Quem se lembra da Plebe Rude?
Esse grupo de rock de Brasília marcou época fazendo músicas extremamente
críticas. Era uma época inocente, quando
achávamos que íamos mudar o mundo. Uma música poderia abalar os
alicerces do sistemas e ouvir Plebe Rude era um ato de subversão.
Tudo bem, não
mudamos o mundo, mas pelo menos tentamos.
Plebe Rude marcou época, mas
desapareceu. Não haveria lugar para um grupo inteligente na década de 90. Reproduzo
aqui a letra de uma música do final de carreira, uma experiência antropofágica
que misturava baião com rock. Como o cd não tinha encarte com a letra, tive de
tirar de cabeça. Então talvez haja alguns problemas, mas vale a lembrança...
“ Há vidas que por vontade eu
canto, há vidas que por maldade eu conto.
Por muitos lugares eu andei. Em
muitos lugares morei. Muitas vidas vi passar.
Por isso, meu amigo, preste
atenção. Uma coisa vou cantar.
A gente só dá valor à juventude
quando estamos na meia-idade.
só damos valor à natureza quando
moramos na cidade
A gente só dá valor às amizades
quando estamos na solidão.
Nós só damos valor à frieza
quando perdemos a razão.
Quem não dá valor ao que tem não
merece ter nada de valor.
Por muitos buracos passei. Muitos
demônios enfrentei.
Nesta vida ainda vou enfrentar.
Por isso meu amigo, me, preste
atenção. Uma coisa vou cantar.
A gente só dá valor às alegrias
quando sentimos tristeza.
Nós só damos valor ao dinheiro
quando estamos na dureza.
A gente só valor às máquinas
quando não funcionam mais.
Só damos valor à tranquilidade
quando não nos deixam em paz.
A gente só dá valor ao trabalho
quando estamos desempregados.
A gente só dá valor à religião
quando estamos desesperados.
A gente só dá valor à certeza
quando tanto fez, tanto faz.”
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