Um dos fatores mais importantes para a
popularização das histórias em quadrinhos em todo o mundo foi a criação dos
syndicates. Acusados pelos nacionalistas de terem sufocado os quadrinhos
regionais, impondo a dominação norte-americana, os syndicates são empresas
distribuidoras de tiras de páginas dominicais.
O primeiro
syndicate surgiu devido ao problema jurídico com os personagens da série “Os
sobrinhos do capitão’.
Essa HQ foi
baseada em uma história infantil alemã, Max e Moritz, de autoria do poeta e
cartunista Wilheim Bush. Essa obra, publicada originalmente em 1865, chegou a
ser lançada no Brasil com o nome de Juca e Chico, com tradução de Olavo Bilac.
Ainda
menino, William Randolph Hearst viajou para a Europa com sua mãe e lá comprou
diversos livros, entre eles Max e Moritz.
Anos mais
tarde, quando já era um magnata da imprensa norte-americana, decidiu incluir
quadrinhos infantis em seu periódico, o New York Journal, e lembrou-se daquela
história que o encantara quando criança. Assim, ele chamou um talentoso
desenhista de origem alemã, Rudolf Dirks para criar personagens baseados em Max
e Moritz.
Dirks criou
a série Katzenjammer Kids, algo como os garotos ressaca. Nela, são apresentados
dois gêmeos, Hanz, de cabelos escuros, e Fritz, de cabelos claros, que passam o
dia fazendo traquinagens. A mãe dos dois pestinhas, Mama Katzenjammer (no
Brasil Dona Chucrutz) acha que tem dois anjinhos em casa e passa o dia fazendo
deliciosas tortas para os dois.
As vítimas
inevitáveis da arte dos garotos são o capitão e inspetor escolar. Esses dois
malandros gostariam de passar o tempo vadiando, mas acabam gastando metade do dia
castigando os gêmeos e a outra metade sendo vítimas deles.
Em 1913,
Dirks passou seus personagens para o New York World, de propriedade do Joseph
Pulitzer, o maior inimigo de Hearst. Esse considerou a deserção uma ofensa e
resolveu brigar nos tribunais pelos personagens.
Travou-se
uma longa batalha judicial, mas o tribunal decidiu-se por uma solução
conciliadora. Dirks poderia continuar desenhando seus personagens para o World,
mas teria que trocar o título e Hearst poderia continuar publicando em seu
jornal os personagens com o título e personagens originais. Para isso, o dono
do New York Journal chamou o talentoso Harold Kner, que manteve o mesmo nível
de qualidade da HQ.
A discussão
com os personagens de Dircks teve como resultado o primeiro syndicate: a International
News Service - que ficaria conhecida mais tarde como King Features Syndicate.
A partir
daí os artistas deixavam de trabalhar para os jornais e passavam a produzir
para os syndicates, que reproduziam suas histórias e vendiam para vários
jornais. Isso barateou muito o preço das HQs, pois a mesma tira era vendida
para diversos jornais dos EUA e posteriormente de todo o mundo.
Um dos primeiros personagens a serem
internacionalizados foi Pafúncio, de George MacManus. Desenhado em estilo
“art-decó”, Pafúncio e Marocas (esse era o nome da série no Brasil)
refletia a abastança da classe média americana no início do século. A pompa e a
futilidade do norte-americano médio foram muito bem satirizadas nessa tira
diária de MacManus.
A onda de quadrinhos humorísticos
acabaria com a crise de 1929, que fez com que os leitores preferissem os
quadrinhos de aventura.
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