Apesar da forte
concorrência dos quadrinhos americanos e dos mangás, os quadrinhos italianos
ainda sobrevivem e fazem sucesso em vários países principalmente na forma de gibis
grossos, com histórias em preto e branco, muitas vezes tratando do velho oeste
americano. São os fumetti, cujo melhor exemplo é Tex.
Após a II Guerra
Mundial, a Itália parecia buscar uma identididade cultural e ela, em muitos
sentidos, foi conseguida através do fumettis. O primeiro personagem a fazer
sucesso no pós-guerrra foi L´Asso di Piche, com roteiro de Alberto Ongaro e
desenhos de Mario Faustinelli e Hugo Pratt. O personagem era uma mistura de
Fantasma, Batman e Spirit e fez pouco sucesso de público, mas garantiu
contratos para que seus autores fossem atuar na Argentina.
Na década de 1950 os
editores italianos viram as vendas dos comics americanos decaírem e resolveram
investir em produtos nacionais.
Tex Willer, surgido
em 1948 foi o personagem que fez mais sucesso. Ele é um ranger, casado com a
filha de um chefe índio, com quem tem um filho, Kit. Até então, a maioria dos
faroestes mostravam os índios apenas como selvagens a serem mortos. Tex
revolucionou ao mostrá-los com simpatia. Mas, segundo a História de Los Comics,
a razão do sucesso estava principalmente no desenho realista e ágil de aurélio
Galleppini e nos roteiros de Gian Luigi Bonelli, sempre muito exatos nas
informações históricas e geográficas. ¨Sempre tenho tentado recriar a
verdadeira atmosfera do velho oeste, em que homens justos se viam obrigados a
usar a lei do colt para reprimir os abusos e violências de homens sem
escrúpulos. Por isso, tenho usado uma linguagem forte e roteiros violentos¨,
declarou Bonelli.
A editora Bonelli
praticamente padronizou os quadrinhos populares italinos, publicando gibis
auto-contidos, com histórias longas em preto e branco.
Depois de Tex, outro
grande sucesso foi Zagor, criado por Guido
Nolitta (pseudônimo de Sergio Bonelli, filho do criador de Tex) e idealizado
graficamente por Gallieno Ferri , uma mistura de
faroeste com fantasia. Também Akin, uma espécie de Tarzan que fala com os
animais e Diabolik fizeram grande sucesso. Diabolik, criado pelas irmãs Ângela
e Luciana Giussani, causou grande polêmica por ter como protagonista um vilão,
que constantemente derrota a polícia.
A editora criada por
Bonelli torna-se a casa dos principais criadores italianos. Seu filho Sérgio
iria substitui-lo não só na administração, mas também nos roteiros e acabaria
se revelando um ótimo redator.
Aos poucos, a editora
diversifica sua linha de gibis, com personagens como Mister No (um
aventureiro), Nick Raider (um policial em Nova York), e terror (com Dylan Dog).
Mas a maior
obra-prima publicada pela editora foi sem dúvida Ken Parker, o mais humano dos
cowboys, criação de Ivo Milazzo (desenhos) e Berardi (roteiros).
Um diferencial dos
fumetti é o fato de que, ao contrário do que aconteceu nos EUA, o desenho não
se sobrepôs ao roteiro. O objetivo de qualquer revista publicada pela Bonelli
ou por suas concorrentes mais diretas, é contar uma boa história, e um bom
desenho é colocado sempre a serviço da história, e não o contrário.
Uma curiosidade: Tex
foi, durante muitos anos, a revista predileta dos vigias noturnos.
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