Publicado no jornal A Gazeta, entre 1937 e 1939, Garra Cinzeta é um dos personagens mais clássicos e interessantes do quadrinho nacional. Com roteiros de Francisco Armond e desenhos de Renato Silva, a história mostrava um vilão que apavora a Nova York da década de 1930 com uma série de crimes. Inteligente, capaz de mil disfarces e dono de vários atributos científicos, entre eles Televisões de monitoramento, o Garra desdenha da polícia da cidade enviando cartões com uma garra informando os crimes que irá cometer.
Os heróis são dois inspetores de polícia, Higgins e Miller, que apesar de tentarem de tudo, nunca conseguiam pegá-lo. Sempre que conseguiam uma testemunha que poderia incriminá-lo, ela era morta.
Além dos capangas comuns, O Garra Cinzenta contava com um gorila com o cérebro transplantado de um cientista, uma antiga secretária, que após sofrer lavagem cerebral se torna a femme fatale a Dama de Negro e um robô construído pelo próprio Garra, chamado Flag.
A narrativa era fortemente influenciada pelo gênero policial noir e principalmente pelos pulp fictions. O escritor Francisco Armond imitava perfeitamente o estilo de tiras famosas da época, como O Fantasma e Agente Secreto X-9 e os desenhos de Renato Silva destacavam o ar sombrio das histórias.
Uma curiosidade é que a produção das HQs envolve também um mistério: ninguém sabe quem foi Francisco Armond. Especula-se que seja pseudônimo de algum escritor ou jornalista da época. O quadrinista Gedeone Malagola afirmava que Armond na verdade era a jornalista Helena Ferraz de Abreu, mas o filho da mesma nega. O desenhista Renato Silva morreu antes que o ressurgimento do interesse pelo personagem levasse alguém a perguntar-lhe quem escrevia as histórias. Enfim, a identidade do roteirista parece mais um dos mistérios do Garra Cinzeta.
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