Todo filme de suspense depende sobremaneira da sonoplastia. Experimente
assistir qualquer clássico do gênero sem som e verá o quanto a obra perde em
impacto. Mas nenhum outro filme levou a questão da sonoplastia ao nível
narrativo como Um lugar silencioso.
Na história, os humanos são perseguidos e mortos por seres
praticamente invencíveis (não fica clara a origem deles). Mas as criaturas são
cegas, orientando-se apenas pela audição.
Assim, acompanhamos a vida de uma família de sobreviventes e
as estratégias usadas por eles para evitar qualquer tipo de barulho que possa
aproximar chamar atenção das criaturas. Por essa razão, o silêncio domina quase
toda a película – até mesmo os diálogos são em linguagem de sinais. Não há
trilha sonora – exceto quando o casal de protagonistas está ouvindo música com
fones de ouvido em um breve interlúdio romântico em meio à constante tensão.
O silêncio destaca ainda mais a sonoplastia a ponto do
expectador se sentir tenso a qualquer mínimo barulho – e o que faz com que os
sustos tenham efeito ainda mais aterrador.
O filme é tenso da primeira à última tomada e quando mal
percebemos chegar ao fim tão envolvidos estamos com a história.
PS: Algumas pessoas que leram meu livro O uivo da górgona
compararam as duas histórias – no meu livro o som tem papel semelhante, embora
ali os monstros sejam os nossos já conhecidos zumbis.
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