quarta-feira, novembro 11, 2020

O assassino profissional

 


Estava decidido. Iam matar o candidato à presidência.
- Precisamos contratar alguém. Alguém que seja realmente competente. Precisa matar bem matado.
- Tem o Adelton.
- Adelton... Adelton... não foi esse que nossa organização contratou para matar o Niemeyer em 1950?
- Esse mesmo. O cara é bom!
- O Niemeyer morreu em 2012! Com 104 anos! De causas naturais!
- Mas morreu, não morreu? E quem disse que foi de causas naturais?
- Nós também contratamos o Adelton para matar o Mick Jagger.
- Isso mesmo. Serviço bem feito.
- O Mick Jagger está vivo até hoje e pelo jeito vai passar dos 100 anos!
- É, nessa o Adelton falhou. Mas ninguém é perfeito. Além disso, ele está em promoção!
No final, acabou sendo o Adelton mesmo pela simples razão de que ele era o melhor assassino de aluguel que eles conheciam.
Adelton foi contratado e recebeu uma arma.
- Quando ele estiver sozinho fazendo cooper na praia, você atira e ponto. Fácil, não?
Não, não era fácil. Adelton foi levado para uma fazenda para melhorar sua pontaria. Deu dois tiros, um em cada pé. No terceiro conseguiu acertar a própria arma.
Desistiram do revólver. O jeito ia ser usar uma faca. Treinando com ela, Adelton se cortou dez vezes. Numa das vezes, em que cortava cebola para a comida, fez um corte tão profundo na própria perna que teve que ser levado para o hospital.
- Bem, pelo menos sabemos que ele é mortal com uma faca. – comentou uma das pessoas que o haviam contratado.
- Só espero que ele não se mate antes de executar o serviço.
No dia do atentando, estava tudo certo. Adelton ia esperar o candidato no banheiro de uma churrascaria. Ia esfaqueá-lo e fugir pela janela do banheiro.
- Adelton, você entendeu o plano? É só ficar escondido aqui, esfaquear o homem e fugir pela janela. Entendeu?
- Entendi.
Mas não tinha entendido nada. Era para ficar parado ou para ficar andando? Era para esfaquear ou para esmurrar? E, afinal, como era mesmo o rosto da pessoa que ele devia esfaquear? Ele simplesmente não lembrava.
Resolveu sair do restaurante e ir para a rua, na tentativa de encontrar alguém que lhe explicasse de novo o plano. Nisso viu uma aglomerado de pessoas. Gritavam, davam vivas e carregavam alguém. Adelton se aproximou, achando que fosse algum jogador de futebol. Se fosse, ia pedir um autógrafo. Na hora se empolgou e resolveu ajudar a carregar o homem. Só esqueceu de guardar a faca. 
O homem foi esfaqueado. Nada grave, mas foi o suficiente para mobilizar a opinião pública. O candidato, que antes era um azarão, se tornou o líderes das pesquisas e acabou ganhando a eleição. Adelton não só não matara o homem, como ainda o elegera. 
Mas isso não era o pior. O pior de tudo é que ele esfaqueara o candidato errado.

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