quinta-feira, novembro 08, 2018

O Doutrinador: caçador de corruptos?



O Doutrinador, surgido em 2013, no auge dos protestos contra a corrupção, criado por Luciano Cunha.É um Justiceiro  que, ao invés de ir atrás de pequenos bandidos, resolve matar a causa de tudo: os políticos corruptos e o judiciário, que garante a eles a liberdade, independente de quanto dinheiro roubem. O personagem virou filme em 2018, dirigido por Gustavo Bonafé.
O filme se destaca pelas acrobacias do personagem nas cenas de ação e pelo orçamento baixo para um filme de super-heróis. Os políticos são mostrados como vilões dos quadrinhos da era de ouro: rindo, gastando dinheiro do povo e comprando ministros do supremo com malas de dinheiro.  
O desenvolvimento do personagem é eficiente, assim como sua relação com a sidekick, uma hacker que trabalha em uma loja de quadrinhos. Mas o ponto alto do filme são, de fato, as cenas de ação. Usando nada mais que truques de câmera e dublês, o filme convence.
Há uma cena, emblemática, em que o protagonista diz que “isto não é missão impossível”, o que resume bem a proposta. O Doutrinador não faz acrobacias impossíveis. O roteiro é pensando como se um homem normal, mas bem treinado, resolvesse caçar corruptos. E ele não sai limpo: ele se fere, leva tiro. Há, claro, algum exagero, mas nada que comprometa a verossimilhança. Aqui vale destacar a atuação de Kiko Pissolato.
O grande problema do filme e do personagem é quando você conhece o autor e fica claro o discurso de que só existe corrupção no PT e a blindagem do Bozo. Aí fica inevitável ver isso no personagem e até no filme. Uma pena. Poderíamos ter um herói nacional que realmente luta contra a corrupção, independente do partido - e esse é um dos grandes problemas nacionais, mas acabamos tendo um personagem que é só uma forma mascarada de propaganda política. 



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