O surgimento do Super-homem foi um fenômeno de vendas
sem precedentes. Logo todo editor estava pedindo a seus artistas que fizesse
cópias daquele heróis. Uma dessas cópias surgiu um ano mais tarde, em 1939 e
ficaria tão famoso quanto o Homem de aço: o Batman.
Bob Kane, assim como os criadores de Super-homem, era
um garoto judeu que sonhava se tornar uma estrela com os quadrinhos. Seu pai
era gráfico do New York Daily e conhecia um pouco do negócio (o que faria
grande diferença na hora de negociar os direitos autorais).
Bob queria criar um super-herói que fizesse tanto
sucesso quanto o super-homem. Acontece que ele não era exatamente um
intelectual, e não conseguia escrever a histórias. Quando ele conheceu o jovem
escritor Bill Finger, foi um casamento perfeito. Embora Finger pretendesse se
tornar um escritor sério, ele também era apaixonado pelos pulp fiction e estava
disposto a produzir qualquer coisa que lhe rendesse dinheiro.
Procurando inspiração para sua criação, Bob Kane
vasculhou sua coleção de Flash Gordon e se deparou com os homens-pássaros
desenhados por Alex Raymond. Ele então apresentou para Finger um herói vestido
de vermelho, com asas mecânicas, chamado Homem-pássaro.
Finger achou que não era uma boa idéia. Como o
personagem ia estrelar uma revista chamada Detetive Comics, ele pensava que
deveria ter um ar mais soturno, uma criatura noturna, furtiva, envolta em uma
capa preta. Que tal se fosse inspirado num morcego? Eles bolaram então um
personagem vestido de cinza, com uma capa preta recortada, um capuz com orelhas
e olhos que pareciam apenas frestas, dando um ar assustador ao conjunto. Para
completar o conjunto, colocaram um morcego no peito do herói (para imitar o S
do Super-homem) e lhe deram um cinto de utilidades com mil e uma bugigangas.
Os editores da National acharam o personagem perfeito
para a Detetive Comics, mas Kane se negou a vender os direitos totais do
personagem. Seu pai consultou um advogado e conseguiram um bom contrato que
garantia muitos direitos para o desenhista. Posteriormente, quando Jerry Siegel
e Joe Shuster tentaram conseguir na justiça os direitos do Super-homem, estes
procuraram Bob para que ele entrasse com eles no processo. Ao invés de fazer
isso, ele procurou a editora e negociou um contrato ainda melhor para ele.
Batman estreou no número 27 da revista Detetive Comics,
em maio de 1939 e foi um sucesso imediato. Como Bill Finger não conseguia dar
conta de todos os roteiros, Kane pediu à editora um segundo roteirista e
apareceu Gardner Fox, que, na primeira história, mostrou o personagem levando
um tiro. Isso definiu algo que ficaria claro nos anos seguintes: o personagem
era o oposto do Super-homem. Enquanto um era a luz, o outro era as trevas.
Enquanto o Super-homem vivia na ensolarada e otimista Metrópolis, Batman se
esgueirava pelos becos escuros da corrompida Gothan City. Se o Super-homem era
invencível e gostava de ricochetear balas em seu peito, o Batman era falível,
um humano normal, que só ganhava graças à sua astúcia e ao cinto de utilidades.
Por muito tempo os leitores achavam que Bob Kane fazia
todos os desenhos (a sua assinatura constava em todas as histórias), mas logo
surgiram vários desenhistas fantasmas. Entre eles, Jerry Robinson, Jim Mooney e
Sheldon Moldoff. Na época, Kane ficou famoso e costumava levar garotas em seus
carrões para ver sua mansão adornada por uma série de quadros de palhaços
pintados por ele. Dizia-se que até esses quadros haviam sido feitos por um
desenhista fantasma.
Com o tempo, a descoberta de que muitas crianças liam
a história fez com que fosse introduzido um parceiro mirim, o Robin. A partir
de então, todo herói que se prezava tinha que ter um parceiro infantil.
Geralmente eram eles que vendiam lancheiras para crianças.
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