Na educação tradicional, o professor fala e o aluno ouve. |
A
pedagogia tradicional não é fruto das idéias de um filósofo ou pensador
específico, mas de uma prática que se estende ao longo dos séculos.
Esse paradigma da educação é
altamente influenciado pelo pensamento cartesiano e pela visão mecanicista e
determinada do mundo.
Para a pedagogia clássica, a criança
era uma tábula rasa na qual o professor imprimia as informações sobre o mundo.
Essas informações eram baseadas nas grandes realizações de gênios e pensadores
do passado, vistos como modelos a serem imitados.
Entre os seus princípios básicos
estão: a estrutura piramidal, o formalismo e a memorização, o esforço e a
competição e o respeito à autoridade.
A estrutura piramidal vem do
princípio cartesiano segundo o qual, para resolver um problema, é necessário
separá-lo em partes e resolve-las uma a uma, indo das mais simples às mais
complexas. Esse princípio reza que a criança é incapaz de apreender a
complexidade e, portanto, os conteúdos devem ser repassados em pequenos
fragmentos.
O formalismo e a memorização são uma
das bases dessa prática pedagógica. Uma vez que a pedagogia clássica acredita
que o aluno deve seguir um modelo, a memorização é o melhor caminho para
faze-lo. Para garantir que o aluno memorizou, o mestre toma a lição do aluno,
que deve responder repetindo com exatidão o que foi dito em sala de aula.
O esforço, para esse paradigma, é
necessário à educação. Para estimulá-lo, os alunos que conseguem seguir os
modelos recebem prêmios (medalhas, distinções, quadro de honra) e os que não
conseguem devem ser castigados. Ao aluno não é ensinado a cooperar, mas a
competir. As atividades são feitas individualmente (a maioria delas simples
reproduções do conteúdo repassado), e não em grupo.
O respeito à autoridade nos diz como
a pedagogia tradicional vê a atuação do professor. Ele é um depositário de
conhecimentos, uma autoridade, um modelo, que reflete os modelos do passado
glorioso da humanidade (os grandes filósofos, grandes cientistas).
A
escola é organizada na forma de uma pirâmide em que o aluno encontra-se sujeito
à autoridade do professor e este sujeito à autoridade do inspetor e este
sujeito à autoridade do diretor, em graus hierárquicos sucessivos típicos
daquilo que Marshall McLuhan chamou de Galáxia de Gutemberg, em que a
informação classificadora é mais importante que a informação relacional ou a
informação relevante.
A principal metodologia de ensino é
a aula expositiva e a demonstração do professor à classe, tomada como auditório
passivo. Ao aluno cabe apenas receber passivamente as informações transmitidas
pelo professor e repeti-las corretamente. Paulo Freire chamou essa pedagogia de
educação bancária, pois o professor “deposita”os conteúdos na cabeça dos
alunos.
A avaliação é uma forma de verificar
se o aluno reteve o conhecimento repassado pelo professor, e não uma
oportunidade de reelaborar o conhecimento. Se o aluno não conseguiu decorar o
que o professor passou, é punido com uma nota baixa (antigamente a punição
incluía até castigos físicos). Na sua versão mais difundida, a avaliação é
feita pontualmente, através de prova. Em
um único momento, o aluno é testado e seu desempenho no processo de
aprendizagem tem pouca importância na avaliação.
A sala de aula é vista como local
privilegiado de aprendizado e as experiências exteriores a ela são pouco
valorizadas.
Embora venha sendo criticada há mais
de um século, a pedagogia tradicional está presente em quase todas as salas de
aula. A maioria dos colégios e faculdades, apesar do discurso, ainda privilegia
a pedagogia tradicional. Os professores são estimulados a repassarem avaliações
tradicionais, o que facilita o processo burocrático interno. Além disso, a maioria
das instituições ainda vê a sala de aula como o único local possível de
aprendizagem, daí a exigência de cumprimentos de horários na sala, em
detrimento das possibilidades exteriores ao ambiente escolar (pesquisas,
passeios, participação em eventos). A palmatória se foi, mas a educação
tradicional ainda continua arraigada na prática escolar.
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