Paulo Zab é meu aluno no curso de Jornalimo da Unifap. Influenciado por nossas conversas, ele acabou comprando o box das Crônica de Gelo e Fogo e se tornou um aficcionado pela série, o tipo de pessoa que lê tudo com atenção, pescando todas as referências do texto e formulando teorias sobre o desenvolvimento da trama.
Neste ele escreve sobre sobre um dos personagens mais misteriosos da série:
Jaqen diz ser de
Lorath. Sua aparição remete ao final do primeiro livro, quando Yoren, um irmão
da Patrulha da Noite que andava pelos Sete Reinos recrutando gente para vestir
o negro, retirou alguns criminosos das masmorras de Porto Real para levar para
a Muralha. Ele estava nas selas negras, que não são feitas para criminosos
comuns. Seus companheiros de sela, Rorge e Dentadas demonstraram ser verdadeiros
merecedores de tais instalações, mas os motivos que levaram Jaquen a estar lá
ainda são desconhecidos.
“- Um homem não
escolhe os companheiros nas celas negras - disse o bonito, com o cabelo
vermelho e branco. Qualquer coisa no jeito como falava lembrou-lhe Syrio; era o
mesmo, mas ao mesmo tempo diferente. - Estes dois não têm educação. Um homem
tem de pedir perdão. (A Fúria dos Reis)”
Ele é um
personagem muito interessante e intrigante. Gosto muito quando ele fala coisas
como “Um homem sabe. Um homem vê”. Sua forma de se expressar como “Rapaz,
querido rapaz, amável rapaz”, quando deveria estar desesperado com o incêndio
que iria torra-lo na carroça era interessante. Vejo Jaqen como um tipo de gênio
da lâmpada e com certeza gostaria de saber o que ele anda fazendo e pra onde
ele foi. Será que Martyn já trouxe o personagem secretamente à história, assim
como fez com Arstan Barba-Branca, que se revelou ser nada mais nada menos do
que Sor Barristan Selmy, o Ousado?
As informações
que coletei, juntamente com algumas pistas, me dão duas possibilidades, mas
antes vamos ver as informações relevantes:
“Era o mais novo
dos três, esguio, com traços delicados, sempre a sorrir. Tinha o cabelo
vermelho de um lado e branco do outro, todo embaraçado e sujo da cadeia e da
viagem. (A Fúria dos Reis).”
Jaqen não era um
criminoso aparente. Ele tinha maneiras e era bem apessoado. Uma coisa que chama
a atenção é a dualidade das cores de seus cabelos. Se fosse das cores preto e
branco ao invés de vermelho e branco poderíamos fazer uma afirmação mais
categórica com a aparência dos servos do deus de muitas faces de Bravos, mas a
cor vermelha pode fazer uma referência mais direcionada a ser um servo do deus
vermelho.
“- O Deus
Vermelho tem as suas obrigações, querida menina, e só a morte pode pagar pela vida.
Esta menina roubou três que eram dele. Esta menina deve dar três para o lugar
das que roubou. Diga os nomes, e um homem fará o resto. (A Fúria dos Reis)”.
No templo do
deus de muitas faces existem deuses de todos os tipos. Tudo porque a cidade de
Bravos tem as condições históricas para tal situação. É uma cidade cheia de vielas
e de templos. Por isso, nada impede de seus servos também fazer referências a
Hollor e aos Sete. Mas vem a pergunta, poderíamos afirmar que Hollor é o deus
vermelho? Ou estaríamos confundindo o termo por causa de seus Sacerdotes
Vermelhos? Se for assim Jaqen é um tipo que é um sacerdote vermelho, além de
conhecer outros deuses.
“Qualquer coisa
no jeito como falava lembrou-lhe Syrio; era o mesmo, mas ao mesmo tempo
diferente (A Fúria dos Reis)”.
Já neste trecho do
livro o autor faz referência a Syrio Forel, que era um homem de Bravos. Acho
que aqui podemos ter boas pistas de quem é ou pra onde foi Jaqen. Faria sentido
afirmar que Syrio, após a luta com Sor Meryn Trant, acabara sendo capturado ou
deixado capturar e assim enviado para as selas negras. Lá ele pode ter mudado
seu rosto para o de Jaqen. A missão da “pernonalidade Syrio”, que seria a de
dar o treinamento inicial à Arya havia acabado e por isso o mesmo teve de
morrer. Syrio sabia que se tivesse acontecido algo ao seu pai ela ficaria
sozinha e sem proteção.
Outro fato
importante foi o de Jaqen, apesar de ser dito que era de Lorath, acabou dando
como referência a Arya uma moeda de Bravos, afirmando que “Se chegar o dia em
que quiser voltar a me encontrar, dê essa moeda a qualquer homem de Bravos e
diga-lhe as seguintes palavras... Valar Morghulis. (A Fúria de Reis)”.
Essa foi uma das ultimas palavras que ele deu à Arya, mas chegando até
Bravos o lugar onde Arya foi parar demonstrou ser onde ela realmente poderia
aprender a utilizar os poderes que tanto lhe chamou a sua atenção: O de mudar
de rosto e o de matar, mas o próprio sacerdote da casa não conhecia o nome
Jaqen. Talvez por ser apenas mais um nome que havia adotado ou por ele
realmente não ter conhecido o sacerdote, o que acho bem difícil, pelo fato de
haver poucos.
Achei também que Jaqen poderia ter sido o primeiro homem sem rosto, mas
antes de Arya lhe aplicar uma peça pelo fato de ter seu ultimo pedido, ela
pergunta se mataria qualquer pessoa e em um dos momentos ele diz o seguinte “O antepassado de
um homem está morto há muito tempo, mas se vivesse, e se dissesse o seu nome,
morreria às suas ordens.”. Achei aqui que esse antepassado poderia ter sido o
primeiro homem sem rosto. Um antigo escravo de Valíria e não os pais de Jaqen
(considerando que ele seja um homem de meia idade e não uma criatura antiga).
Talvez Jaqen não tivesse realmente a intenção de ficar em Bravos e sim
somente ensinar Arya, que tinha ficado estupefata depois da transformação:
A boca de Arya escancarou-se:
- Quem é você?
- sussurrou, estupefata demais para sentir medo. - Como fez isso? E difícil?
Ele sorriu, revelando um cintilante dente de ouro:
- Não é mais difícil do que adotar um novo nome, se
se souber como.
- Mostre-me - ela exclamou. - Também quero fazer
isso.
- Se quiser aprender, tem de vir comigo.
Arya ficou hesitante.
- Para onde?
- Para longe, para lá do mar estreito.
- Não posso. Tenho que ir para casa. Para
Winterfell.
- Então temos de nos separar, pois também tenho
deveres a cumprir - ele levantou sua mão e pôs uma pequena moeda em sua palma.
- Tome.
- O que é isto?
- Uma moeda de grande valor.
Arya mordeu-a. Era tão dura que só podia ser de
ferro.
- Vale o suficiente para comprar um cavalo?
- Não se destina à compra de cavalos.
Jaqen disse que tinha uma missão, mas também poderia mostrar o caminho
no templo em Bravos, mas isso não quer dizer que ele ficaria lá ou muito menos
que sua missão era além do Mar Estreito.
Ele foi para a Vilavelha
Aqui fiquei
passado com a descrição do Prólogo do Festim dos Corvos e com o tal alquimista
que envenena Pate, que é um personagem fracassado e de baixo nascimento da
Cidadela. É chamado de filho de criador de porcos. A referência bate com a
descrição da nova face de Jaqen.
“- Morrer? -
ela perguntou, confusa. O que ele queria dizer? - Mas eu desdisse o nome. Agora
não precisa morrer.
- Preciso. Meu
tempo chegou ao fim - Jaqen passou uma mão sobre o rosto, da testa ao queixo, e
por onde a mão passou ele mudou. As maçãs do rosto tornaram-se mais cheias,
os olhos mais apertados; o nariz entortou-se, uma cicatriz surgiu na Bochecha
direita onde não havia nenhuma antes. E quando sacudiu a cabeça, seu longo
cabelo liso, meio vermelho e meio branco, dissolveu-se para revelar um gorro de
apertados caracóis negros. (A Fúria de Reis)”
Com um
personagem que muda de rosto o tempo todo, podemos afirmar que o mesmo pode ser
qualquer um, mas se procurarmos uma referencia ou pista nada melhor do que um
personagem que tenha uma cicatriz na bochecha direita e um cabelo preto
encaracolado. Muitas pessoas não tinham se tocado ainda, mas ele pode estar na
Cidadela. Ele é o alquimista que matou Pate:
“Pate tirou a moeda da mão do outro. O
ouro parecia‐lhe morno contra a pele da mão. Levou‐o
a boca e trincou‐o, como vira os homens fazer. Em boa
verdade, não tinha a certeza de qual era suposto ser o sabor do ouro, mas não
queria parecer um tolo.
— A chave? — inquiriu educadamente o
alquimista.
Algo levou Pate a hesitar.
— É algum livro que quereis? — Dizia‐se
que alguns dos velhos pergaminhos valirianos trancados nas caves eram as únicas
cópias que sobreviviam no mundo. Era apenas um homem, e o seu rosto era
apenas um rosto. Um rosto de jovem, comum, com faces cheias e a sombra de uma
barba. Uma ténue cicatriz entrevia‐se na bochecha direita. Tinha um nariz
adunco, e uma densa cabeleira preta que
se encaracolava, bem apertada, em volta das orelhas. Não era um rosto que
Pate reconhecesse. (O Festim dos Corvos)”.
Um individuo que
Pate não conhecia, mas também com uma cabeleira encaracolada “bem apertada” negra
e uma cicatriz do lado direito do rosto. Estava querendo a chave de uma sala,
onde só os arquimeistres da cidadela tinham acesso e ainda por cima de um lugar
cheio de pergaminhos valirianos. No final do livro, ele está na sala do
arquimeistre Marwin:
“Sam fitou a
estranha chama pálida por um momento, após o que pestanejou e afastou o olhar. Do
lado de lá da janela estava a escurecer.
— Há uma cela
vazia por baixo da minha na torre ocidental, com uma escada que leva
diretamente aos
aposentos de Walgrave — disse o jovem de cara macilenta. — Se não te importares
com o barulho dos corvos, tem uma boa vista sobre o Vinhomel. Serve?
— Suponho que
sim. — Em algum sítio tinha de dormir.
Eu levo‐te
algumas mantas de lã. Paredes de pedra ficam frias durante a noite, até mesmo
aqui.
— Obrigado. —
Havia algo no pálido e suave jovem que lhe desagradava, mas não queria parecer
descortês, de modo que acrescentou. — O meu nome não é mesmo Matador. Sou Sam.
Samwell Tarly.
— Eu chamo‐me Pate — disse o outro
— como o criador de porcos.”.
Vejo que Jaqen, na
continuidade de sua “missão”, acabou indo parar na Cidadela onde encontrou não
só Marwyn, mas também informações importantes a respeito de valíria e de suas
antigas magias. Podemos considerar também o fato da vela feita de obsidiana,
que provavelmente deve ter outras correspondente em todo mundo, e que poderia
ter sido usada para se comunicar com Jaqen ou algum membro de sua ordem. Marwyn
é um tipo de Mago, que é conhecido por dialogar com as mais variadas figuras e
que com certeza se interessaria pelas habilidades de Jaqen. Podemos também
considerar a possibilidade de Marwyn ser o mesmo Moqorro, que é um sacerdote
vermelho que no momento está servindo Victarion, mas que deve estar usando o
pirata apenas como um recurso para chegar até Daenerys.
Daario Naharis
“Ele sorriu,
revelando um cintilante dente de ouro:” (A Fúria de Reis)
Jaqen também pode ter
ido se encontrar com Daenerys para além do Mar Estreito, como havia dito para Arya.
No momento de sua transformação quando Arya se oferece para aprender suas
habilidades. Ele afirma que a ensinaria, se o acompanhasse, mas Arya ainda acha
que pode voltar a Winterfell. A suspeita de Jaqen ter se transformado em Daario
perpassa também pela série de TV, onde o mercenário participa de um sorteio
entre os capitães dos Corvos Tormentosos. Uma moeda de Bravos é utilizada para
o sorteio. Ao retirar a moeda ele sorri e diz “Valar Morghulis”. Fora isso, a
única referência direta na aparência são os dentes de Ouro:
“Daario Naharis era
extravagante até mesmo para um tyroshi. Sua barba era cortada na forma de uma
forquilha de três dentes e pintada de azul, da mesma cor dos olhos e dos
cabelos encaracolados que caíam sobre seu colarinho. Os bigodes pontiagudos
estavam pintados de dourado. A roupa era toda em tons de amarelo; uma nuvem de
renda de Myr da cor da manteiga jorrava do colarinho e das mangas, o gibão era
decorado com medalhões de latão com a forma de dentes-de-leão, arabescos
ornamentais em ouro subiam até suas coxas pelo cano das botas altas de couro.
Luvas de suave camurça amarela estavam enfiadas num cinto de anéis dourados, e
tinha as unhas pintadas de azul.”
Aqui nesta parte
já se pode ver que o cabelo não é negro, mas todos sabem que em Tyrosh os
homens pintam o cabelo. Como disse Sor Jorah, “Até na barba tem cores falsas”.
A referência do dente de ouro aparece mais adiante:
“Khaleesi -
gritou [Daario]-, trago presentes e alegres novas. Os Corvos Tormentosos são
seus. - Um dente de ouro cintilou em sua boca, quando sorriu. - E Daario
Naharis também!”.
Após ter estado
em Westeros e visualizar muitos terrores das guerras, o Homem Sem Rosto acabou
vendo que seu objetivo não estava no continente e acabou retomando seu rastro
entrando para a companhia de mercenário e chegando até sua liderança.
A exemplo das
habilidades de Jaqen, Daario também tem uma grande facilidade em matar, sendo
que ainda não foi visto como ele luta. De qualquer forma, não é qualquer pessoa
que chamaria tanto a atenção da mãe de dragões. E ele mata todos as pessoas que
Daenerys manda matar.
Paulo Zab
1 comentário:
nao tem como syrio ter ido pras celas negras e trocado de rosto pq fica claro em festim dos corvos que antes de syrio lutar com meryn trant , jaqen ja estava com yoren
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