terça-feira, agosto 11, 2020

Simbad na Marvel?



Em 1984, eu tinha 13 anos e dinheiro apenas para comprar uma única revista – Superaventuras Marvel, a que eu colecionava. Comprar qualquer outra publicação, só se fosse em sebos, ou encalhadas em bancas. Funcionava assim: você percebia que determinada revista que você queria não tinha sido recolhida e ficava monitorando, esperando que a inflação corroesse seu valor e torcendo para que ninguém mais tivesse a mesma ideia.
Foi assim que eu comprei a Heróis da TV 66. A revista tinha trabalhos de alguns craques da Marvel, como John Buscema e Gerry Conway no Thor, e David Michelin e John Romita Jr no Homem de Ferro.
O desenhista filipino conseguia mostrar toda a magia das mil e uma noites.

Mas o que me chamou realmente a atenção foi uma história de Simbad. O que estaria fazendo Simbad numa revista Marvel? Seria o mesmo Simbad dos filmes da sessão da tarde? Ainda por cima a história era escrita pelo desconhecido John warner e ilustrada pelo ainda mais desconhecido Sonny trindad. Mas quando fui ler, descobri que era a melhor história do gibi. Não tanto pelo roteiro, cheio de falhas. Warner parecia não dominar o ritmo da história e e alguns momentos usava textos enormes para narrar vários fatos, pulando sequências inteiras. Para piorar, a pessoa responsável pelo balonamento tinha trocado dois desses textos de lugar, de modo que a sequência pulava de Simbad iniciando uma viagem para outra em que sua esposa, Princesa Parisa, entrava numa lâmpada mágica e conversava com um gênio.
Os textos foram trocados de lugar. 

O que de fato me espantou na história foi o desenho do filipino Sonny Trindad. Na época eu nem sabia que filipinos desenhavam para a Marvel. Mas era nítido demais que aquele traço não era de um americano. E era um traço lindo. Trindad desenhava mulheres como ninguém, conseguia repassar toda a ideia de luxo e misticismo que imaginamos nas histórias de mil e uma noites. Até mesmo os textos imensos e maçantes eram emoldurados por belíssimas ilustrações detalhadas.
Essa história foi publicada em Marvel Spotlight 25, de 1975. Infeizmente a capa não era de Trindad.

Sem comentários: