quinta-feira, agosto 27, 2009

A praga do Power Point


Confesso, houve uma época em que eu abusava dos recursos audio-visuais. Na época era o retroprojetor. Usava em todas as aulas. Aí, um dia uma aluna me disse que sentia dor de cabeça nas minhas aulas. Isso me fez repensar minha prática: será que realmente as transparências eram tão necessárias assim?
Então, quando surgiu o data-show e, com ele, o bendito Power Point, eu já tinha uma noção de que não poderia exagerar. A regra passou a ser: só usar o Power Point quando tivesse algo para mostrar. Por exemplo, uma aula sobre estratégias de preço pode ser trabalhada apenas com o quadro, sem problemas. Já numa aula sobre propaganda, o recurso pode ser muito útil, ao mostrar exemplos, anúncios impressos, vídeos, etc...
O Power Point é apenas um dos muitos recursos que se pode usar. Além dele, há o famoso quadro e cuspe, a leitura de textos, o estudo e casos, os exercícios, etc.
Infelizmente, nem todo mundo aprendeu isso. Já vi professor brigando porque não conseguiu um data-show para dar uma aula puramente teórica, para colocar apenas os tópicos. Outros brigam pelo data-show para colocar textos corridos, em letra microscópica branca sobre fundo escuro, que fazem o pavor dos alunos.
A revista Superinteressante deste mês traz uma interessante matéria sobre o Power Point e diz aquilo que eu já sabia: o Power Point pode ser um ótimo recurso de comunicação, ou pode ser um desastre (de fato: uma apresentação de PP mal-feita provocou a queda de um ônibus espacial). A diferença está em quando e como usar o recurso.
Ah, antes que eu me esqueça, é possível baixar um arquivo de Power Point explicando como fazer um Power Point no site da Super.

Virou festa


Depois do sucesso do programa O Aprendiz, o único reality show que vale alguma coisa, agora outras emissoras querem tirar seu naco. O SBT vai investir em um programa equivalente, capitaneado por Roberto Justus, a Record continua com O Aprendiz, agora apresentado por João Dória Jr. (será que vai dar certo?) e até a RedeTV vai lançar um programa nos moldes de O Aprendiz. Estão chupando até o osso!

Eu não entendo...

Eu não entendo essa debandada do pessoal, que está saindo do blogspot e indo para o Wordpress. Tudo bem que o Wordpress é infinitamente melhor que outros provedores, como o zip net e o weblogger, mas não vejo tanta diferença dele para o blogspot. Eu fico por aqui mesmo até ter razão para sair.

Adianta?

Adianta o governo fazer propaganda falando para os alunos lavarem as mãos a fim de evitar a gripe suína? Na maioria das escolas públicas do Amapá e até em algumas escolas particulares não tem sabão no banheiro... Aliás, 150 anos depois de Pasteur, o pessoal ainda não aprendeu que é importantíssimo ter sabão no banheiro. Lavar as mãos só com água não resolve nada. E sabão é tão baratinho... muito mais barato que remédio para gripe.

Propostas MAD para o vestibular

Na MAD 17 também tem uma matéria minha com propostas para mudar o vestibular. Abaixo, uma das propostas:

Concurso de enrolation
Uma das habilidades mais usadas pelos universitários é a de arranjar desculpas esfarrapadas para não ter entregado aquele trabalho ou feito aquela prova. Assim, um concurso de enrolation selecionaria os melhores cascateiros.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Troll tem sua identidade revelada e vira motivo de chacota

Uma americana criou um perfil falso e fez um blog para caluniar e difamar a modelo Liskula Cohen. Resultado: a modelo entrou na justiça e obrigou o Google a revelar a identidade da troll, Rosemary Port. Inconformada, esta entrou na justiça pedindo reparação. Deve perder. Primeiro porque há uma cláusula no contrato do blogger que dá ao Google o direito de revelar informações confidenciais caso haja um pedido da justiça. O mesmo contrato diz que os blogs não podem ser usados para caluniar ou difamar. Acompanhe o caso aqui.

Os terroristas islâmicos estão entre nós!

Essa é a revelação de um delegado da Policia Federal ao Josias de Souza. Chegou atrasado. Eu e o Antônio Eder já tinhamos previsto isso numa HQ publicada no Prismarte Conspirações (clique para ampliar).

Carlinhos e a carta secreta


sábado, agosto 22, 2009

Neil Gaiman O Escritor dos sonhos



O sucesso de Neil Gaiman, um dos escritores mais badalados da feira literária de Parati, fez muitos reavaliarem a importância das histórias em quadrinhos. Afinal, Gaiman começou sua carreira nos gibis. Conheça melhor a carreira desse roteirista e escritor.

Até há pouco tempo, as histórias em quadrinhos eram consideradas uma subliteratura e acreditavase que nenhum escritor sério se ocuparia de escrever gibis. O sucesso de Neil Gaiman, um escritor vindo dos quadrinhos, tem mudado a forma como as pessoas encaram essa nova mídia.
Gaiman fez parte de uma geração de artistas britânicos que, na segunda metade da década de 1980, sacudiu os Comics norte-americanos. Naquela época, vários artistas, entre desenhistas e roteiristas, invadiram a DC Comics e, embora trabalhassem com personagens menores, fizeram com que eles vendessem tão bem quanto as maiores estrelas da casa, como Batman e Superman. Neil Gaiman sempre foi fã de quadrinhos e escrevia textos, em jornais locais, sobre o assunto.
Quando soube que os editores da DC Comics, uma das mais importantes editoras dos EUA, estavam visitando a Inglaterra em busca de talentos, aproveitou a chance para mostrar seu trabalho em conjunto com o amigo Dave McKean. Para isso, ele escolheu uma personagem obscura da década de 1970, que não interessava a nenhum artista famoso na época: a "Orquídea Negra".
A minissérie de luxo "Orquídea Negra" se tornaria um sucesso e revolucionaria o mercado com sua arte fotográfica e texto poético; mas, antes que fosse publicada, os editores sugeriram que Gaiman escrevesse um título mensal. Gaiman começou, então, sua carreira em "Sandman", sendo Dave McKean responsável pelas memoráveis capas. A primeira sequência delas mostrava uma prateleira de madeira na qual o artista juntava cacarecos, desenhos e colagens.
Ninguém nunca tinha visto aquilo numa história em quadrinhos e muitos certamente compraram "Sandman" pela primeira vez por causa das capas. Mas o que fez com que eles continuassem a comprar foi o texto excelente de Gaiman.
Em Orquídea Negra e "Sandman", Neil Gaiman elevou os quadrinhos a um nível literário poucas vezes alcançado. Qualquer um que botasse os olhos naqueles gibis sabia que estava diante de um grande escritor.
O autor trazia conceitos, técnicas e abordagens da literatura, fazendo com que intelectuais se tornassem fãs de "Sandman". Até mesmo as mulheres, que normalmente são avessas aos comics americanos, acabaram se rendendo a "Sandman". Nas filas de autógrafos, especialmente no Brasil, havia geralmente mais mulheres que homens.
O trabalho em "Sandman" angariou para Gaiman vários prêmios literários. Assim, muitos se perguntaram como Gaiman se sairia num livro.
"Lugar Nenhum"
Quatro Cavaleiros do ApocalipsePersonagens descritos na terceira visão profética de João, o Apóstolo, no livro bíblico de A Revelação ou Apocalipse. São representados pelos símbolos Conquista, Guerra, Fome e Morte.
A primeira incursão de Gaiman na literatura foi uma parceria com Terry Pratchett, no livro "Belas maldições" (1990), lançado no Brasil pela Bertrand Brasil. Nessa obra, um anjo e a serpente que tentou Eva no Paraíso são mandados à Terra para preparar o Apocalipse, mas acabam gostando tanto do planeta que resolvem sabotar o plano. Interessante que os dois autores atualizaram vários conceitos, como por exemplos os quatro quatro cavaleiros do Apocalipse . Estes trocaram os cavalos por motos. Guerra é uma bela mulher que distribuiu seu atributo por onde passa; Fome é um executivo do ramo dos alimentos, que criou uma marca de comida que não engorda, mas também não alimenta. Peste aposentou-se com a invenção da penicilina, dando lugar à Poluição.

A primeira incursão solo de Gaiman na literatura foi Lugar Nenhum, escrito em 1996 e lançado no Brasil em 2007 pela Conrad.
Lugar Nenhum é adaptação de uma série de TV escrita por Gaiman para o canal britânico BBC. O personagem principal é Richard Mayhew, um jovem escocês que leva uma vida normal em Londres. Tem um bom emprego, mas meio chato, e namora uma garota ideal, embora meio chata.
Mas um dia ele encontra uma garota ferida na rua e, após socorrê-la, sua vida muda completamente. Seus colegas e até sua namorada o ignoram, como se ele não existisse, e seu apartamento é alugado para estranhos. Ele não consegue nem mesmo pegar um táxi. É que ele passou a fazer parte da Londres de Baixo, onde vivem os tipos mais excêntricos: assassinos letrados, monges negros, nobres decadentes, falantes de ratês e muitos outros. Agora, para recuperar sua vida de volta, Richard precisa ajudar Door, a garota esfaqueada, a descobrir quem matou sua família.
Gaiman preferiu, em seu primeiro romance, seguir a mesma linha fantástica que o caracterizou em Sandman. Ele decidiu pisar em terreno conhecido e que domina como ninguém. Vale lembrar que muitos afirmam que Harry Potter é uma cópia de Os livros da magia, obra em quadrinhos escrita por Neil Gaiman.
Se em Sandman e Orquídea Negra, Gaiman trouxe para os quadrinhos técnicas e temas literários, em Lugar Nenhum ele faz o caminho inverso. Trouxe para a literatura os avanços alcançados por ele nas HQs As semelhanças narrativas são óbvias.





Leia mais no site da revista Conhecimento Prático Literatura

Música do dia

Gospel
(Raul Seixas / Paulo Coelho)
Por que é que o Sol nasceu de novo
E não amanheceu?
Por que é que tanta honestidade
No espaço se perdeu?
Por que que cristo não desceu lá do céu?
E o veneno só tem gosto de mel?

Porque é que a água não matou a sede de quem bebeu?
Por que é que eu passo a vida inteira Com medo de morrer?
Por que é que os sonhos foram feitos
Pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada
Se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que é que eu tenho caneta e não consigo escrever? (Escrever)

Por que é que existem as canções
E ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão
Vem junto com o luar?
Por que que aquele que você quer também
Já tem sempre ao teu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre, sempre a perguntar? (Perguntar)

sexta-feira, agosto 21, 2009

"Difícil não é ser Ministro da Educação, difícil é ser Ministro da Educação numa época tão conservadora". Ministro da Educação, Fernando Haddad, no HQMix, falando sobre a polêmica a respeito da obra de Will Eisner.

quarta-feira, agosto 19, 2009

'Efeito Angelina': solteiras preferem paquerar os casados, indica pesquisa americana

RIO - Uma pesquisa feita pela Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, confirma o que muita mulher ciumenta já suspeitava. As solteiras preferem mesmo paquerar os homens casados. O motivo? Para elas, os casados seriam partidos melhores porque parecem mais estáveis, carinhosos e dispostos a ter filhos, ao contrário dos homens que estão solteiros há um tempo. O estudo ganhou o nome de 'Efeito Angelina', em alusão ao caso que a atriz Angelina Jolie teve com o ator Brad Pitt enquanto ele estava casado. leia mais

Darth Vader?

O desenhista JJ Marreiro levou a crise do Senado para o universo de Guerra nas Estrelas. Para ler, clique aqui.

Dica de blog

Eu já indiquei esse blog outra vez, mas sempre vale indicar blogs interessantes. Trata-se da página do juiz Gerivaldo Neiva. Além de sentenças, Gerivaldo tem publicado interessantes artigos que revelam um novo olhar sobre o Direito.

terça-feira, agosto 18, 2009


Clique aqui para baixar a apostila sobre Conhecimento científico.

Edgar Morin

Um dos pensadores mais importantes da atualidade é o francês Edgar Morin. Suas idéias, inicialmente criadas para discutir a questão do conhecimento, espalharam-se por várias áreas e tornaram-se uma referência obrigatória na área de educação a partir do livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, escrito a pedido da Unesco.
Essencialmente, o pensamento de Morin, chamado de teoria da complexidade, baseia-se na busca de uma ética na ciência e na crítica ao que ele considera os três pilares da ciência moderna: a ordem, a separabilidade e as lógicas indutivas e dedutiva. Morin também insiste na necessidade de se trabalhar com as limitações do pensamento científico.
A busca da ordem sempre foi o interesse principal da ciência. Para a ciência, caótico é tudo aquilo que é desconhecido. A partir do momento em que se descobre como algo funciona, revela-se a ordem.
A teoria da informação ensina que ordem é falta de varidade/informação. Já caos é variedade/informação em estado puro. Um relógio é um exemplo perfeito de ordem. Ele sempre fará as mesmas coisas, sempre se movimentará de maneira uniforme a totalmente previsível. Já a bolsa de valores é um fenômeno mais caótico, pois é muito mais difícil prever seus movimentos. Uma outra maneira de definir ordem, complementar à anterior, é através da determinação. Fenômenos ordenados são determinados. Determinação sugere uma relação causal. Se determinado fenômeno ocorre, ele terá obrigatoriamente uma conseqüência.
A relação de causa e consequência é extremamente determinada na Ciência Clássica, por isso o relógio foi tomado como modelo do mundo.
A crença na determinação fez com que os cientistas e filósofos sonhassem com a possibilidade de decifrar a verdade definitiva. A Ciência Clássica ignorava os fenômenos dinâmicos, que estão mais próximos do caos que da ordem. A bolsa de valores, o trânsito de cidade, as sociedades e até a vida humana são fenômenos que escapam ao determinismo. Morin vai criticar justamente essa idéia de determinismo, que até pouco tempo predominava nas ciências sociais.
Edgar Morin diz que a complexidade nos dá a liberdade, pois nos livra do determinismo. Não somos prisioneiros de uma determinação, seja biológica ou social. Ao contrário, construímos nosso próprio destino a partir de nossas escolhas, sejam elas conscientes ou não.
Para Morin, portanto, o mundo é uma mistura de caos e ordem e o cientista deve aprender a lidar com ambos.
A segunda parte da teoria de Edgar Morin, e também a mais difundida, refere-se à crítica à separabilidade. A ciência sempre trabalhou com a idéia de que, para resolver um problema, é necessário dividi-lo em pequenas partes e estudá-las uma a uma.
Esse princípio provocou a divisão do saber e a especialização, que permitiu um grande avanço tecnológico. Mas a especialização logo revelou suas deficiências, pois os cientistas, cada vez mais especializados, perderam a visão do todo.
A teoria dos sistemas demonstrou que os fenômenos são processos de retroação contínua. É, portanto impossível em algumas situações estabelecer a causa e a conseqüência. O que é causa de um fenômeno é também causada por outro fenômeno numa rede de interações infinita.
Como conseqüência da separabilidade, a responsabilidade sobre as decisões, incompreensíveis para os leigos, são deixadas nas mãos de especialistas, que não consideram as conseqüências amplas de suas ações.
Em lugar da separabilidade, Morin propõe a complexidade, que significa abraçar o todo. Ou seja, é o princípio de que é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer as partes.
A terceira parte da crítica de Edgar Morin à Ciência Clássica diz respeito à lógica indutiva. Desde Galileu a indução tem sido considerada o procedimento científico mais correto. Mas mesmo os defensores da dedução não conseguem responder a uma pergunta: quantos casos é necessário pesquisar para se chegar a uma conclusão geral sobre o assunto? Morin usa a crítica de Karl Popper para fundamentar sua posição. Para Popper, essa falha da indução faz com que ela não seja científica.
Para Popper, a ciência só pode se utilizar da dedução, em que se faz uma generalização e depois vai se pesquisar casos singulares. Se os casos baterem com a hipótese, dizemos que ela foi corroborada (não confirmada, pois é possível que estudos futuros cheguem a conclusões diferentes). Se não baterem com a hipótese, dizemos que a mesma foi falseada. Popper demonstrou que só é científico aquele conhecimento que pode se mostrar falho, ao contrário do conhecimento teológico, que não pode ser falseado.
Edgar Morin aproveitou a crítica de Popper à indução em sua filosofia, mas também fez crítica à dedução, citando o paradoxo lógico do mentiroso de Creta. Imagine que um cretense diz que todos os cretenses são mentirosos. Se ele estiver dizendo a verdade, está mentindo, pois ele também é cretense e, pela lógica, deveria estar mentindo. Se ele estiver mentindo, está dizendo a verdade. É uma situação que não tem escapatória lógica.
Embora admita que a dedução é mais confiável que a indução, Morin propõe uma nova lógica, menos classificadora, que não fosse baseada no OU/OU, mas no E/E. Uma lógica complementar e não excludente, que permitisse termos contrários, como: “A vida surge da morte”. De fato, a morte do grão é o início da semente, que irá dar origem a outra planta. A cada dia nossa pele se renova em grande parte. É a morte das células da epiderme que nos permite continuar vivendo.

Censura e ditadura

A chamada revolução de 1964, que começara sutil, envergonhada, como diz Élio Gáspari, tornou-se ditadura aberta a partir de uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, quando o Ministro Costa e Silva reuniu seus 23 ministros, no Palácio das Laranjeiras, para anunciar o Ato Institucional n. 5, que fechou o congresso, suspendeu o direito de habeas corpus aos acusados de crimes contra a segurança nacional. O presidente passou a ter o direito de intervir nos Estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
O A1 5 instalou a censura na imprensa e tornou oficial a tortura dos porões. Intelectuais e artista passaram a ser perseguidos. Em 1968, durante uma apresentação da peça Roda Viva, de Chico Buarque e dirigida por José Celso Martinez Corrêa, o espetáculo foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas que ameaçou de morte os atores. Com a decretação do A15, Geraldo Vandré, compositor dos versos "Há soldados armados, amados ou não/quase todos perdidos de arma na mão" teve que se esconder na fazenda do escritor Guimarães Rosa antes de sair para o auto-exílio. Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos, interrogados pelos militares e gentilmente "convidados" a deixar o país.
A oficialização da censura chegou ao extremo da paranóia. Não havia lógica, apenas a opinião pessoal do censor contava.
Uma história do Tio Patinhas foi censurada porque o tradutor adaptou a história, colocando a narrativa na cidade de Cananéia, coincidentemente o mesmo local em que havia sido desbaratado um núcleo de guerrilheiros.
Em 1973 a censura vetou a música "Uma vida só (pare de tomar a pílula)" porque o governo militar patrocinava uma campanha nacional de controle de natalidade e o sucesso da música incomodava. No ano seguinte, a censura vetaria a canção "Tortura de amor", de Waldick Soriano, por entender que era uma alusão à repressão. Até os filmes de Kung fu eram proibidos por conterem conteúdo maoísta.
Nesse contexto, os artistas usavam toda a criatividade e inteligência para driblar a truculência militar.
Chico Buarque era um dos mestres em colocar de maneira disfarçada em suas músicas referências ao regime. Quando soube, por exemplo, que a filha do presidente Médice apreciava seu trabalho, tascou o refrão "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta".
Uma das estratégias mais interessantes foi usada pelo crítico literário Oto Maria Carpeaux. Em um texto sobre Sherlock Holmes, ele concluiu que o personagem só poderia ter surgido na Inglaterra. “Os juízes e a polícia ingleses têm fama de serem os mais severos do mundo. Mas o seu rigor é limitado por normas legais, não menos severas”. Assim, a Inglaterra precisava usar a inteligência de um Sherlock, já que não era possível colocar um grandalhão bem armado, que poderia extorquir uma confissão da vítima. O texto, que passou pela censura, era ferina crítica à ditadura, que só usava os músculos porque era incapaz de usar a cabeça.
Já na década de 1980 a censura foi extinta (embora alguns saudosos tentem de tempos em tempos revivê-la), mas o mais interessante é que ninguém se lembra do nome de um censor, mas todos se lembram de grandes artistas, como Chico Buarque e todas as obras censuradas são hoje conhecidas e muitas reverenciadas como obras-de-arte.
É o tipo de pensamento que nos ajuda a dormir à noite.

sexta-feira, agosto 14, 2009

MAD 17 satiriza Twitter e CQC


A MAD 17, que deve chegar nos próximos dias às bancas, satiriza duas modas do momento: o CQC e o Twitter... e marca a estréia de Danilo Gentili na revista. A sátira do Twitter foi escrita por mim. A idéia, que o editor me lançou, foi imaginar como seria o Twitter se ele existisse desde a antiguidade. Bem, eu imaginei que o Twitter poderia existir antes mesmo da criação do mundo. A primeira twiteira, claro, seria a Hebe Camargo. Abaixo, alguns trechos (para ler tudo, só comprando a revista, certo?):
hebe: Hoje encontrei com Deus. Ele diz que vai criar o mundo. Gracinha.
hebecamargo: O Noé me disse que vai construir uma arca. Jovem tem cada idéia! Gracinha!

hebecamargo: Ontem servi bolinhos na Santa Ceias. Gracinha.
hebecamargo: Essa Idade Média é tão chata! Mas é uma gracinha!

napoleão: Hoje vou invadir a Rússia. Me desejem boa sorte. #russia

hitler: Hoje fui no barbeiro. Não gostei do cabelo, mas o bigode vai fazer sucesso com os emos.
hitler: Hoje vou invadir a Rússia. Me desejem boa sorte. #russia

janioquadros: Filo pq quilo. Mas não quilo pq filo. Sei lá, hoje eu to de porre! #prontofalei

Polícia do Senado: "Sim, isto aqui é uma ditadura sim!"

"Sim, isto aqui é uma ditadura sim!". A frase, dita pelo diretor da Polícia do Senado, justuificando a maneira truculenta como foram tratados os estudantes que prostestavam pela ética na política, marcou o dia de ontem. Leia a notícia completa aqui. Vale lembrar que essa mesma polícia do Senado já havia agredido o Danilo Gentili, do CQC.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Proteste já

Lúcio Flávio Pinto, um dos mais importantes jornalistas amazônidas, foi mais uma vez processado pelo grupo Maiorama, do jornal O Liberal. Para protestar, foi criado um blog, que pode ser acessado aqui.

Bebê alienígena

O uso de Photoshop em anúncios publicitários pode ser algo positivo ou negativo, dependendo de como for usado. O exemplo abaixo é bizarro. O designer fez um bebê no meio das alfaces, sem mamilos e com apens quatro dedos, como os personagens de desenhos animados.

E-mail falso sobre a gripe suína

Está circulando um e-mail com uma suposta conversa no msn sobre a gripe suína. O e-mail é assinado por uma tal de Dra Lívia Aguiar Fisioterapeuta especialista em Acupuntura e diz que a situação está fora de controle e desesperadora. Uma amiga ligou para o telefone que aparece no final da mensagem e descobriu que o número não existe. Pesquisou o nome da médica e descobriu que ela também não existe.
A mensagem foi criada por um engraçadinho disposto a criar pânico fiando-se na boa fé de pessoas que repassam mensagens sem confirmar.
Então, qual é a regrinha básica, crianças?
ANTES DE REPASSAR UM E-MAIL, CONFIRMAR PRIMEIRO COM A FONTE, TIO!

quarta-feira, agosto 12, 2009

Carlinhos


O céu é curitibano

Este curta foi feito na última vez em que estive em Curitiba. Estávamos conversando sobre as diferenças culturais entre o Amapá e o Paraná e surgiu a idéia de fazer um vídeo sobre o assunto. Dois dias antes da viagem de volta... e com câmera amadora. Mas o resultado foi divertido.

terça-feira, agosto 11, 2009

Entrevista com Franco de Rosa

O blog Toka di Rato publicou uma entrevista com o editor Franco de Rosa que vale a pena ser lida. O Franco foi uma das grandes amizades que fiz no meio editorial e a pessoa que mais incentivou a dupla Gian Danton-Joe Bennett quando estávamos no início. Se não fosse ele, talvez hoje eu não colaboraria com tantas revista e o Bené não estaria trabalhando para a DC Comics.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Super-difícil

Difícil escrever sobre isso. Há vários dias estou tentando tirar uma segunda via da minha carteira de trabalho, pois a primeira já está lotada e nos locais em que trabalho precisam da nova para anotar férias.
Além das filas, do sistema fora do ar, tive de enfrentar uma situação surreal.
Quando finalmente consegui ser atendido, a atendente não queria dar início no processo porque meu RG é antigo. De fato, foi tirado quando eu tinha só 17 anos. Por essa razão, sempre levo outros documentos com foto, caso seja necessária uma conferência. No caso, estava com a carteira de motorista, com foto recente, CPF, a carteira de trabalho antiga... estava até com identificações dos locais onde trabalho. Mas a mulher não aceitava nenhum documento. Segundo ela, eu só poderia tirar uma nova carteira de trabalho, se antes tirasse um novo documento de identidade. Para fazer isso, eu precisaria ir para Belém!
Detalhe: RG não tem prazo de validade! Legalmente, ela não pode ser recusada.
Na verdade, ela só aceitou fazer a nova carteira quando ameacei ir no Ministério Público, pois evidentemente, era má vontade (a única utilidade do RG era colocar o número na nova carteira).
O pior de tudo: tudo isso aconteceu no Super Fácil, que deveria ser um local com atendimento público modelo. Imagina se fosse Super-difícil...

Para não dizer que não falei do açaí


Uma das minhas músicas prediletas dos autores amapaenses é Para não dizer que não falei do açaí, do roqueiro Sandro Gaia. Gosto tanto da música que me ofereci para fazer um clipe e o Sandro autorizou. O resultado você vê clicando aqui.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Esperando Nemo

Eu comentava com o editor da MAD sobre a lentidão da internet aqui em Macapá quando me lembrei de uma anedota real. Na época em que a Disney-Pixar lançou o desenho Procurando Nemo nos EUA, um pirateiro macapaense começou a vender o DVD e, descuidado, traduziu o título como Esperando Nemo. Aí começou a correr a piada de que ele tinha baixado da internet e tinha ficado horas Esperando Nemo... carregar!

Carlinhos

O personagem Carlinhos, escrito por mim e desenhado pelo grande JJ Marreiro fez a sua estréia no site da MAD. O tema não poderia ser outro: ética. A tira já está entre os posts mais comentados. Para conferir, clique aqui.

O conhecimento artístico

Durante muitos anos, a visão positivista do conhecimento colocou a ciência no topo de uma pirâmide. Logo abaixo dela, vinham conhecimentos tidos como inferiores, como a filosofia, a religião e o empirismo (chamado de conhecimento vulgar). Atualmente, filósofos e cientistas começam a concordar que existem outras forma de explicar o mundo, tão importantes quanto a ciência. Uma dessas formas, cada vez mais valorizadas, é a arte. Em filmes, quadros, livros e até histórias em quadrinhos podem estar a chave para compreender o homem e o mundo em que vivemos.
Edgar Morin acredita que a arte é um elemento essencial para analisar a condição humana. No livro A cabeça bem-feita ele diz que os romances e os filmes põem à mostra as relações do ser humano com o outro, com a sociedade e o mundo: ¨O romance do século XIX e o cinema do século XX transportam-nos para dentro da História e pelos continentes, para dentro das guerras e da paz. E o milagre de um grande romance, como de um grande filme, é revelar a universalidade da condição humana¨. Assim, em toda grande obra, seja de literatura, poesia, cinema, música, pintura ou escultura, há um profundo pensamento sobre a condição humana.
Entretanto, essa maneira de ter contato com o mundo representado pela arte foi marginalizado durante décadas.

Preconceito
O círculo de Viena, importante grupo de intelectuais do início do século XX, acreditava que a imaginação era um corpo estranho à ciência, um parasita que devia ser eliminado por aqueles que pretendem fazer uma pesquisa séria.
Numa época em que o ciência era tida como a única forma válida de explicar o mundo, isso equivalia a uma sentença de morte contra a imaginação e a criatividade. Edgar Morin, no livro Introdução ao pensamento complexo explica que a imaginação, a iluminação e criação, sem as quais o progresso da ciência não teria sido possível, só entrava na ciência às escondidas. Eram condenáveis como forma de se chegar a um conhecimento sobre o mundo.
A valorização da criatividade e imaginação só aconteceu muito recentemente. O filósofo Karl Popper, por exemplo, ao observar as pesquisas de Einstein, que ele considerava o mais importante cientista do século XX, percebeu que toda descoberta desse cientista encerrava um ¨elemento irracional¨, uma¨ intuição criadora¨.
O trabalho de Thomas Kuhn, ao demonstrar os aspectos sociais e históricos na construção do conhecimento científico, abriu caminho para que a arte fosse resgatada como forma de conhecimento. Afinal, se o cientista é influenciado pelo mundo em que vive, ele também é influenciado pelos romances que lê, pelos filmes que assiste e até pelas músicas que ouve.
No Brasil, um livro importante para a aceitação da arte como forma de conhecer o mundo foi A Pesquisa em arte, de Silvio Zamboni. Na obra, o autor argumenta que a arte não só é um conhecimento por si só, como também pode constituir-se em importante veículo para outros tipos de conhecimentos, pois extraímos dela uma compreensão da experiência humana e de seus valores.

Intuição
A aceitação da arte como conhecimento implica na necessidade de compreender como ela se desenvolve. Sabe-se que existe um lado racional na produção artística, mas também existe um componente não racional e, portanto, difícil de ser verbalizado.
Uma das obras mais relevantes para a compreensão desse processo é o livro Desenhando com o lado direito do cérebro, de Betty Edwards. Baseando-se em pesquisas científicas sobre a constituição do cérebro, ela percebeu que na maioria das vezes o cérebro esquerdo é dominante na maioria das pessoas, o que dificulta a livre expressão da criatividade, já que o lado esquerdo é racional, lógico e analítico, enquanto o lado direito é intuitivo e criador.
Uma outra forma de compreender o fenômeno é relacionar o raciocínio com o consciente e a intuição com o inconsciente. Quando se pensa que algo foi esquecido, na verdade essa informação passou para o inconsciente, sendo lembrada em momentos específicos. O psicólogo Carlo Gustav Jung dizia que a intuição nos faz ver o que está acontecendo nos cantos mais escondidos de nossa mente. O filósofo Bergson afirmava que, através da intuição, problemas que julgamos insolúveis vão se resolver, ou, antes, se dissolver, seja para desaparecerem definitivamente, seja para colocarem-se de outra maneira.
A intuição surge quando o raciocínio lógico e a observação empírica falham em processar nosso contato com o mundo. A intuição surge repentinamente, sem a necessidade de qualquer percepção que passe pelos sentidos. Ela registra-se ao nível do inconsciente.
Casos de intuições são relatados nas mais diversas culturas e são tantos que desafiam uma catalogação. Após grandes acidentes aéreos é comum descobrir casos de pessoas que iam viajar naquele avião, mas, sem nenhuma explicação racional, decidiram voltar para casa.
A intuição e o uso do lado direito do cérebro não são exclusivos dos artistas. Cientistas, por exemplo, usam a intuição e a criação para elaborarem hipóteses. Entretanto, na arte, a intuição e a criação são fundamentais.
A intuição criadora, segundo os psicanalistas neofreudianos, estaria vinculada não ao inconsciente, mas ao pré-consciente, já que pode ser acessada quando ocorre um relaxamento da parte racional. Os artistas teriam essa capacidade plenamente desenvolvida, o que lhes permitiria criar obras que são importantes intuições da condição humana.

Discos voadores
Numa tarde de outubro de 1957, o futuro escritor Stephen King, então com 10 anos, estava em um cinema na cidade de Stratford, Conencticut. O filme chamava-se A invasão dos discos voadores. Na tela, os ocupantes de naves extra-terrestres eram criaturas velhas e extremamente maldosas, com seus corpos nodosos e cara enrugadas. Eles traziam raios mortais, destruição em massa e a guerra total.
Quando o filme se aproximava do clímax, as luzes acenderam e o gerente subiu ao palco. Ele parecia nervoso e pálido. ¨Eu gostaria de lhes comunicar que os russos acabam de colocar um satélite m órbita: ele se chama Sputinik¨, disse.
Um silêncio mortal tomou conta da platéia. Logo o filme recomeçou, com a voz gutural dos extraterrestres se espalhando por todos os lados: ¨Olhem para o céu... um aviso virá dos céus... olhem para oo céu...¨.
King pela primeira vez sentiu medo ao saber que os russos tinham um mecanismo no espaço, talvez sobre sua cabeça. Mas na tela tudo acabou bem. O mocinho descobriu uma arma secreta e os discos voadores foram derrotados. Os alto-falantes anunciaram em todas as eqüinas: ¨Perigo superado... perigo superado¨ e o medo mais profundo daquelas crianças, o de uma guerra nuclear, foi extirpado. Segundo King, foi um momento mágico de reintegração e segurança. Ele concluiu que inventamos horrores imaginários para poder suportar os horrores verdadeiros.
Assim, as salas de cinema na década de 1950 eram imensos divãs de analistas, onde as pessoas faziam uma sessão coletiva de catarse, do medo da terceira guerra mundial. Não é por outra razão que esse tipo de filme se tornou extremamente popular na época.


Loucos tiranos
Processo semelhante aconteceu na Alemanha da década de 1920. Nessa época proliferaram os filmes expressionistas, com vilões em busca do poder. Exemplos disso são O Consultório do Dr. Caligari, em que um psicólogo usa de seus conhecimentos para induzir um sonâmbulo a praticar crimes e Dr. Marbuse (Fritz Lang, 1922), em que um vilão assume diversas personalidades e lidera um bando de assassinos que aterrorizam a cidade.
Siegrifried Kracauer no livro De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão explica que os filmes de uma nação refletem a mentalidade desta de uma maneira mais direta que qualquer outro meio artístico. Isso acontece por dois motivos. Primeiro, porque tais filmes nunca são produto de uma só pessoa. Segundo, porque são destinados a multidões de indivíduos anônimos e fazem sucesso por revelar processos mentais ocultos. Assim, os filmes expressionistas eram protótipos da loucura e tirania que tomaria conta da Alemanha na década de 1930, sob a égide do nazismo, o que jogaria o país e o mundo em uma guerra desastrosa. Da mesma forma que os vilões do cinema, Hitler teria colocado o povo alemão numa espécie de hipnose que libertaria seu lado mais cruel.

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Influências quadrinísticas


Ontem eu estava conversando com um professor de história e ele me dizendo que se interessou por história por causa dos gibis de Conan. Da mesma forma que muitos tiveram as suas primeiras noções da teoria da evolução lendo HQs dos X-men, ele teve suas primeiras noções de quanto a história é fascinante lendo as aventuras do bárbaro...