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Depois de observarem durante algum
tempo a multidão de zumbis em caos, o grupo de homens se separou. Alan e
Tiozinho ficaram junto à escada, enquanto Jonas e Edgar saíram em busca de
outro tipo de armas, já que as facas que haviam usado anteriormente haviam se
revelado um fiasco. Os dois entraram em uma loja de esportes, onde Jonas achou
canos de alteres que, embora pesados, pareciam perfeitos para missão. Estava
procurando arcos e flechas (Edgar os vira em uma visita ao shopping e
acreditava que estivessem no depósito) quando ouviram o grito de Alan e saíram
correndo.
Quando se aproximaram da escada,
ouviram o barulho lá embaixo. Alan recebeu-os, lívido:
- Um deles está tirando os
obstáculos!
De fato, um rapaz se debatia
ensandecido, mas, em um gesto de inteligência, retirava as cadeiras e outros
objetos colocados ali, subindo degrau a degrau, lenta mas inevitavelmente.
O rapaz enlouquecido vinha
subindo, agitando as mãos e pernas e retirando os obstáculos. Atrás dele, um
grupo se acumulava, aproveitando a escada desimpedida para subir.
Jonas, Edgar e Alan pareciam
petrificados pelo espanto. Até aquele momento nenhum dos zumbis havia revelado
habilidades motoras. Aparentemente não sabiam abrir fechaduras ou qualquer
atividade mais complexa. Eram apenas fúria descontrolada, mas aquele rapaz,
para além de sua fúria, parecia, de alguma forma, inteligente.
Faltavam poucos metros para o topo
da escada quando o mendigo pulou os poucos obstáculos que sobraram e investiu
contra o zumbi. Seu bastão de madeira tosca acertou-lhe a cabeça em cheio,
quebrando alguns dentes.
O rapaz cuspiu os dentes e
avançou, seus olhos repletos de raiva irracional, na direção do mendigo. Este
respondeu com outro golpe, dessa vez mortal.
O zumbi caiu para trás, tombando sobre
outros, que subiam a escada. Irracionais, passaram alguns momentos sem saber o
que fazer, tempo o bastante para que o mendigo investisse contra eles com
poderosos golpes de bastão. Quando finalmente despertaram do torpor inicial,
jogaram o morto das escadas e avançaram, apenas para serem igualmente
golpeados. Lá em cima, no segundo andar, ouviu-se palmas. Era Dani, que
aplaudia e gritava:
- Vai, tiozinho, vai!
O mendigo evidentemente não ouvia,
mas agia como se estivesse ouvindo. Seu bastão girava de um lado a outro e, no
espaço apertado da escada rolante, provocava grande estrago. A madeira ia
acertando indiscriminadamente olhos, dentes, narizes, até racharem crânios. Os
mortos eram jogados para fora da escada e substituídos por outros, que não tinham
chance de se aproximar.
A essa altura, até mesmo os homens
davam urras. Eles haviam se aproximado do mendigo, mas o espaço era pequeno
demais e os golpes de Tiozinho não permitiam que houvesse alguém ao seu lado.
Assim, só observavam, torcendo.
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