que vem à terra para trazer uma era de paz e felicidade.
A primeira indicação de que o personagem estaria ligado a esse mito está no seu nome de batismo, Kal-el. A palavra El em hebraico que significa Deus.
Além disso, ele vem para a terra num foguete, ainda bebê, exilado de sua terra, da mesma forma que Moises é colocado em um cesto e lançado no rio para ser criado pelos egípcios. O Super-homem, como os judeus da época, inclusive seus autores, é um homem sem terra, e é obrigado a esconder sua verdadeira identidade.
No livro Homens do Amanhã, Gerard Jones diz que “histórias de identidade secreta sempre encontraram eco entre os filhos de judeus imigrantes em virtude da necessidade de máscaras; máscaras que permitiam à pessoa tornar-se um americano moderno, consumidor das coisas do mundo. Mas, ao mesmo tempo permitem fazer parte de uma sociedade antiguíssima, ser um elo de uma velha cadeia sempre que ela estivesse no seio seguro daqueles que conheciam seu segredo. Um Clark Kent nas ruas e um super-homem em casa”.
Para Jones, o Capitão América avançou ainda mais na metáfora judaica. Os leitores de quadrinhos sabem que ele é Steve Rogers, um garoto franzino, curvado, um Zé-ninguém, que, graças ao soro do super-soldado, torna-se um herói. ¨Ele é o garoto subnutrido do gueto que adquire força desmedida ao agarrar as oportunidades americanas; o ressabiado sobrevivente do velho país que renasce como o judeu combativo graças à mistura americana de violência e liberdade¨.
Na medida em que fizeram a metáfora da elevação do povo judeu através dos emergentes meios de comunicação, os autores do Capitão América capturaram também o espírito do norte-americano comum, que via seu país tornar-se a grande potência mundial, superando as velhas potências européias.
Além das metáforas mais óbvias, vale lembrar que praticamente todos os desenhistas, roteiristas, editores e donos de editores da era de ouro eram judeus. Explica-se isso pelo fato de que os quadrinhos na época eram vistos como subliteratura, desprezadas pelos chamados artistas sérios. Os judeus, ao contrário, agarraram essa oportunidade e fizeram dos super-heróis o maior símbolo da grande virada estabelecida por eles no novo mundo. Não é à toa que os nazistas eram os vilões prediletos nos quadrinhos da época.
¨O Super-homem é judeu!¨
Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, dizia que "Super-Homem é judeu", rebatendo a propaganda aliada feita pelos quadrinhos norte-americanos da época. Referia-se também ao fato de que os dois criadores do personagens, o roteirista Jerry Siegel e o desenhista Joe Shuster, eram judeus. Mas será que o herói é realmente judeu?
Uma leitura literal de sua história não permite esse tipo de interpretação. Afinal, o personagem é um alienígena, enviado à Terra ainda bebê e que, no trajeto, torna-se super-poderoso, vindo a ser o grande defensor da humanidade.
Entretanto, alguns pesquisadores têm destacado as semelhanças do mito super-heroiesco com o mito do messias judaico.
Os historiadores dizem que seria natural para dois judeus, num período turbulento, em que todo o povo de Israel era perseguido, criar um personagem que representasse o Messias. Para os judeus, o Messias é o enviado divino, que vem à terra para trazer uma era de paz e felicidade.
A primeira indicação de que o personagem estaria ligado a esse mito está no seu nome de batismo, Kal-el. A palavra El em hebraico que significa Deus.
Além disso, ele vem para a terra num foguete, ainda bebê, exilado de sua terra, da mesma forma que Moises é colocado em um cesto e lançado no rio para ser criado pelos egípcios. O Super-homem, como os judeus da época, inclusive seus autores, é um homem sem terra, e é obrigado a esconder sua verdadeira identidade.
No livro Homens do Amanhã, Gerard Jones diz que “histórias de identidade secreta sempre encontraram eco entre os filhos de judeus imigrantes em virtude da necessidade de máscaras; máscaras que permitiam à pessoa tornar-se um americano moderno, consumidor das coisas do mundo. Mas, ao mesmo tempo permitem fazer parte de uma sociedade antiguíssima, ser um elo de uma velha cadeia sempre que ela estivesse no seio seguro daqueles que conheciam seu segredo. Um Clark Kent nas ruas e um super-homem em casa”.
Para Jones, o Capitão América avançou ainda mais na metáfora judaica. Os leitores de quadrinhos sabem que ele é Steve Rogers, um garoto franzino, curvado, um Zé-ninguém, que, graças ao soro do super-soldado, torna-se um herói. ¨Ele é o garoto subnutrido do gueto que adquire força desmedida ao agarrar as oportunidades americanas; o ressabiado sobrevivente do velho país que renasce como o judeu combativo graças à mistura americana de violência e liberdade¨.
Na medida em que fizeram a metáfora da elevação do povo judeu através dos emergentes meios de comunicação, os autores do Capitão América capturaram também o espírito do norte-americano comum, que via seu país tornar-se a grande potência mundial, superando as velhas potências européias.
Além das metáforas mais óbvias, vale lembrar que praticamente todos os desenhistas, roteiristas, editores e donos de editores da era de ouro eram judeus. Explica-se isso pelo fato de que os quadrinhos na época eram vistos como subliteratura, desprezadas pelos chamados artistas sérios. Os judeus, ao contrário, agarraram essa oportunidade e fizeram dos super-heróis o maior símbolo da grande virada estabelecida por eles no novo mundo. Não é à toa que os nazistas eram os vilões prediletos nos quadrinhos da época.
quinta-feira, janeiro 03, 2008
Recebi do amigo Leo Santana e divulgo aqui:
O que é a BODEGA ?
A BODEGA é uma loja virtual de quadrinhos independentes. Nela, você vai poder encontrar diversos títulos de quadrinhos independentes brasileiros e vai poder colocar o seu título à venda, alcançando assim, um número maior de leitores.
Na BODEGA você vai poder encontrar títulos como: AVENIDA, BRADO RETUMBANTE, CRÂNIO, DEFENSORES DA PÁTRIA, ENCANTARIAS, GARAGEM HERMÉTICA, HERÓIS BRAZUCAS, HOMEM GRILO, LEÃO NEGRO, MÁSCARA NOTURNA, METEORO, O GAÚCHO, PRISMARTE, QUADRINHÓPOLE, RAIO NEGRO, TURMA DO XAXADO, VELTA e muitos outros.
São títulos nos mais variados temas como AVENTURA, CLÁSSICOS, FICÇÃO, FOLCLORE, HISTÓRICOS, INFANTIL, POLICIAL, SEXO, SUPER-HERÓIS, TERROR, WESTERN e outros.
Já são quase 100 títulos a sua disposição. E, toda semana, temos novidades.
O endereço da BODEGA é :
http://www.leonardosantana.com.br/loja/ProdutosLoja.aspx
Caso queira saber como colocar o seu título em nossa loja, mande um e-mail para:
Lsantanabr2000@yahoo.com.br
A BODEGA é uma loja virtual de quadrinhos independentes. Nela, você vai poder encontrar diversos títulos de quadrinhos independentes brasileiros e vai poder colocar o seu título à venda, alcançando assim, um número maior de leitores.
Na BODEGA você vai poder encontrar títulos como: AVENIDA, BRADO RETUMBANTE, CRÂNIO, DEFENSORES DA PÁTRIA, ENCANTARIAS, GARAGEM HERMÉTICA, HERÓIS BRAZUCAS, HOMEM GRILO, LEÃO NEGRO, MÁSCARA NOTURNA, METEORO, O GAÚCHO, PRISMARTE, QUADRINHÓPOLE, RAIO NEGRO, TURMA DO XAXADO, VELTA e muitos outros.
São títulos nos mais variados temas como AVENTURA, CLÁSSICOS, FICÇÃO, FOLCLORE, HISTÓRICOS, INFANTIL, POLICIAL, SEXO, SUPER-HERÓIS, TERROR, WESTERN e outros.
Já são quase 100 títulos a sua disposição. E, toda semana, temos novidades.
O endereço da BODEGA é :
http://www.leonardosantana.com.br/loja/ProdutosLoja.aspx
Caso queira saber como colocar o seu título em nossa loja, mande um e-mail para:
Lsantanabr2000@yahoo.com.br
A coleção L&PM Pocket já está se tornando um clássico. Num país em que o hábito de leitura não é muito cultivado, é bom ter uma coleção dedicada apenas a livros de bolso baratos. Melhor ainda porque as capas foram reformuladas e deixaram de ter aqueles fundos brancos, apresentando agora um design mais arrojado.
Além de Snoopy, é natal! (Leia resenha aqui) li mais dois livros da coleção. Ganhei de presente A barcaça da morte, uma história do detetive Maigret, de Georges Simenon e comprei Fagundes, um puxa-saco de mão-cheia, de Laerte no aeroporto de Belém, quando voltava para Macapá.
Simenon é festejado com um escritor que conseguiu trazer profundidade psicológica ao gênero policial. Henry Miller disse dele: ¨Eu não acreditava que alguém pudesse ser, ao mesmo tempo, tão popular e tão bom¨. A barcaça da morte mostra isso. É um livro bem escrito, simples, direto, sem enrolação. Uma linguagem que parece não comportar um aspecto psicológico, mas, à medida em que a trama avança, vamos percebendo a motivação estranha dos personagens. O fim tem jeito de tragédia grega. É um livrinho que dá para ler em um dia e vai fazer a festa de quem gosta do gênero policial.
Além de Snoopy, é natal! (Leia resenha aqui) li mais dois livros da coleção. Ganhei de presente A barcaça da morte, uma história do detetive Maigret, de Georges Simenon e comprei Fagundes, um puxa-saco de mão-cheia, de Laerte no aeroporto de Belém, quando voltava para Macapá.
Simenon é festejado com um escritor que conseguiu trazer profundidade psicológica ao gênero policial. Henry Miller disse dele: ¨Eu não acreditava que alguém pudesse ser, ao mesmo tempo, tão popular e tão bom¨. A barcaça da morte mostra isso. É um livro bem escrito, simples, direto, sem enrolação. Uma linguagem que parece não comportar um aspecto psicológico, mas, à medida em que a trama avança, vamos percebendo a motivação estranha dos personagens. O fim tem jeito de tragédia grega. É um livrinho que dá para ler em um dia e vai fazer a festa de quem gosta do gênero policial.
Já Fagundes é um velho conhecido dos fãs de quadrinhos. Criação do genial Laerte, ele é o maior puxa-saco do mundo. Nem quando morre deixa de ser puxa-saco (e nem o diabo aguenta tanto puxa-saquismo). O livro tem aquelas piadas clássicas do personagem (Chefinho, se espirrar, saúde) e outras mais ousadas. Laerte inventa, por exemplo, um campeonato de puxa-saquismo e coloca o personagem como puxa-saco free lancer. Essa é uma das melhores. O cliente chega:
- Bom dia... é que, sabe, estou pensando em me candidatadr...
- Sei, para governador, claro!
- Não, para deputador... puxa, você é dos bons.
- Bobagem sua, governador!
Ou seja, é Laerte na sua melhor forma. Um quadrinista que criou tantos ótimos personagens, fica difícil escolher o melhor, mas certamente Fagundes está entre os primeiros de qualquer lista.
quarta-feira, janeiro 02, 2008
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