Estudos recentes demonstram que psicopatas têm mentes com características especiais.
Uma das pistas pode estar no lobo frontal.
O auto-controle, o planejamento, o equilíbrio das necessidades dos indivíduos versus as necessidades sociais são mediadas pela parte frontal do cérebro. O córtex frontal está associado também ao medo condicionado. Quando um rato é punido toda vez que acende uma luz em uma gaiola, ele associa a luz à punição e é essa área do cérebro que é acionada.
Antônio e Hama Damasio, dois neurologistas da Universidade de Iowa investigaram as bases neurológicas da psicopatia. Eles demonstraram que indivíduos que haviam tido danos no córtex frontal ventromedial desenvolveram conduta social anormal. Eles tomavam decisões inadequadas e tinham pouca habilidade de planejamento a longo prazo.
Os dois pesquisadores reconstituiram neurologicamente o primeiro caso conhecido de alteração de personalidade em decorrência de um dano cerebral.
No século XIX, na Inglaterra, Phineas Cage, um supervisor de obras ferroviárias, perdeu uma parte do cérebro quando uma barra de ferro atravessou seu crânio após uma explosão. Ele sobreviveu muitos anos, mas se tornou abusivo e agressivo, irresponsável e mentiroso. Um conterrâneo disso dele: "Phineas não é mais o Phineas".
Os psicopatas parecem ter dificuldade também de acionar a área do cérebro responsável pela emoção. Eles só teriam as chamadas proto-emoções - sensações de prazer, fúria e dor menos intensas que o normal, o que os leva a sempre buscar novos estímulos, seja matando uma pessoa ou arriscando tudo num golpe.
Um psicopata entrevistado pelo psicólogo Hare disse: "Quando assaltei um banco, notei que uma caixa começou a tremer e a outra vomitou em cima do dinheiro, mas não consigo entender por quê. Na verdade, não entendo o que as pessoas querem dizer com a palavra medo".
Em 2001, o psiquiatra Antônio Serafim colocou presos de São Paulo para assistir cenas de corpos decapitados, crianças esquálidas com moscas nos olhos, torturas com eletrochoque e gemidos desesperados. Os criminosos tiveram reações físicas de medo, como aumento das batidas do coração, intensificação da atividade cerebral e enrijecimento dos músculos. Os psicopatas não tiveram sequer variação de batimentos cardíacos.
Uma pesquisa nos EUA demonstrou que os psicopatas têm dificuldade de identificar reações de tristeza, medo ou reprovação em rostos humanos.
Um psicopata da Califórnia saiu para comprar cerveja e, ao descobrir que havia esquecido a carteira em casa, pegou um pedaço de pau, bateu em um homem e levou o dinheiro dele.
Uma mulher deixou a filha de cinco anos ser estuprada pelo namorado. Ao ser perguntada por que deixou aquilo acontecer, ela respondeu simplesmente: "Eu não queria mais transar, então deixei que ele fosse com minha filha".
A ausência de medo da punição foi demonstrada por um experimento do psicólogo norte-americano Joe Newman, em 1987. No laboratório havia quatro montes de cartas. Sem que os jogadores soubessem, um deles estava premiado com cartas boas. Aos poucos, no entanto, a quantidade de cartas boas ia rareando até que escolher aquele monte passava a dar prejuízo. Pessoas comuns logo percebiam isso e deixavam de apostar naquele monte. Psicopatas, no entanto, continuavam tentando conseguir a recompensa anterior. "Crianças e adultos psicopatas continuam a ação mesmo repetidamente punidos", explica Newman.
Ou seja, não adianta punir ou ameaçar um psicopata. Se tiver oportunidade, ele fará tudo de novo.
Quando se fez passar por um famoso e violento policial de Curitiba, Marcelo Nascimento (aquele mesmo que se fez passar por filho do dono da gol) foi descoberto. O policial andou com ele um bom tempo, apontando sua arma para a cabeça do rapaz e fazendo roleta russa. Qualquer pessoa normal nunca mais pensaria em se fazer passar por outra pessoa, mas Marcelo já saiu do encontro pensando no próximo golpe que aplicaria.
Isso faz com que os psicólogos concordem num ponto: é impossível reabilitar um psicopata. Solto ele voltará aplicar golpes, ou a matar.
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