A Europa sempre foi um reduto das HQs de qualidade.
Na década de 30, Hergé havia criado o Tin Tin e, com ele, a escola belga de
quadrinhos. Mas o grande boom da oitava
arte na Europa viria mesmo depois da II Guerra.
Na
época da guerra, os italianos e alemães proibiram que fossem importados
quadrinhos americanos, que poderiam incentivar os jovens a entrarem na
resistência.
O
desenhista Edgar Pierre Jacobs foi chamado para terminar uma história de Flash
Gordon. Como não conhecia exatamente o personagem, fez modificações que depois
levariam à criação dos personagens Blake e Mortiner, dois aventureiros que se
envolvem em diversas situações perigosas e estranhas.
Surgiram
vários outros heróis, seguindo a chamada linha clara (com um desenho limpo e
elegante): Jijé fez, para a revista Spirou, o cowboy Jerry Spring, que
influenciou toda a uma geração de personagens de faroeste.
Já
estava ali, em Jerry Spring, a essência do quadrinho franco-belga: desenho
limpo, detalhamento de cenários, muitos quadros por página e muita pesquisa. O
autor chegou a viajar para os EUA e para o México, a fim de conhecer de perto o
cenário no qual se passariam as histórias.
Em
1949, o editor Georges Dargaud adquiriu os direitos de publicação da revista
Tintin na França, abrindo espaço para desenhistas locais. Com isso, os mercados
francês e belga se aproximaram (a ponto de se tornarem uma só escola) e
evoluíram muito.
Seguindo
a linha de faroeste, mas com foco no humor, Morris criou um cowboy que viria a
se tornar célebre: o cowboy Lucky Luke (conhecido por ser mais rápido que sua
própria sombra). Ao visitar os EUA para fazer pesquisa para seu personagem,
Morris conheceu Goscinny, um francês que migrara para o novo mundo e passara
pela Argentina antes de ir para a terra de Tio Sam. Diante da qualidade do
texto do amigo e do humor ferino, Morris convidou-o a escrever as aventuras de
Lucky Luke. Mais tarde, em parceria com Uderzo, Goscinny viria a criar o mais
importante personagem da escola franco-belga: o gaulês Asterix.
Outro
personagem de sucesso desse início da HQ européia foi Alix, com histórias que
se passavam na época do Império Romano e envolviam tramas muito bem elaboradas.
Uma
curiosidade sobre os quadrinhos europeus é que as histórias são publicadas em
revistas seriadas e depois unidas em álbuns de luxo, o que deu ao quadrinho
europeu status de arte.
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