sexta-feira, novembro 30, 2018
Médica do Samu é detida com seis dedos de silicone, em Ferraz
Uma médica foi flagrada pela Guarda Municipal de Ferraz de Vasconcelosmarcando ponto para colegas com dedos de silicone por volta das 7h deste domingo (10). Ela trabalha para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que é administrado pela prefeitura.
A funcionária foi levada para a delegacia, onde, segundo a Secretaria Municipal de Segurança, denunciou um esquema que envolveria 11 médicos, 20 enfermeiros e seria organizado pelo coordenador do Samu no município, Jorge Cury. Com ela, foram apreendidos seis dedos de silicone. Leia mais
Processos midiáticos e novos tipos de interação
O interesse no estudo do processo de comunicação surge justamente no período em que, na maior parte do mundo, os meios de comunicação de massa afloraram. As análises passaram de uma visão autoritária, da mídia como toda poderosa, às propostas de meios interativos. Hoje, a linha de pesquisa em processos midiáticos abre a porta para possibilidade de ver todos os meios como interativos, inclusive aqueles que são vistos como de sentido único.
Durante muitos anos, a mídia foi vista como uma flecha, de sentido único e autoritário, a exemplo do que pregava a teoria hipodérmica. Essa visão de uma mídia toda poderosa influenciou muito a corrente apocalíptica, que via as novas mídias, tais como o cinema e o rádio, como estando a serviço do autoritarismo.
Uma tentativa de tirar das novas tecnologias esse caráter autoritário surge com as propostas de interação. Assim, se existem veículos de sentido único, existem também mídias que permite um feedeback ativo, a exemplo do MSN, do chat e do e-mail.
Esse modelo dialogal de interação será criticado por José Luiz Braga. Para ele, todos os processos midiáticos permitem interação.
Sua proposta de interação não se prende apenas à possibilidade de resposta ao emissor por parte do receptor. Existe também a possibilidade de interação receptor-produto e receptor-sociedade ou sociedade-produto.
Esse modelo quebra totalmente com a ideia hipodérmica de receptor passivo.
Uma das formas de interação pode ser configurada na apropriação. Se existem pessoas que recebem os produtos da mídia de forma passiva e a-crítica, existe aqueles que reconfiguram sua simbologia, numa atitude que lembra a música Geração Coca-cola, do Legião Urbana (Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês). Utilizar um símbolo da mídia e reconfigurar seu significado, como a Coca-cola, é uma forma de interação.
Mesmo quando não é uma crítica negativa, essa resignificação pode ser uma forma de apropriação. Em um texto eu meu blog, eu faço uma relação do seriado Terra de Gigantes com paradigmas científicos, uma discussão que provavelmente não estava nos planos dos criadores do mesmo. O fato de não sabermos se os protagonistas diminuíram de tamanho e estão em um mundo de pessoas com estatura normal, ou se estão de fato numa terra de gigantes abre espaço para discutir a teoria da relatividade, a física quântica e o relativismo filosófico.
Formas mais elaboradas de interação podem ser encontradas nos fanfics, em que fãs interagem com a obra original, mostrando outras possibilidades de interpretação. O fanfic O portal das probabilidades, de minha autoria, por exemplo, introduz a teoria do caos no universo da série alemã de ficção científica Perry Rhodan.
Claro que essa possibilidade de interação com os MCM é tanto maior quanto maior for a capacidade crítica dos indivíduos. Daí a importância, levantada por Braga, da criação de um sistema crítico.
Quanto mais preparadas estiverem o indivíduo e a sociedade, melhor a sua capacidade de interação e menores as chances de manipulação ou de recepção ingênua (se está publicado, é porque é verdade). Setores organizados da sociedade podem ter importância fundamental nesse processo.
Exemplo recente dessa possibilidade de interação crítica aconteceu com a publicação de uma reportagem da Veja contrária à demarcação de terras indígenas (A farra da antropologia oportunista). Um antropólogo citado na matéria veio a público denunciar que a revista teria inventado uma entrevista com ele. A revista argumentou que a citação fora tirada de um dos livros do pesquisador. Este contra-argumentou que a citação fora deturpada para servir aos interesses da publicação.
O SBPC lançou uma nota pública de repúdio à Veja e de apoio ao antropólogo. No Twiter, surgiu a tag #boicoteveja, que pretendia aglutinar casos semelhantes de manipulação. Blogs, num processo de apropriação, fizeram capas fictícias da Veja, denunciando o perfil manipulador das matérias da revista. Numa delas, por exemplo, aparecia Darth Vader com o título “Ele salvou você”. Na mesma capa, sob uma imagem do mestre Yoda, a legenda: “Descoberto o líder espiritual dos terroristas rebeldes”.
quinta-feira, novembro 29, 2018
Carlos Zéfiro, o mestre do quadrinho pornô
Na década de 70 Brasil
era uma ditadura. O conservadorismo tomava conta do pais e até mesmo a Playboy
era proibida de circular nas bancas (depois, quando foi liberada, não podia
mostrar nus). Nessa época a única forma de se ter acesso ao tema sexo era
através de revistinhas clandestinas, surgindas na década de 1950. Essas
publicações eram chamadas de “catecismos” por que eram feitas no tamanho certo
para serem colocadas dentro destes, já que a maioria dos garotos as comprava
quando saía da missa.
Os catecismos eram
assinados por Carlos Zéfiro. Não era um nome verdadeiro e ninguém sabia quem
desenhava as histórias responsáveis pela educação sexual de toda uma geração.
Também, pudera.
Desde sua produção até a
distribuição, os catecismos tinham todos os elementos de filmes de
espionagem. Eles eram vendidos nas bancas dentro de outras revistas e com muito
cuidado, porque podia dar cana. Certa vez um general de Brasília se indignou
com as revistinhas e mandou investigar. Chegou até Hélio Brandão, o responsável
pela edição das revistas. Hélio jamais revelou que Carlos Zéfiro era o pacato
funcionário do serviço de imigração do Ministério do Trabalho, Alcides
Caminha.
Zéfiro reinou como o rei
da sacanagem nas décadas de 1960 e 1970, em plena ditadura militar. Embora seu
desenho fosse primitivo e ele copiasse descaradamente das mais diversas fontes,
seus roteiros eram uma verdadeira investigação antropológica e sociológica sobre
a sexualidade do brasileiro. Tanto que suas histórias acabaram chamando atenção
de cientistas famosos, como o antropólogo Roberto da Matta, que chegou a
escrever textos analisando seus quadrinhos e já se declarou fã do quadrinista.
Renegado durante
décadas, Zéfiro só ganhou notoriedade muito recentemente ao ser homenageado na
capa do disco Barulhinho Bom, de Marisa Monte.
As aventuras do Barão de Munchausen
De como meu atraso ao pegar o trem em Londres provocou a independência do Brasil
Um conto Barão, ouvido e transcrito pelo senhor Duque Gian Danton, que jura serem todos os fatos aqui transcritos verdadeiros e desafia para um duelo qualquer um que venha a dizer o contrário
Já é por demais conhecido o fascínio que minha presença exerce sobre as mulheres de qualquer espécie, uma paixão desenfreada que quase me custou a vida quando passava férias na África Meridional. Mas essa é uma história que contarei em outra oportunidade. No momento, vou diverti-los um pouco, aproveitando para dar-lhes algumas lições sobre nobreza e cavalheirismo, contando a história de como a paixão de uma dama inglesa e meu atraso ao tomar o trem em Londres provocou a Independência de um simpático país do Novo Mundo chamado Brasil.
Talvez não seja de conhecimento de todos que a corte portuguesa precisou ausentar-se momentaneamente de Lisboa, premida que estava pela necessidade de ver e apreciar novos ares e, também, porque Napoleão Bonaparte lhes estava nos calcanhares.
Uma vez no Novo Mundo, o bom D. João VI percebeu que precisaria deixar um governante nas novas terras quando os homens de Napoleão se cansassem dos fados portugueses. E, fiel ao preceito de que o melhor pirão é o de casa, deixou seu filho, que, no entanto, já se enfadava com as mulheres nativas. Assim, o bom pai prometeu ao filho que lhe enviaria algumas damas européias e, como a Inglaterra era aliada de Portugal, não poderiam vir de outro local esses novos regalos para o jovem príncipe.
Como nessa época eu estava em visita a Portugal e como era o oficial mais eficiente e mais garboso disponível, fui escolhido para a importante missão de negociar com uma respeitável dama de Londres uma remessa para o príncipe.
Ocorre que tal dama não só era respeitável, como era também de bom gosto e não se furtou a se apaixonar por mim, de modo que nos enfurnamos em uma casa aos arredores da capital inglesa e quando saí de lá, descobri que o trem já havia partido.
Como o trem me levaria ao navio, perder o trem era o mesmo que perder o navio, e perder o navio era fracassar na missão. Assim, não tendo o que fazer, voltei para os braços da formosa Dama e nos divertimos mais um pouco.
Foi quando me lembrei de um expediente que utilizei quando do cerco a um castelo no qual estava entrincheirado e procurei o responsável pelos canhões da Rainha. Ele só me pediu uma bola de canhão em troca do que eu lhe solicitava e consegui uma no mercado negro por meras 2 libras. Assim, coloquei-me à frente do canhão e esperei que ele fosse acionado. Assim que ouvi o estrondo, agarrei-me à bola que saía dele e assim fui parar na França.
Usando esse método, fui viajando de lugar em lugar até chegar à África a uma rapidez absurda. Infelizmente os canhões africanos mal alcançavam até o meio do oceano Atlântico e tive de nadar o restante para chegar ao Rio de Janeiro. Todos sabem que sou um ótimo nadador e a verdade é que eu teria chegado antes do barco, não fosse a idéia que me ocorreu de levar comigo a bola de canhão como lembrança dessa fantástica viagem, o que, confesso, me atrasou algum tanto.
O fato é que quando o príncipe viu o navio chegando e não me encontrou a bordo, concluiu que seu pai falhara com ele e decidiu proclamar a independência do país, garantindo assim, para si, um estoque mais constante de moçoilas européias e nativas.
Quando cheguei à praia, descobriram o que havia acontecido, mas já era tarde demais. Assim, os entusiastas da Independência me proclamaram bem-feitor e pude comemorar por 10 dias naquelas terras abençoadas pelo sol. Do dia para noite virei herói nacional e até hoje o dia 31 de março é dedicado à minha memória, dia esse em que os militares brincalhões saem às ruas para comemorar de modo saudável dando tiros para o alto, dançando rumba e derrubando presidentes. Senhores, essa é a minha história, na qual asseguro de que todas as palavras são verdade. E, se algum falastrão duvidar, fá-lo-ei engolir uma garrafa de conhaque com vidro e tudo. Agora, se me dão licença, preciso me recolher aos meus aposentos. Há uma dama lá necessitando urgente de meus atributos... e não é lícito deixar uma dama em sozinha em tal estado...
Conhecimento teológico
Você acredita em Deus? Por quê? A uma pergunta dessas, dificilmente alguém responderá que acredita em Deus porque o viu ou porque a lógica científica o diz.
O conhecimento religioso, portanto, não surge da observação empírica ou da lógica. A história de São Tomé, que precisou ver as chagas de cristo para acreditar é contada como exemplo de falta de fé. A fé não depende da observação empírica.
É um conhecimento revelado, razão pela qual dizemos que ele se baseia na fé. Uma pessoa tem uma revelação sobre uma verdade eterna e a divulga a outras pessoas, que acreditam na mensagem e passam a também propagá-la e assim surgem as religiões (ou através de diversas revelações).
Existiram muitas tentativas de explicar Deus através da razão, da lógica filosófica, por exemplo, mas alguém que nunca ouviu esses argumentos pode, ainda assim, ter fé nos dogmas desta ou daquela religião. Só podemos entender suas verdades se acreditarmos.
O conhecimento teológico está baseado no discurso da autoridade. A autoridade é Deus, que revela aos homens suas verdades, ou o profeta. Ao discutir com uma pessoa religiosa, ela certamente usará em seu discurso frases como “Está na Bíblia”, a “Bíblia diz isso”, que revelam a importância do discurso da autoridade para esse tipo de conhecimento.
quarta-feira, novembro 28, 2018
A hora do lobisomem, de Stephen King
A hora do Lobisomem é um livro diferente de Stephen King. Estamos acostumados a associar o escritor a livros longos, com profunda construção de personagens. Em A hora do Lobisomem ele se impôs um desafio diferente: construir uma narrativa através de pequenos contos, cada um narrando um ataque da criatura na pequena cidade de Tarker´s Mills.
Todo bom leitor sabe que outros escritores já fizeram experiências semelhantes, com destaque para Ray Bradbury, cujos livros de contos quase sempre tinham uma linha narrativa que os unia (o exemplo mais genial é Crônicas Marcianas).
Mas como King se sairia em um terreno tão diferente do seu habitat?
A resposta: muito bem. King foi puxar inspiração na sua paixão por quadrinhos e construiu cada história como se fosse uma HQ, com belíssimas ilustrações do mestre Bernie Wrightson (criador do Monstro do Pântano).
Cada conto foca em um personagem e não só a narrativa – e aí temos o King em sua melhor forma. Ao transformar o garoto cadeirante em protagonista dessa miríade de narrativas, King também destaca uma de suas características mais interessantes: os perdedores são continuamente protagonistas da história do mestre e sua redenção é a redenção dos leitores.
Além disso, o livro consegue ser não apenas um conjunto de contos, mas uma narrativa que se desenvolve até um clímax emocionante, que costura tudo.
Uma curiosidade é o título. O nome original seria algo como “O ciclo do Lobisomem”, o que faz sentido, já que o livro mostra o ciclo de ataques durante um ano. Mas aqui foi traduzido como A hora do lobisomem por conta do sucesso de vários filmes com título semelhante, como A hora do terror (de 1985), A hora dos mortos vivos (também de 1985) e A hora do pesadelo (de 1984). Aliás, outro livro de King, Salen´s Lot, também ganhou título semelhante: A hora do vampiro.
Em tempo: merece destaque a belíssima edição em cada dura da Suma. Item de colecionador.
A evolução explicada para crianças
Monteiro Lobato é mesmo meu ídolo. No livro História das invenções, ao falar das mudanças ambientais que fizeram com que nossos antepassados começassem a criar inventos para ir além das limitações naturais, ele escreve:
"Na luta pela vida, na luta entre as espécies ou contra as coisas que nos rodeiam, vence sempre o mais apto, isto é, o mais esperto, o mais jeitoso, o mais preparado para mudar o sistema quando isso convém. O nosso macaco-homem já estava com inteligência mais alerta que a dos outros animais e se ia adaptando às mudanças verificadas na superfície da Terra. Vencia as dificuldades. Sobrevivia. Era o mais apto, como se diz em linguagem científica, e o mais apto sobrevive sempre, isto é, continua a viver enquanto o menos apto leva a breca".
"Na luta pela vida, na luta entre as espécies ou contra as coisas que nos rodeiam, vence sempre o mais apto, isto é, o mais esperto, o mais jeitoso, o mais preparado para mudar o sistema quando isso convém. O nosso macaco-homem já estava com inteligência mais alerta que a dos outros animais e se ia adaptando às mudanças verificadas na superfície da Terra. Vencia as dificuldades. Sobrevivia. Era o mais apto, como se diz em linguagem científica, e o mais apto sobrevive sempre, isto é, continua a viver enquanto o menos apto leva a breca".
Que simplicidade. Não há o que não se compreenda quando é Lobato que explica...
Falta de professor deixa alunos sem aula em escola municipal de Valinhos
Dois meses depois do início do ano letivo, alunos da 4ª série do Ensino Fundamental da Escola Municipal Antônio Perseghetti, em Valinhos (SP), sofrem com a falta de professores e estão sem aulas há pelo menos duas semanas. Leia mais
terça-feira, novembro 27, 2018
Eugenio Colonnese, o mestre do terror nacional
Eugênio Colonnese foi um dos mais importantes
desenhistas de quadrinhos do Brasil. Italiano radicado no país há mais de
quatro décadas, ele faleceu na madrugada do dia 8 de agosto de 2008.
Colonnese
começou sua carreira na Argentina, em 1949. Passou vários anos naquele país,
trabalhando em revistas de sucesso, mas em 1964 veio para o Brasil, onde ajudou
a fundar o estúdio D´Arte em parceria com o argentino Rodolfo Zalla. Juntos,
produziram histórias em quadrinhos dos mais diversos gêneros, indo dos
quadrinhos de guerra aos de super-heróis. Mas foi o terror que tornou
Colonnesse uma celebridade, especialmente por causa da criação de Mirza,
provavelmente a primeira heroína vampira dos quadrinhos.
Também criou
o Morto do Pântano, um personagem de nome muito parecido com o Monstro do
Pântano, que faria sucesso anos depois na DC Comics.
Na década de
1970, ele abandonou os quadrinhos para se dedicar à ilustração de livros
didáticos para editoras como Ática e FTD. Acabou se tornando um paradigma do gênero,
trazendo a linguagem dos quadrinhos para os livros escolares. Seu traço
elegante era facilmente reconhecível pelos fãs, muitos dos quais ainda guardam
esses livros apenas por causa das ilustrações.
Na década de
1980, quando o amigo Zalla transformou a D´arte em editora e começou a publicar
as revistas Calafrio e Mestres do Terror, Colonnese voltou aos quadrinhos,
fazendo antológicas histórias de terror.
Também ficaram célebres as histórias em quadrinhos
institucionais que ele fez para o Instituto Universal Brasileiro, nos
anos 1980.
Em todos os
trabalhos, Colonnese sempre se revelou um exímio artista, com um traço
detalhista, anatomicamente perfeito, e uma habilidade fora do comum para
desenhar mulheres.
Nos anos
1990 ele continuou na ativa, produzindo obras como A Arte exuberante de
desenhar mulheres (Opera Graphica), Curso Completo de Desenho (Escala), ilustrou
duas aventuras de Mister No, para a
editora italiana Bonelli e criou novas personagens, como Bruuna. Um de seus
últimos trabalhos foi o álbum War – histórias de guerra (Opera Graphica), com
roteiro de Gian Danton.
Poucos meses
antes de morrer, Colonnese finalizou a graphic novel A Vida de Chico Xavier,
sobre o mais importante médium brasileiro.
A arte impressionante de Joe Bennett
Joe Bennett é hoje um dos mais importantes desenhistas de
super-heróis da atualidade. Seu trabalho no Hulk ao lado do roteirista inglês
Al Ewing tem sido aclamado pela crítica e pelo público.
Joe Bennett é o pseudônimo do paraense Benedito José Nascimento, ou, como é mais conhecido no Brasil, Bené Nascimento. Influenciado
por José Luis Garcia-Lopez e Jack Kirby, ele começou a desenhar desde muito
pequeno, sendo totalmente autodidata.
Seus primeiros trabalhos comerciais foram para editora Press,
em meados da década de 1980. Chamou tanta atenção que chegou a merecer uma
edição especial, lançada em 1987.
Em 1989 conheceu o roteirista Gian Danton, que viria a ser
seu principal parceiro nos quadrinhos nacionais. Juntos eles trouxeram a
influência de autores britânicos, como Alan Moore, para o Brasil.
No início da década de 1990, uma história da dupla, A
insólita Família Titã, chamou a atenção de um caçador de talentos, que o
colocou no mercado norte-americano.
Seus primeiros trabalhos foram para editoras pequenas, como a
Now, em revistas como o Besouro Verde, mas logo ele estreava na Marvel, no
personagem Ravage, da linha 2099.
Desde então ele desenhou os mais diversos personagens da Marvel
e da DC e chegou a ilustrar um roteiro de Alan Moore, no personagem Supreme, da
Image Comics.
Médicos e dentistas fraudam plantões para receber sem trabalhar
O Fantástico apresenta uma reportagem especial que vai causar indignação. Vamos falar de médicos e dentistas pagos com o dinheiro do seu imposto que não apareciam para trabalhar. Esta semana alguns deles já foram presos. O Fantástico revela como funcionava esse esquema cruel que deixava a população sem atendimento médico.
Mais de 70 profissionais de saúde investigados, na capital e no interior de São Paulo. A suspeita: desvio de dinheiro público. Segundo as investigações, a maioria recebia salário, mas simplesmente não aparecia para trabalhar nos plantões. Leia mais
A guerra dos mundos
H.G. Wells é um dos fundadores da ficção científica. Alguns dos temas mais caros do gênero surgiram de sua imaginação, assim como algumas das obras mais perturbadoras. Dentre elas, merece destaque A guerra dos mundos, lançado no Brasil pela Suma.
A edição, em capa dura, tem prefácio de Bráulio Tavares, introdução de Brian Aldiss e ilustrações de 1906, de Henrique Alvim Corrêa. Além disso, traz uma entrevista com Wells e Orson Welles, o diretor que comandou a versão radiofônica do livro, tida por muitos como verdadeira e que provocou verdadeiro pânico ao ser transmitida nos EUA, em 1939. Tudo isso fazem dessa uma edição imperdível.
Mas mesmo sem tudo isso, já valeria a pena. Wells não escreveu um simples relato de invasão extraterrestre: ele fez uma obra que nos faz pensar: da denúncia do imperialismo ao futuro da humanidade.
Wells constrói sua obra em capítulos curtos e maneja bem o suspense, viciando o leitor que vira página após página seja para descobrir o destino do protagonista, seja para acompanhar uma explicação sobre os extraterrestres (a maior parte das quais amparada na teoria da evolução). A narrativa de Wells é simples, sem floreios, mas poderosa. A cada frase percebemos que estamos diante de uma mente brilhante.
Como muitas outras obras de ficção ou fantasia, A guerra dos mundos é uma metáfora: neste caso do colonialismo europeu. Os marcianos que lançam seus ataques, destruindo cidades inteiras e matando indiscriminadamente são como os europeus, sedentos por riquezas devastando os países conquistados e reduzindo sua população à escravidão (vale lembrar o domínio da Bélgica sobre o Congo, em que os trabalhadores que não cumpriam sua cota tinham suas mãos cortadas). Para tornar essa metáfora ainda mais poderosa e impactante, Wells faz com que seus marcianos se alimentassem do sangue humano.
O momento em que a invasão de fato ocorre, com os marcianos saindo de suas naves em seus mecanismos tripoides são o grande momento do livro – e o ponto em que o autor mostra o poder de suas palavras: “Ao ver aquelas estranhas, velozes e terríveis criaturas, a multidão à beira do rio pareceu por um momento paralisada de terror. Não houve gritos ou berros, mas silêncio. Em seguida, um murmúrio rouco, um movimento de pés, um jorro d´água”.
Outro grande trunfo é a narrativa em mosaico, em que um acontecimento grande é mostrado através de pequenos fatos. Wells usa esse recurso para humanizar a narrativa, mostrar que são pessoas reais ali, no meio da confusão e da carnificina: na fuga um homem com uma perna enrolada em trapos é ajudado por amigos, um velho com bigode militar sai mancando, depois para, senta-se ao lado de um sifão, tira a bota manchada de sangue, remove uma pedrinha e sai de novo capengando, uma criança grita: “Não consigo continuar, não consigo!”.
Filosofia, ciência, crítica social e uma imaginação poderosa de um homem a frente de seu tempo. O resultado é um clássico absoluto da ficção científica, uma obra que demonstra o quanto o gênero pode ir muito além da simples diversão.
segunda-feira, novembro 26, 2018
Metade dos docentes não indica carreira
SÃO PAULO - Todos os anos, a professora Elisângela Gusmão, de 44 anos, pergunta aos seus alunos dos anos finais do ensino fundamental (6.º ao 9.º ano) se gostariam de ser professores. Raramente alguém levanta a mão. Apesar de a visão das crianças sobre a profissão lhe causar tristeza, Elisângela compreende, afinal nem ela própria recomendaria a carreira – assim como metade dos docentes. Uma pesquisa do Todos pela Educação feita em maio mostra que 49% dos professores não indicariam a docência a um jovem. Leia mais
Conhecimento empírico
Como fazer para o sal não endurecer no saleiro? Qual a melhor época para plantar? Como tirar manchas da roupa? Essas são perguntas com as quais o homem se depara em sua vida diária. A maioria delas permite uma resposta sem que seja necessário recorrer à ciência. O homem comum sabe que, se colocar grãos de arroz no saleiro, o sal ficará soltinho e será fácil retirá-lo de lá.
Esse conhecimento é chamado de empírico, ou vulgar. É o conhecimento que nasce da observação diária dos fatos. O ser humano observa relações de causa e conseqüência, aquilo que os semióticos chamam de índice: se há uma poça no chão, é por que choveu e há uma goteira no teto. Se vejo fumaça saindo da floresta, intuo que há fogo.
Observando essas relações de causa e conseqüência, o homem vai criando um conhecimento que lhe permite fazer diversas atividades diárias.
Entretanto, esse é um conhecimento não sistemático, assim como sua transmissão. O homem comum não faz diversas experiências com vários tipos de materiais até chegar ao grão de arroz como o mais apropriado para colocar no saleiro. Simplesmente alguém um dia colocou um grão de arroz lá e observou que deu certo.
Também é um conhecimento que não vai aos porquês. O homem comum sabe que o arroz faz com que o sal saia facilmente do saleiro, mas não sabe porque. Não sabe que o arroz tira a umidade do ar e que o atrito com os grãos faz com que as moléculas do sal fiquem soltas.
Apesar de suas limitações, o conhecimento empírico tem feitos realizações realmente extraordinárias. A utilização de plantas medicinais é uma delas. Os ribeirinhos da Amazônia sabem coisas sobre as propriedades curativas das plantas que a ciência só tem descoberto muito recentemente (inclusive muitas pesquisas científicas estão indo buscar, justamente nesse conhecimento empírico, informações sobre essas plantas).
Um outro exemplo é a maniçoba. Descobrir que a planta da maniva deveria ser cozida durante sete dias e sete noites deve ter sido uma aventura tão surpreendente quanto qualquer pesquisa científica. É de se supor que tenha havido muitas tentativas antes de se chegar ao ponto ideal de cozimento (infelizmente muitos heróis devem ter morrido no meio do caminho).
A casa das mil portas
A casa das mil portas foi um projeto idealizado
por Nemo Nox e lançado em 2005. O site reunia centenas de microcontos escritos
por blogueiros brasileiros e portugueses.
Para quem não conhece, microconto é (segundo
da definição de Nemo Nox), “uma história em prosa contada em cinqüenta letras ou menos.
Se parece pouco é porque é realmente pouco. Fazer um microconto é um desafio
literário, uma tentativa extremamente econômica de contar ou sugerir uma
história inteira. Um microconto exemplar, e possivelmente o mais famoso de
todos, é do escritor guatemalteco Augusto Monterroso: "Quando acordou, o
dinossauro ainda estava lá."
Eu fui um dos escritores-blogueiros convidados
a participar do projeto, que na época ganhou grande destaque na mídia.
O site ainda existe e pode ser acessado aqui: http://www.nemonox.com/1000portas/index.php
Bombeiro diz que médico do Hospital do Gama, DF, ignorou outra paciente
Um bombeiro do Distrito Federal diz que médico que negou atendimento imediato a uma paciente desmaiada no Hospital do Gama também se recusou a prestar socorro a outra mulher. O vídeo que registra o comportamento do médico no caso da mulher desmaiada foi divulgado pelo G1 no dia 19 de julho.
Após ver as imagens veiculadas pela imprensa, o bombeiro afirma que reconheceu que o médico é o mesmo profissional que, em abril deste ano, se negou a atender uma paciente socorrida pelo Corpo de Bombeiros. Leia mais
domingo, novembro 25, 2018
O fim da eternidade, de Isaac Asimov
Quando pensa em ficção científica, a grande
maioria das pessoas costuma lembrar em grandes batalhas espaciais e tramas
repletas de ação. Existem obras, no entanto, que se baseiam principalmente nas
questões lógicas e científicas relacionadas ao desenvolvimento tecnológico. São
obras que têm como principal objetivo desafiar o leitor, estimular sua imaginação
e raciocínio. O fim da eternidade, de Isaac Asimov (lançado no Brasil pela
editora Aleph), é um ótimo exemplo disso.
Publicado originalmente em 1955, O fim da
eternidade trata de viagens no tempo. Mas o enfoque é totalmente original.
Imagine se o ser humano, ao descobrir as viagens temporais, não se contentasse
em vagar para o passado ou futuro, mas se dedicasse a mudar a história. Pequenas
modificações poderiam criar novas realidades, menos danosas ao ser humano. Para
isso, é fundada toda uma sociedade de viajantes do tempo, centrada nos
observadores, técnicos e computadores (a expressão aqui não é no sentido de pessoas
que coordenam todo o processo de mudança da realidade).
Ao contrário do que a maioria das pessoas
poderia imaginar, as mudanças na realidade têm como base pequenas, sutis modificações.
Um exemplo:
“Ele havia alterado a realidade. Havia
adulterado um mecanismo (a embreagem de um carro) por alguns minutos do século
223 e, como resultado, um jovem não conseguiu assistir a uma palestra sobre mecânica
à qual deveria ter comparecido. Nunca estudou engenharia solar e, em consequência,
um invento perfeitamente simples teve seu desenvolvimento adiado por dez anos
cruciais. Uma guerra no 224, espantosamente, sumiu da realidade como resultado”.
Asimov, muito à frente de seu tempo, antecipa
alguns conceitos fundamentais da teoria do caos, como o efeito borboleta, também
chamada de dependência sensível das condições iniciais. Esse conceito costuma
ser exemplificado com a frase: uma borboleta batendo suas asas na mulhara da
China pode provocar uma tempestade em Nova York.
O interessante é que esse fenômeno só foi
observado pela primeira vez pelo metereologista Edward Lorenz, em 1963, e só se
tornaria popular com o coletivo de sistemas dinâmicos, na década de 1970. Ou
seja: Asimov antecipa, na ficção, o que a ciência só viria a observar de fato,
quase dez anos depois. Mais, ele lança a ideia, hoje comum nos meios científicos,
de que a realidade é feita de diversas bifurcações, pequenas escolhas. Eu vou
para o trabalho usando a rua da esquerda ou da direita? O resultado dessa
escolha pode provocar grandes alterações na realidade. A cada bifurcação, é como
se uma nova realidade estivesse sendo escolhida. Então, o real seria resultado
de uma quantidade infinita de bifurcações e, portanto, de uma infinidade de realidades
paralelas.
O fim da eternidade, é, portanto, um livro
sobre lógica e sobre como o desenvolvimento tecnológico afeta a realidade. O conflito
aqui não está na ação, no embate de punhos, mas no embate de ideias, teorias e
conceitos. Asimov se aventura até mesmo na teoria da evolução, ao postular que
as constantes mudanças na realidade, ao criarem as melhores condições para a
humanidade, emperrariam a evolução do ser humano, uma vez que a evolução decorre
do ajustamento às situações ambientais desfavoráveis.
Surpreendentemente, o autor consegue
transformar essa trama puramente cerebral em um verdadeiro triller de suspense.
Passadas as primeiras páginas, dedicadas quase que exclusivamente à descrição
da eternidade e seus agentes, o leitor logo se vê em uma trama complexa cheia
de reviravoltas.
O fim da eternidade é um daqueles livros que
exercitam o cérebro.
Terror magazine
Terror Magazine foi uma revista publicada pela editora Escala no final da década de 1990. A revista reunia contos, notícias, matérias especiais e quadrinhos. Eu colaborei com o primeiro número com a história “Monstros debaixo da cama”, com arte de Wilson Jr e cores de Alessandro Librandi. Na época estávamos vivendo o auge da fase Image nos quadrinhos e o desenho seguia essa linha, assim como as cores digitais e exagero de seus recursos (como se percebe no título da história). A HQ conta a história de um garoto capaz de gerar monstros. Mas seu poder sai do controle e se volta contra ele.
sábado, novembro 24, 2018
Só 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professor
SÃO PAULO - Enquanto a maioria dos colegas de classe do ensino médio estudava para ser médico ou advogado, Henrique de Pinho José se imaginava dentro de uma sala de aula, ensinando Biologia. A vontade era tamanha que surpreendia os amigos e até mesmo os professores. José é uma exceção, já que no Brasil cada vez menos jovens querem seguir a carreira docente. Hoje, apenas 2,4% dos alunos de 15 anos têm interesse na profissão. Há dez anos, o porcentual era de 7,5%. Leia mais
O Gralha – o herói, o pinhão, o louco e a morte
O Gralha é o personagem símbolo de Curitiba.
Criado por mim e mais 8 artistas em 1997, ele se tornou bastante popular na
capital paranaense a ponto de até mesmo que não curte quadrinhos conhece-lo. E
tem toda a história do Capitão Gralha, que seria o personagem original e avô do
herói.
Além de ter sido publicado por mais de um ano no
jornal Gazeta do Povo, o Gralha ganhou três álbuns. O herói, o pinhão, o louco
e a morte é o terceiro.
Neste eu colaborei com o roteiro de duas
histórias. O que acho interessante no personagem é seu ecletismo. É um herói
que você pode usar para histórias mais densas, mais de aventura, mais
cotidianas ou até histórias de humor.
Na HQ Encontros e desencontros eu explorei o lado
pouco convencional do personagem: ele vai fazer compras em um supermercado e
encontra o vilão Bagre humano também fazendo compras. Começa um diálogo aparentemente
pueril, mas recheado de suspeitas e sentidos ocultos (o vilão estaria apenas
fazendo compras ou planejando um assalto ou um atentando?). O tom aí é de
humor, acentuado pelo divertido traço de Paulo Gerloff.
Ainda nessa edição colaboro com a história final,
Dias Duvidosos, que introduz na cronologia do Gralha o grande vilão do Capitão
Gralha, o Doutor Destruição. A história começa metalinguística, com o herói
lendo um gibi com as aventuras do avô. Uma curiosidade: o que é mostrado no
gibi é a parte final da trama que aparece no livro Francisco Iwerten, a
biografia de uma lenda, mas na forma de radionovela. Sim, o Gralha é um
personagem intertextual e transmídia! Os desenhos de Edson Kohatsu, que
consegue ir do vintage ao contemporâneo, dão todo o charme da história.
O álbum está à venda na loja da Quadrinhópole: https://quadrinhopole.com/loja/
Conhecimentos não-científicos
Durante muito tempo, o conhecimento científico foi tido como o único tipo de conhecimento válido. A frase “isso não é científico” virou sinônimo de “isso não é verdadeiro”.
Filósofos recentes têm procurado resgatar a necessidade de valorizarmos os mais variados tipos de conhecimento, pois eles são complementares ao científico.
Edgar Morin, um dos mais importantes pensadores de nossa época, com obras na área de educação, metodologia e comunicação, é um dos mais severos críticos da supervalorização da ciência e de sua compartimentação em disciplinas estanques. Para ele, os diversos conhecimentos devem dialogar entre si.
Não se trata de querer dizer que o conhecimento teológico, por exemplo, é do mesmo tipo do científico, mas de demonstrar a importância de cada um desses tipos de conhecimento.
A arte incrível de José Ortiz
José Ortiz é um dos mais conhecidos desenhistas espanhóis. Começou sua carreira aos 18 anos, na década de 1950. Na década de 1970 foi contratado pela Warren, onde se destacou com um dos principais desenhistas das revistas da editora americana (a maioria dessas histórias foram publicadas no Brasil na revista Kripta). Criou, junto com Antonio Segura, a série Hombre, com vários álbuns publicados na Europa. Desenhou também histórias de Tex e um arco da série Ken Parker, A caravana Donaver.
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