Em 1963, a Marvel vivia o auge da criatividade.
Personagens como Homem-aranha, Thor, Hulk e Quarteto Fantástico revolucionavam
os quadrinhos de super-heróis. Foi nesse ano que surgiu um dos personagens mais
políticos da editora: o Homem de ferro.
Stan
Lee queria fazer um personagem que fosse bilionário e inteligente, um ricaço
(talvez em oposição ao pé-rapado Homem-aranha). Mas, como sempre acontecia com
os personagens da Marvel, este precisava ter um ponto fraco, um pé de barro. O
Demolidor, por exemplo, era cego. Que problema tornaria esse novo personagem
frágil? ¨E se o nosso herói tivesse uma falha no coração? E se esse problema o
obrigasse a usar um dispositivo metálico para se manter vivo? Ora, esse
dispositivo poderia ser o elemento básico numa armadura capaz de lhe dar
poderes, e, ao mesmo tempo, esconder sua identidade¨, pensou Stan Lee.
O personagem
surgiu em plena guerra do Vietnã e foi usado como propaganda patriótica.
Assim,
o herói é Tony Stark, um homem que fabrica armas para o exército
norte-americano. Em um de suas visitas ao campo de batalha, ele é atingido por
estilhaços de granadas e feito prisioneiro pelos vietcongs. O famigerado
general comunista Wong Chu o obriga a construir uma arma para derrotar os
exércitos da democracia, mas Stark usa o tempo para construir para si uma
armadura capaz de mantê-lo vivo e derrotar as tropas comunistas.
Essa
história foi publicada na revista Tales of Suspense 39, com grande sucesso (o
que fez com que o personagem ganhasse um desenho animado). Posteriormente o
herói metálico iria dividir a revista com o Capitão América, reformulado por
Stan Lee e Jack Kirby.
Embora
o uniforme do personagem tenha mudado muito desde aquela primeira aventura, alguns
elementos se mantiveram inalterados: o problema de coração e o poder que se
esvai quando a energia acaba, obrigando o herói a parar para recarregar... só o
fator político que foi esquecido quando a guerra do Vietnã se tornou impopular
entre os norte-americanos. Anos depois, escrevendo sobre o herói, Stan Lee fez
um mea culpa: ¨Este conto foi escrito em 1963 e, nessa época, nós acreditávamos
que o conflito naquela terra sofrida era uma simples questão de confronto entre
o bem e o mal. De lá para cá, todos nós crescemos um pouco e, até hoje, estamos
tentando nos livrar do trágico envolvimento com a Indochina¨.
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