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Jonas e Alan saíram correndo pela
rua, enquanto os outros olhavam pela janela. Corriam e gritavam, mas o mendigo
ia se afastando e parecia não tê-los percebido.
Finalmente, Alan, mais rápido,
alcançou-o e tocou em seu ombro.
O mendigo virou-se mais
rapidamente do que era de se esperar e brandiu o cajado. Se Alan não tivesse se
desviado a tempo, teria acertado diretamente sua cabeça.
A distância parecia um velho,
talvez de sessenta anos, mas agora via-se que era bem mais jovem, certamente
com menos de cinquenta anos.
O homem ficou lá, parado, batendo
no ar com o cajado e emitindo resmungos incompreensíveis. Quando viu Jonas,
pareceu ainda mais assustado.
Jonas aproximou-se lentamente, as
mãos espalmadas na frente do peito, para mostrar que não estava armado.
- Calma, viemos em paz!
Mas o outro não respondeu. Ao
contrário, grunhiu, arregrando os dentes por trás da barba enorme e desfeita.
-
Ele é surdo! – concluiu Jonas.
Teve uma ideia: mudou o gesto para
a os dedos na direção da boca, como se estivesse comendo. Isso pareceu fazer
efeito. O outro arrefeceu com a clava e olhou, intrigado. Jonas sorriu, fez de
novo o gesto e apontou para trás, para o shopping.
- Temos comida. – disse, mesmo
sabendo que o outro não ouviria. No fundo, esperava que ele pudesse de alguma
forma compreender seus movimentos de lábios.
O mendigo repetiu o gesto de comer
e grunhiu e Jonas soube que tinha conseguido se comunicar. Virou-se para Alan
e, indicando com os olhos, colocaram-se na direção do shopping.
O mendigo foi atrás.
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