quinta-feira, maio 28, 2020

O fascínio da ficção científica


                Se há um gênero capaz de arrebatar multidões e criar legiões de fãs, esse gênero é a ficção científica. Algumas das maiores bilheterias de todos os tempos são filmes de ficção científica: ET, o Extraterrestre, 2001, uma Odisséia no Espaço, Matrix, Guerra nas Estrelas. Além disso, há os ruidosos fãs de Jornada nas Estrelas, Arquivo X e Perry Rhodan, que nos levam a perguntar: o que a ficção científica tem de tão fascinante?
                Creio que a resposta pode estar em duas palavrinhas básicas da cibernética: informação e redundância. O ser humano busca a informação, a novidade, a originalidade... e foge da redundância, da chatice, da mesmice.
                Prova disso é o processo de hipnose. Ela é um transe provocado pela mente como uma forma de defesa contra um estímulo altamente redundante.
                O hipnotizador repete à exaustão as mesmas palavras, sempre num tom de voz monótono. A mente se nega a continuar a receber o estímulo e simplesmente desliga.
                Nós fazemos isso no nosso dia-a-dia. Quando alguém tenta nos contar algo que para nós é redundante, cortamos logo: “Ei, isso eu já sei!”. Por outro lado, sempre procuramos novidades. Essa busca de novidade é a mãe da fofoca e de seu irmão nobre, o jornalismo.
                A ficção científica nos fascina por apresentar um estímulo altamente informativo. Através dela, temos contato com uma realidade completamente diferente da nossa: roupas inteligentes, carros que voam, viagens espaciais...
                Tudo na ficção científica é informativo, dos equipamentos sofisticados aos hábitos das pessoas. Lembro de uma história da série de livros Perry Rhodan em que os humanos encontram seres que vivem em um planeta alagado. Eles haviam desenvolvido lábios inferiores salientes para coletar cogumelos e usavam saias de madeira que lhes permitiam ir aos locais mais fundos sem afundar.
                Mas nem todo mundo tem a mesma abertura para a novidade. Pessoas de baixo repertório (ou seja, de menor nível cultural) preferem programas, livros e filmes redundantes. O mundo completamente diferente da ficção científica as assusta. Quantas vezes não vemos indivíduos que são absolutamente incapazes de compreender um filme de ficção científica? É informação demais para eles. Não é à toa que algumas pessoas até hoje se recusem a acreditar que o homem chegou à Lua.
                Se formos procurar os fãs de ficção científica, vamos encontrá-los entre os jovens (é notória a abertura para tudo que é novo dessa idade) e entre as pessoas de maior repertório: são elas que têm maior necessidade de informação e a encontram nas viagens espaciais de Jornada nas Estrelas ou nos enigmas insolúveis de Arquivo X.

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