Story board do filme do Penumbra. |
Em 1991 a TV
Manchete realizou um concurso de curta-metragens. Os interessados enviavam o
roteiro de um filme e os melhores ganhavam uma câmera para produzirem seus
curtas.
Óbvio que
quem criou o concurso não imaginou que alguém pudesse apresentar a proposta de
um vídeo com super-herói, mas o Bené se empolgou assim mesmo. Já tinha até mesmo a ideia de como seria: o
nosso herói Penumbra salvando reféns dentro de um ônibus. Veio e me contou toda
a ideia, do desenvolvimento da trama até o momento apoteótico em que o Puritano
entrava no ônibus quebrando a janela traseira e derrotava os malfeitores.
Eu tinha
minhas objeções:
- Mas, Bené,
onde é que vamos arranjar um ônibus para filmar isso?
- Compadre,
é fácil. A gente vai nas empresas de ônibus. Uma delas vai acabar nos
emprestando o ônibus em troca de aparecer como patrocinador.
Eu ainda
continuava com dúvidas:
- Tem
certeza de que algum dono de empresa vai nos deixar quebrar o ônibus para
fazermos esse filme?
- Vai ser só
a janela de trás.
- Ah tá...
não, espera! Essas janelas são caríssimas!
Mesmo assim
Bené conseguiu me convencer a escrever o roteiro. Aliás, ao invés de fazer o
roteiro, pulamos direto para o story board! Passamos semanas nisso, discutindo
a história, criando as sequências, eu bolando os diálogos.
Ganhamos o
prêmio? Nada. Na verdade, nem mandamos. Nesse meio tempo o Bené já não estava
tão certo de que um filme de super-heróis seria bem aceito pelos críticos de
cinema que iriam julgar os roteiros... e ainda havia a dificuldade de achar um
empresário bom samaritano disposto a nos dar um ônibus para destruir durante as
filmagens...
No final, acabou
ficando só o story board mesmo.
O curioso é
que, lendo o roteiro, percebo a forma como contornamos o problema do ônibus. Substituímos
ele por algo mais fácil de achar em Belém: uma catedral gótica!
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