Desde que começamos a divulgar imagens do gibi, algumas pessoas têm me perguntado como te sido o processo de produção. O objetivo deste artigo é justamente responder a essa pergunta.
Tudo começa, claro, com a elaboração de personagens e ambientação. Tenho inveja de quem diz que cria rapidamente. Para mim esse processo costuma ser demorado e trabalhoso, assim como a elaboração da sinopse. É normal que eu escreva e reescreva nessa fase. No primeiro tratamento da Turma da Tribo, por exemplo, a história se passava no Brasil colonial. Desisti dessa abordagem porque ela não me permitiria tratar de temas contemporâneos, como os madereiros, tema do primeiro gibi. Da mesma forma, alguns personagens passaram por mudanças e até mesmo mudaram de nome. Como uma das referência era Asterix, eu procurei nomes tivessem uma pitada de trocadilho, como Toró, personagem musculoso cujo remete a chuva forte.
Eu aumento ou diminuo o nível de detalhes do meu roteiro de acordo com o desenhista. Com iniciantes costumo ser mais detalhista. Como eu sabia que o desenho seria do Ricardo Manhães, um veterano do quadrinho europeu, fiz um roteiro bem minimalista, até porque durante todo o processo de produção trocamos vários e-mails e fizemos várias mudanças, tanto nos desenhos quanto no texto. Reparem, por exemplo, que na primeira página mudamos a legenda do último quadro para evitar a palavra "inventor", já que "inventar" já havia aparecido antes no mesmo quadro.
Feito o roteiro, o Ricardo faz, à mão, o lápis, depois a arte-final (tinta preta) e finalmente a cor no computador.
Confira abaixo o roteiro e as páginas.
Página
1
Quadro
01 – Plano geral da tribo, lembrando aquelas imagens de abertura dos álbuns de
Asterix. Título e créditos neste quadro.
Texto: Esta é a
aldeia dos cunani. É uma aldeia muito diferente, com personagens muito
interessantes.
Texto: Vamos dar uma
olhadinha neles.
Quadro
03 – Abaeté, todo orgulhoso, estufando o peito. Ao lado dele, entrando no
quadro, vemos Baquara.
Texto: Este é Abaeté,
o chefe da tribo. Um homem honrado, de palavra.
Abaeté: Pode
escrever. Sou um homem de palavra!
Minhas palavras.
Quadro
04 – Baquara
entrou no quadro e agora divide atenção com o chefe. Ele começa a escrever
palavras num papel.
Baquara: Tive
uma ótima idéia! Vou inventar a escrita invisível!
Texto: Este é Baquara, o
inventor da tribo, e filho do chefe.
Sem comentários:
Enviar um comentário