A
primeira vampira de sucesso dos quadrinhos surgiu no Brasil. Trata-se de Mirza,
criação do desenhista italiano naturalizado brasileiro Eugênio Colonesse e do
roteirista Luís Meri. A personagem surgiu na época de ouro dos quadrinhos de
terror nacional, na década de 1960.
Nessa
época, Colonnese e Rodolfo Zalla tinham um estúdio, o D´Arte, especializado em
quadrinhos, no qual chegavam a produzir 300 páginas por mês nos mais diversos
gêneros (dos super-heróis aos de guerra). Um dia José Sidekerskis, da editora
Jotaesse os procurou e pediu que Colonesse criasse uma personagem vampira.
No
dia seguinte surgia Mirza. O nome era uma variação de Mylar, super-herói de
sucesso, criado por Colonesse. ¨Não parecia nome de uma mulher, tanto que
resolvi acrescentar no título ´a mulher vampiro´ para acentuar mais. Hoje se
você pesquisar na lista telefônica, vai encontrar várias Mirzas, mas naquele
tempo não existia¨, lembra Colonnese.
A
revista foi publicada em 1967 e virou um hit. Dos 35 mil exemplares impressos,
sobravam pouco mais de mil. Além disso, a redação da editora começou a receber
várias cartas de fãs pedindo a continuidade da personagem. O interessante é que
as histórias conseguiam captar muito bem o clima erótico, elemento essencial do
terror vampiro. O roteirista Luis Meri escrevia de acordo com as orientações de
Colonnese, mas de vez em quando colocava uma inovação, como uma festa de
lésbicas.
Apesar
do sucesso, o gibi durou apenas 10 números. A razão disso foi a mudança de ramo
do desenhista. Um dia Rodolfo Zalla procurou Colonnese com a proposta de
desenhar para livros didáticos. Este respondeu que não sabia fazer livros
didáticos, pois sua especialidade era quadrinhos. ¨Uma cenoura que você fizer
para um livro didático paga mais que cinco páginas de quadrinhos¨, rebateu
Zalla. Foi o bastante para convencer o amigo. Dedicando-se apenas às
ilustrações didáticas, o criador deixou de lado sua personagem, que ainda seria
republicada, no início dos anos 1970, pela Editora Regiart, de forma pirata.
Essa publicação manteve o interesse pelos leitores.
Na
década de 1980 houve um renascimento dos quadrinhos nacionais e Colonnese
acabou voltando à sua personagem mais famosa, pelas editoras Press, D´arte e
Vecchi.
Eram
outros tempos, de abertura política e a vampira ganhou contornos mais sensuais.
Se antes ela usava um vestido longo, que cobria até suas pernas, agora ela
usava decotes generosos e vestidos curtos, quando não lingiere sensual. O
roteirista Osvaldo Talo colaborou nessa fase dando um passado para a
personagem: ela seria uma condessa chamada Mirela Zamanova. Uma nova história, na revista Metal Pesado,
apresentou uma versão totalmente erótica da vampira.
Desde
então, Mirza tem voltado em edições especiais, para jubilo dos fãs. E, quando
se fala que Vampirella é a primeira vampira dos quadrinhos, ele se lembram que
a grande criação de Colonnese é bem anterior.
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