Na
época da faculdade, tivemos uma discplina chamda Introdução à filosofia. Eram
duas horas de tortura. Ninguém, absolutamente ninguém na turma conseguia
entender o que a professora falava. Ela pulava de Platão para Descartes, dele
para o taxista da esquina e dele para as eleições presidenciais. Um colega
definou filosofia como tentar encontrar uma pedra de gelo num campo de neve. Essa
visão aterradora tem acompanhado muitos jovens ao longo de todos esses anos. A
filosofia, ou é vista como algo indecifrável, sem qualquer nexo com a
realidade, ou é ensinada de maneira totalmente descontextualizada, consistindo
apenas em fazer os alunos discutirem determinados assuntos, sem qualquer
embasamento.
Assim,
qualquer tentativa de trazer a filosofia para o mundo dos jovens deve ser
aplaudida. Já houve alguns exemplos notáveis, como o Filosofando (de Maria
Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins) , ou O Mundo de Sofia (de
Jostein Gaarder), e agora temos mais um exemplo. Trata-se de Filosofia para
adolescentes, de Yves Michaud (Escala educacional, 2007, 134 páginas).
Yves
Michaud é filósofo, professor de Filosofia da Universidade de Rouen, ex-diretor
da École Nationele de Beaux Arts de Paris. Ele maneja bem o assunto, mas faz
abordagem diferente de livros predecessores, como O Mundo de Sofia. Ao invés de
apresentar o assunto através de uma história da filosofia, Michaud prefere
dividir o livro em temas de interesse dos jovens, em reflexões filosóficas,
como ¨Por que precisamos de amor?¨, ¨Será a morte o fim de tudo?¨, ¨Somos
livres?¨, ¨Pode a ciência explicar tudo?¨.
Cada
capítulo inicia com um diálogo entre o autor e um grupo de adolescentes sobre o
assunto em questão. É um ponto positivo, já que o volume parece ser direcionado
a objetivos didáticos. A mesma discussão que o filósofo estabelece com os
jovens pode ser travada em sala de aula, entre professor e alunos.
Para
tornar a leitura mais agradável, o texto é entremeado de ilustrações cômicas
(de autoria de Manu Boisteau) e de boxes com notas sobre filosófosos famosos. O
recurso dos boxes permite aprofundar os temas, dando um embasamento sobre o que
se está lendo. Espera-se que o leitor fique curioso e decida conhecer melhor o
filósofo e suas idéias sobre o tema em reflexão no capítulo.
O
livro seria todo excelente, uma ótima introdução para quem está dando os
primeiros passos no assunto, não fossem por alguns pequenos detalhes. Não há,
por exemplo, nenhuma informação biográfica sobre o autor. Além disso, o volume
peca na revisão. Há erros bobos de digitação, como ¨engrançada¨ no lugar de
¨engraçada¨.
A
capa também não parece muito chamativa para um livro que se pretende
direcionado aos jovens.
Colocando
na balança, os pontos positivos pesam mais que os pontos negativos. Filosofia
para adolescentes pode ser uma boa introdução ao pensar ao mostrar que as a
reflexão filosófica pode ser usada em assuntos de interesse dos jovens.
Sem comentários:
Enviar um comentário