Há muitos anos escrevo resenhas para o site Digestivo Cultura e nesse tempo descobri que, por mais que se tente ser objetivo, o gosto literário é algo muito pessoal. O que uma pessoa adora pode ser o que outra pessoa odeia, tanto que não existe um único livro que seja unanimidade.
Essa questão do gosto pessoal acaba se refletindo também na organização de antologias. Conheço uma pessoa que organiza antologias e que não aceita contos com final surpresa. Um outro organizador não gosta de contos narrados em primeira pessoa.
Exemplo disso é o conto "O segredo de Helena", escrito por mim para uma antologia sobre fadas da editora Literata. Conta a história de um homem cuja esposa morreu e que, aos poucos, vai descobrindo o segredo que ela guardou por toda a vida. Considero esse texto um dos melhores textos que escrevi em 2011. Gosto especialmente do clima de saudosimo e viuvez (nesse sentido, minha referência foi o livro Saco de Ossos, de Stephen King, que lida muito bem com o tema). Mas o texto foi recusado pelo organizador da antologia.
Posteriormente descobri uma antologia com tema semelhante, Fantasiando, da Literata e submeti o conto, que foi aceito.
Há algum tempo, o autor do blog Um café a clichy publicou uma resenha do Fantasiando e considerou esse o melhor conto do livro:
"como toda antologia, existem alguns contos que simplesmente nos ganham do início ao fim, e queremos os reler várias vezes. Gian Danton me surpreendeu novamente, agora com O Segredo de Helena, numa narrativa belíssima na qual o marido encontra algo que sua mulher falecida havia deixado escondido, que passa a lhe lembrar das coisas que passou com ela, trazendo-lhe novamente felicidade e paz".
Isso vale como lembrança especialmente para os jovens autores. Se tiver um texto recusado em uma antoloogia, não desanime e continue produzindo e tentando.
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