sábado, novembro 30, 2013

O azul indiferene do céu

Não se espere na obra de Shiko a narrativa obvia e linear dos quadrinhos de aventura; seu texto pode ser considerado como uma narrativa poética, ao mesmo tempo literária e funcional.
Foi exatamente um poema que motivou Shiko a produzir no final de 2013 o álbum O azul indiferente do céu, que lançado por conta própria, mas com o apoio indefectível da loja especializada Comic House e da editora Marca de Fantasia. O trabalho corrobora a força da obra de Shiko, que ganha cada vez mais destaque no país.
A partir de um poema de Jorge Luiz Borges, encontrado com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Colômbia, assassinado em 1987, Shiko constrói uma narrativa que antecede ao fato, numa elaboração ficcional que toma a realidade perversa e violenta da América Latina como lastro, mas sem ceder à linguagem panfletária. Consistente e fluídico em seu desdobrar, Shiko nos oferece um verdadeiro poema gráfico, numa alusão à graphic novel. Leia mais

O azul indiferente do céuShiko
Série Repertório, 16.
João Pessoa: Marca de Fantasia: 2013. 68p. 17,5x27cm. 
R$22,00 + R$3,00 (postagem registrada).

Lançamento em Goiânia

Aconteceu na última quinta-feira, dia 28, o lançamento dos meus livros Grafipar, a editora que saiu do eixo e O roteiro nas histórias em quadrinhos em Goiânia. O evento aconteceu na Pizza Z e contou com a presença de várias pessoas da cena quadrinística da cidade. Confira abaixo as fotos do evento.










quinta-feira, novembro 28, 2013

Gian Danton lança livros sobre quadrinhos em Goiânia




O roteirista de quadrinhos Gian Danton irá lançar em Goiânia no dia 28 de novembro os livros Grafipar, a editora que saiu do eixo (Kalaco) e O roteiro nas histórias em quadrinhos (Marca de Fantasia). O evento acontecerá na Pizza Z do Jardim Goiás às 19:30 horas.
Grafipar, a editora que saiu o eixo conta a história de uma das mais importantes editoras de quadrinhos do Brasil. No final dos anos 1970 a editora curitibana desafiou a ditadura publicando HQs eróticas e conseguiu enorme sucesso, a ponto de muitos dos mais importantes quadrinistas brasileiros se mudarem para a cidade, criando uma vila de artistas. Entre os roteiristas da editora estava o poeta Paulo Leminski. O livro, lançado pela editora Kalaco, conta a história da editora, os bastidores da produção  e traz reproduções de algumas das histórias mais relevantes.
O roteiro nas histórias em quadrinhos é resultado de uma experiência de mais de vinte anos escrevendo quadrinhos. Nele o autor explica como criar personagens, como formatar o roteiro e como criar a ambientação. Além disso, a obra traz um capítulo explicando como foi o processo de criação da graphic novel Manticore, de sua autoria.
Gian Danton é um dos mais famosos roteiristas de quadrinhos do Brasil. Já ganhou os prêmios Araxá, PADA, HQ Mix, Ângelo Agostini e Associação Brasileira de Arte Fantástica. Por sua produção literária foi um dos homenageados na Feira do Livro do Amapá, ganhando o troféu Equinócio das Palavras.  Também foi o vencedor do I Concurso de contos e Crônicas da editora Geração. Foi um dos 50 autores escolhidos para homenagear Maurício de Sousa no álbum MSP + 50. Tem sido convidado especial em eventos de quadrinhos, o convenção Muiraquicon, em Belém, e o Curitiba Gibicon.
SERVIÇO
Lançamento dos livros Grafipar, a editora que saiu do eixo e O Roteiro nas histórias em quadrinhos
Onde: Pizza Z, Av. Jamel Cecílio, nº3099, Jd. Goiás (próximo a praça do relógio e ao Shopping Flamboyant
Quando: Dia 28 de novembro (quinta-feira) às 19:30 h.

quarta-feira, novembro 27, 2013

Depois da Terra

Às vezes um filme acaba sendo prejudicado pelo que se espera dele. É o caso de Depois da Terra, filme dirigido por M. Night Shyamalan. Todos sabem que a película tinha o objetivo de alavancar a carreira do filho de Will Smith, e, assim, muitos esperavam apenas mais um filme de ação hollywoodiano. Por outro lado, os fãs de M. Night Shyamalan esperavam mais um suspense com final surpresa que caracterizou o diretor em obras como Sexto Sentido e Corpo Fechado. Depois da Terra acaba não sendo nem um, nem outro, mas o saldo disso é positivo. O diretor conseguiu imprimir seu estilo à película, transformando-a em uma FC reflexiva, intimista, em que as peripécias de Jaden Smith são na verdade, apenas a parte visível de uma personalidade que vai sendo mostrada aos poucos. A conflituosa relação com o pai acrescenta mais uma camada a esse personagem surpreendentemente tridimensional. Apesar de não ser um filme autoral, Shyamalan imprimiu sua marca a cada take. Está tudo lá, os planos, a floresta (que lembra muito A Vila) e até os flash backs muito bem colocados na narrativa, em momentos-chave. Esqueça o preconceito e assista.

terça-feira, novembro 26, 2013

Hermafroditas




Encontrei em um sebo daqui de Macapá uma coleção chamada Paradigmas, da editora Século Futuro. Pelo que pude perceber, é um vesão nacional de uma coleção chilena. A tradução escorrega em alguns termos (os golfinhos, por exemplo, são chamados de delfins em um artigo. O rei Salomão é chamado de Solomón em outro), mas os artigos de origem parecem ser bons, escritos por gente que entende do assunto. Cada livreto trata de quatro temas. O que mais me chamou atenção tratava da inteligência dos golfinhos, de visões da morte, de poderes psi e de hermafroditas.
            O texto sobre hermafroditas se revelou de um inusitado interesse histórico. Bem poderia constar no volume História Universal da Infâmia, de Jorge Luís Borges se fosse um pouco mais bem escrito.
            Os hermafroditas sempre existiram, apesar de durante séculos a medicina negar isso. Há uma grande variedade de pinturas e estátuas gregas sobre o tema. Os gregos pareciam ser fascinados pelo tema e explicavam o fenômeno através da união do filho de Hermes com a Afodite, que teria dado origem a um ser metade homem, metade mulher (ilustrando este texto, coloquei duas estátuas gregas sobre o tema). Mas os primeiros relatos históricos ocorrem a partir da Idade Média.
            Em uma delas o abade do mosteiro de Santa Genoveva descobriu que faltava dinheiro no tesouro do mosteiro e as suspeitas recaíram sobre um jovem que morava lá desde os 12 anos. O abade ordenou que fosse desnudado e açoitado. O rapaz se desesperou com a pena e pediu misericórdia. Disse que tinha nascido homem, mas que com o tempo percebera que era mulher. Nisso o verdadeiro ladrão foi pego. O abade pediu o exame de médicos, que chegaram à conclusão de que se tratava, de fato, de uma mulher. Ela passou a se vestir de mulher, casou-se e teve dois filhos.
            Casos como esse, como final feliz, são a excessão quando se trata de hermafroditas. 

            Um caso que escandalizou a França no século XVII foi o de Marie le Marcis.
            Ela nascera mulher, de uma família pobre, que a colocou para trabalhar como camareira. Em das casas em que trabalhou, teve que dividir a cama com uma enfermeira viúva, Jeanne Lefébure. Na intimidade da noite, revelou a ela a curiosidade de sua sexualidade e as duas começaram a se relacionar.
            O amor foi crescendo e as duas decidiram se casar. Elas foram falar com Guillaume, pai de Marie, mas ela tentou convencê-las a mudar de opinião. Elas foram então procurar os parentes de Jeanne, que as aconselharam a consultar a penitenciária de Rouen. Para viajar, Marie se vestiu de homem e passou a se chamar Marin.
            As duas foram presas assim que se descobriu o caso e levadas a um tribunal. O juiz se viu sem saber o que fazer já que, apesar dos sinais aparentes de feminilidade, as duas declaravam que Marie era na verdade um homem. A viúva chegou a declarar inclusive que o seu sexo era perfeitamente capaz de realizar os atos maritais e que Marie, inclusive a satisfazia mais do que seu antigo marido.
            Uma junta de especialistas foi chamada e conclui que Maria não tinha nenhum sinal de virilidade.
            No julgamento, Marie reclamou que os supostos especialistas não haviam examinado seu sexo. Mas o processo estava encerrado e as duas foram entregues à Câmara do Conselho.
            O procurador do rei pediu ambas fossem condenadas, declarando-se culpadas com a cabeça e os pés descobertos, diante de uma igreja. Depois Marie seria queimada viva e seus bens confiscados. Jeanne assistiria à execução de sua cúmplice e depois seria açoitada e expulsa da região.
            Entretanto, antes que as penas fossem aplicadas, elas foram levadas ao Parlamento de Rouen, que pediu um novo exame de uma equipe de especialistas composta por 10 doutores em medicina, dois praticantes e duas parteiras.
            Marie foi examinada e a equipe declarou que não encontrou nela qualquer traço feminino, mas um dos médicos se revoltou com o exame superficial, já que a comissão havia se contentado com exames externos alegando que seria indecente apalpar o sexo da acusada. Mesmo diante da hojeriza dos colegas, ele examinou Marie e percebeu que ela era viril. Foi a salvação das duas, que foram inocentadas. Marie foi orientada a continuar se vestindo de mulher até os 25 anos e foi proibida de manter relações sexuais com qualquer pessoa, sob pena de morte.
            Pouco tempo depois, uma disputa por poder revelou outro famoso famoso caso de hermafroditismo na França.
            Nessa época a abadessa do Convento das Filhas de Deus cedeu seus benefícios eclesiásticos à sobrinha, senhorita d´Appremont. Mas havia uma outra pretendente ao cargo, irmã Damilly, que, em sua ofensiva, acusou d´Apremont de ser hermafrodita.
            O advogado de defesa alegou a lei de Longi tempori preascriptione, segundo a qual não se deve perturbar aqueles que estão de boa fé, na posse de algo por mais de 20 anos. A freira possuía sua feminilidade há mais de 50 anos e, portanto, seu sexo não poderia ser questionado. Além disso, a religiosa se opunha a qualquer exame: Não há nada de mais vergonhoso que este exame para o qual nem a noite tem suficiente escuridão, nem a natureza suficientes véus".
            O caso foi levado à corte eclesiástica de Chartres e se recorreu apenas a testemunhos de pessoas que diziam ter feito sexo com a religiosa. Como consequência, d´Appremont foi considerada culpada de abusar dos dois sexos e condenada a ser enforcada e depois queimada.
            O advogado da condenada apelou e conseguiu que a freira fosse examinada por especialistas, que concluiram que d´Appremont tinha os dois sexos. Ela foi, então, condenada a ser presa e açoitada e todos os seus bens foram confiscados.
            Outtro caso que angariou atenções na França e serviu de exemplo por parte dos iluministas, de que era necessária uma era de razão foi o Jean-Baptiste Grandjean. Ele nasceu mulher, com o nome de Claudine, mas aos 14 anos começou a perceber alterações não só físicas, mas também emocionais. Ela só se interessava por moças. A pedido do pai, foi se confessar com um padre, que disse que ela deveria se vestir de homem, pois continuar se vestindo de mulher seria cometer pecado contra a religião.
            Assim Claudine virou Jean-Baptiste e chamou a atenção de todas as moças da região. A primeira a manter relações com ele foi uma tal de Legrand, que seria fatal para o hermafrodita.
            Algum tempo depois ele conheceu Françoise Lambert e se casou com ela. Quis um destino que um dia a esposa se encontrasse com a antiga amante do marido, que a alertou para o fato de que seu esposo era um hermafrodita.
            A mulher consultou um confessor, que a aconselhou a não ter mais intimidades com o marido até que o caso fosse esclarecido. O casal ficou de visitar o Vigário, mas antes que isso ocorresse, Legrand já havia espalhado para todos o caso.
            A história chegou ao ouvido do Procurador, que ordenou a prisão de Jean-Bapitiste e posterior exame.
            Uma comissão designada concluiu que, embora tivesse traços de virilidade, a pessoa em questão era uma mulher.
            Grandjena foi condenado por profanar o sagrado sacramento do casamento. Seri exposto em praça pública por três dias, açoitado e ficaria em prisão perpétua.
            O rapaz apelou ao parlamento e passou a ser defendido pelo famoso advogado Verneil. Este analisou melhor o relatório dos especialistas e concluiu que seu cliente tinha sexualidade indefinida. Ele alegou que seu cliente tinha presunção de boa-fé, o que atenuava o delito.
            O parlamento admitiu a argumentação e absorveu o réu, mas também anulou seu casamento e impediu-o de casar novamente. Foi o último caso de hermafrodita levado aos tribunais.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Lançamento em Goiania


Vídeos íntimos, “revenge porn” e lei proposta por Romário

Você apoia quem espalha vídeos íntimos na web? (Foto: iStock)Na hora do sexo vale tudo. Vale tirar toda a roupa ou só dar aquela levantadinha na saia. Vale deitar na cama ou ficar sobre a mesa. Vale guardar todos os segundos na memória ou esquecer no dia seguinte do que rolou. O importante é que tudo que aconteceu só interessa aos envolvidos.
E por envolvidos estou falando de quem participou ativamente do sexo. A roupa, a calcinha, as posições, as preferências e os fetiches. Tudo isso só diz respeito a quem estava transando naquele exato momento. Então por que temos visto tantos vídeos e fotos se espalhando pela internet?
A resposta é simples: porque as pessoas não têm ética. É muito fácil reclamar do governo, das empresas, da polícia. Dizer que ninguém age como deveria, que ninguém presta e, então, apoiar uma pessoa que invade assim a intimidade alheia. Você apenas está sendo tão podre – ou mais – do que aquele que critica. E aqui não há meio termo.
Quem faz o vídeo ou tira as fotos não é a pessoa errada. Ela estava se divertindo naquele momento e a tudo fazia parte do contexto. O problema é tirar essas coisas do contexto em que foram criadas. E repassar esse tipo de material faz de você uma pessoa tão horrível quanto quem as divulgou em um primeiro momento. Leia mais

segunda-feira, novembro 18, 2013

Terrir

Terrir é uma antologia que une terror e humor da editora Estronho da qual participo com o conto "O monstro do Lago Ness". Os meus exemplares ainda não chegaram, mas hoje a editora disponibilizou no Facebook a imagem da edição impressa. Ficou bacana. Mais um projeto que me dá orgulho ter participado. Para quem interessado, o livro pode ser comprado com desconto de pré-venda no site do Estronho. Confira abaixo as imagens.


domingo, novembro 17, 2013

Rom, o cavaleiro espacial ou como transformar um boneco tosco em um clássico dos quadrinhos

Rom, o cavaleiro espacial, foi uma série em quadrinhos baseada em um boneco criado por
Bing McCo. A empresa responsável, Parker Brothers, convenceu a Marvel a criar histórias em quadrinhos do personagem como forma de alavancar as vendas. Foram chamados o roteirista Bill Mantlo e o desenhista Sal Buscema, responsáveis por uma fase memóravel do Hulk.
A dupla deu personalidade para o ciborgue e criou toda uma mitologia à sua volta. Na primeira revista, Rom chega à Terra com a missão de perseguir os Espectros, alienígenas malígnos que se escondiam no planeta. Ele vinha de uma civilização pacífica que quase havia sido dizimada pelos Espectros e só havia sido salva por heróis, que haviam se habilitado a se fundirem com máquinas, transformando-se em guerreiros invencíveis, mas perdendo, no processo, a possibilidade de voltarem aos seus corpos humanos.

Ironicamente, o boneco foi um fiasco (de fato, era tosco ao extremo), mas a história em quadrinhos se tornou um sucesso, chegando a 75 edições da série regular, fora especiais. No Brasil, a série conquistou uma legião de fãs.
Como os direitos pertencem à Parker, a Marvel não pode mais publicar histórias do personagem. Na verdade, não pode nem mesmo republicar as histórias clássicas.
Em ocasiões como essa que os scans acabam cumprindo um grade serviço. Neste link é possível baixar quase todas as revistas do personagem.  É diversão garantida. 

O verdadeiro final da Caverna do Dragão



Caverna do Dragão foi um desenho animado criado em 1983, nos Estados Unidos, baseado no RPG Dungeons and Dragons. Entre os seus criadores estão o roteiro de quadrinhos Mark Evanier, famoso pelo personagem Groo.
A série mostrava as crianças entrando em uma espécie de trem fantasma que se transformava em um portal para uma dimensão repleta de dragões, magos, anões e diversas outras criaturas mágicas. Nesse mundo eles conhecem o Mestre dos Magos e o vilão Vingador. A maioria dos episódios girava em torno da tentativa dos mesmos de voltarem para a terra, algo que eles nunca conseguiam.
No Brasil, assim como nos EUA, a série foi um enorme sucesso. Entretanto, ela foi descontinuada depois da terceira temporada, no auge da fama. Na verdade, nem mesmo o último episódio dessa temporada foi produzido. A razão é que a empresa responsável pela marca Dugeon and Dragons faliu e a produtora CBS e a Marvel resolveram parar a produção.
O fato de não ter sido um final transformou o desenho em uma lenda urbana. Começaram a surgir vários finais alternativos, escritos na forma de fanfic. O mais famoso deles dizia que as crianças estavam no inferno e que o Mestre dos Magos e o Vingador eram a mesma pessoa.
Entretanto, existiu o roteiro de um episódio final da terceira temporada com o título de Réquiem. Escrito por Michael Reaves, que pode ser considerado o final oficial:"Este episódio foi escrito de forma que tivesse um duplo sentido, ambíguo e triunfante: se o desenho não continuasse, o final seria satisfatório; se continuasse, o episódio serviria de trampolim para uma nova direção". Esse episódio deveria se chamar redenção, mas os produtores acharam que o título era muito explícito.
Recentemente o roteirista disponibilizou o roteiro na internet e o brasileiro Reinaldo Rocha fez a versão em quadrinhos. Clique aqui para baixar o roteiro em PDF e aqui para ler a versão em quadrinhos.